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F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Serviço Social - 5. Serviço Social da Saúde
INCIDÊNCIA DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA (LTA) NA MICRORREGIÃO VALE DO TAPAJÓS E SUA INFLUÊNCIA SOCIAL
Jose Carlos Antunes de Oliveira 1 (jcaosdn@ig.com.br), Jose William Antunes de Oliveira 1, José Wilson Antunes de Oliveira 3, Alexander Stein de Luca 1, Marlon Cristian Barella 2, Erica Souza Rossi 2, Franciele Bilibio 2 e Fernanda Forti Almeida 2
(1. Depto. de Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, Alta Floresta/MT.; 2. Depto. de Agronomia, UNEMAT; 3. Centro Profissionalisante Técnico - CEPROTEC. Alta Floresta-MT)
INTRODUÇÃO:
Sendo uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Leishmania que acomete a pele e mucosas, a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), também conhecida como ferida brava, úlcera de Bauru, Leish, Nazir de Tapir e outros, é fundamentalmente uma zoonose de animais silvestres que encontra-se entre as seis doenças infecto-parasitárias de maior importância. A LTA tem como reservatórios primários animais silvestres e geralmente atinge o homem ao entrar em contato com os focos zoonóticos, onde o homem é picado pelo mosquito Flebótomo e após a picada o protozoário penetra em algumas células do corpo e aí se multiplica, atingindo novas células aparecendo após dois ou três meses uma pequena ferida que vai aumentando de tamanho formando uma úlcera que é a lesão mais comum na doença. Por estar relacionado à animais silvestres, o maior número de acometidos é de adultos jovens, geralmente entre 20 e 34 anos que desempenham atividades de risco em garimpos, desmatamentos e atividades extrativistas, atividades estas muito presentes na Microrregião Vale do Tapajós localizada no extremo norte Mato-grossense. Daí a importância em se verificar a ocorrência do agravo citado nessa região, bem como o total de casos diagnosticados e laboratorialmente comprovados nos municípios que compõem essa microrregião (Alta Floresta, Nova Canaã do Norte, Carlinda, Paranaíta, Nova Monte Verde e Nova Bandeirantes) no período de 2001 a 2004.
METODOLOGIA:
Para a concretização desta pesquisa científica realizou-se a coleta de dados junto ao Escritório Regional de Saúde, pólo de Alta Floresta e análise minuciosa de dados referente às notificações de LTA ocorridas na Microrregião Vale do Tapajós (extremo norte Mato-grossense). Tal análise foi possibilitada através da utilização dos programas de informática tanto específicos da área de saúde (SINAN e SINANW), desenvolvidos pelo Ministério da Saúde, quanto outros que auxiliam na formulação e formatação de tabelas e dados, como o Excel.
RESULTADOS:
Na analise dos dados recolhidos obteve-se os seguintes resultados: Nos últimos quatro anos, de 2001 à 2004, o numero de casos de LTA dos municípios da microrregião Vale do Tapajós tem variado bastante. Em 2001 foram registrados 234 casos. Em 2002 o numero de casos passou para 327. Já a partir de 2003 o número de casos começou a decair sendo registrado 289 casos. Em 2004 os casos registrados chegaram a 277, é uma queda tímida considerando o numero de casos de LTA, na microrregião, mas já mostra os resultados dos trabalhos de controle da doença feita pelos órgãos de saúde responsáveis. Segundo as pesquisas realizadas a doença tem se manifestado nas mais diversas faixas etárias. No entanto, tem o maior numero de incidência na faixa etária que vai dos 20 aos 34 anos de idade. Isso ocorre não só pela falta de informação sobre a LTA, mas porque muitas das pessoas acometidas da doença estão morando ou trabalhando em contato, quase que direto com novas áreas de colonização. Onde se encontram presentes muitos animais silvestres, roedores, cães, eqüinos e muares, que servem de hospedeiro primário para o parasito da LTA.
CONCLUSÕES:
Como pode ser percebido as pessoas da microrregião Vale do Tapajós não tem muito conhecimento no que diz respeito a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA). Por isso muitas delas, em especial as que trabalham mais diretamente com as novas áreas de colonização, que na maioria são os jovens e adultos entre 20 e 34 anos, tratam as feridas que surgem como simples feridas, e quando vão procurar os serviços médicos muitas vezes a doença já está em estado avançado. Para se tentar erradicar ou ter um controle melhor do avanço da LTA na microrregião é preciso se fazer uma serie de estudos como: entomológicos para se definir as espécies vetoras e seu grau de antropofilia e exofilia; estudos parasitológicos para se conhecer a espécie do agente etiológico circulante no foco; estudos ecológicos para a determinação dos reservatórios animais envolvidos; e principalmente o desenvolvimento de uma campanha esclarecendo as pessoas da microrregião o que é e como fazer para prevenir e tratar a LTA. O que pode ajudar no diagnóstico precoce e no tratamento adequado das pessoas com LTA e até no combate aos flebótomos responsável mais diretamente pela transmissão do parasito da LTA ao homem.
Palavras-chave:  Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA); Zoonose; Infecto-parasitária.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005