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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem | ||
CURSO DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM: A VISÃO DE DOCENTES EM FORMAÇÃO. | ||
Luiz Lacerda Sousa Cruz 1, 2, 3, 4 (luizlacerda@hotmail.com), Maria Celsa Franco 2, 3, Clara de Assis Rodrigues Araújo 2, 3, Francisca Gomes Montesuma 2, 3, Francisca Heronildes Patrício Caetano 2, 3, Maria Siqueira de Souza 2, 3, Jackeline Alexandrino Cavalcante 3, Modesta Maria de Moura Simões 2, 3 e Euclea Gomes Vale 2, 4 | ||
(1. Hospital Universitário Walter Cantídio, Fac. Medicina - UFC; 2. Depto. de Enfermagem, Fac. de Enfermagem - UECE; 3. PROFAE/MS - UECE; 4. Depto. de Enfermagem, Fac. Católica Rainha do Sertão - FCRS) | ||
INTRODUÇÃO:
O Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem (PROFAE) requisita um quadro de docentes com sólida formação pedagógica. A efetivação desta premissa educacional ocorre atualmente em todo o Brasil via o Curso de Formação Pedagógica em Educação Profissional na Área de Saúde/Enfermagem, fruto da parceria estabelecida entre PROFAE, Ministério da Saúde e FIOCRUZ. O estudo da visão do enfermeiro-docente sobre a própria formação partiu da curiosidade de verificar se esse curso de formação estava atingindo o objetivo de conduzir o corpo de professores à prática docente crítica, pautada em paradigmas filosóficos, científicos e políticos. Em busca desse objetivo, o conteúdo do curso foi estruturado em três núcleos: os dois primeiros núcleos (contextual e estrutural) oferecem bases teóricas e práticas de Educação e Pedagogia para a ação docente de nível técnico e o último (integrador) oferece temas voltados para a investigação, o planejamento e a vivência docente. Em 2002 o MS ainda admitia que, por ser incipiente ou praticamente nula nos seus contornos gerais, a formação didático-pedagógica de docentes e de profissionais de nível superior, no campo da enfermagem, era um dos fatores que concorriam para impedir o sucesso dos cursos de profissionalização e formação técnica na área. No estudo ora apresentado coube também confrontar essa assertiva com a visão que o enfermeiro-docente tem dos conteúdos e da forma de execução do referido curso. |
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METODOLOGIA:
O estudo configura-se em uma análise qualitativa dos conteúdos e aspectos pedagógicos/administrativos desse curso voltado para a formação pedagógica do enfermeiro-docente. O instrumento utilizado para a coleta dos dados foi um questionário de quatro perguntas abertas, duas sobre os conteúdos e duas sobre os aspectos pedagógicos e administrativos. Os dados que possibilitaram essa avaliação foram coletados em três encontros ocorridos após a conclusão de cada núcleo do curso. No primeiro encontro o questionário foi respondido por 65% dos alunos matriculados (N=260), no segundo por 40% (N=215), no terceiro por 36% do total de 204 alunos que continuavam matriculados. Os questionários foram aplicados de modo padronizado por tutores do Núcleo de Apoio Docente (NAD). Todos os respondentes aceitaram livremente participar da avaliação e emitiram respostas sabendo que não seria necessário identificar-se. Na análise qualitativa dos dados foi utilizada a técnica de impregnação, com base em Minayo (1992) e Schraiber (1995), que consiste em tomar contato exaustivo com o material deixando-se impregnar pelo seu conteúdo, tanto na leitura vertical de cada resposta quanto na leitura horizontal de seu conjunto. Com base nas fundamentações do Ministério da Saúde (2002; 2003) sobre o Curso de Formação Pedagógica em Educação Profissional: Enfermagem, as categorias contempladas na análise do estudo foram, conteúdo fornecido/estudado, acompanhamento do tutor e atendimento do NAD. |
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RESULTADOS:
Os sujeitos da pesquisa tomaram os conteúdos dos dois primeiros módulos do núcleo contextual como muito filosóficos, extensos, cansativos e de linguagem complicada. Além da dificuldade de interpretar textos, construir um diário de estudo e compreender as propostas de avaliação, revelaram sentir ansiedade, insegurança e apreensão no início do curso. Essas dificuldades foram tomadas como desafio para o aprimoramento teórico-prático no campo de atuação. Embora complexa e, por vezes cansativa, a leitura foi se tornando interessante e de fundamental importância para suas vidas e práticas profissionais. Ao longo do curso eles perceberam a organização e integração entre os conteúdos de todos os módulos e referiram mudanças na aprendizagem, em suas práticas pedagógicas e em suas relações com os alunos dos cursos que ministram no PROFAE. Os sujeitos do estudo associaram a mudança de concepção sobre avaliação e metodologia de ensino na Saúde ao conteúdo estudado e à ação dos tutores e do NAD. A ação dos tutores foi apresentada como competente e flexível nas tomadas de decisões conjuntas (tutor e enfermeiro-docente), a despeito das estratégias de avaliação. Os sujeitos reconheceram a organização, a competência e o desempenho do NAD em prol do planejamento participativo de ações. Algumas queixas recaíram sobre a devolutiva do material avaliado, o repasse de trabalhos aos tutores pelo NAD, à comunicação prévia ao aluno da mudança de tutor e à realização de provas em apenas um turno. |
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CONCLUSÕES:
A pesquisa revelou que os sentimentos de ansiedade, insegurança e apreensão dos sujeitos do estudo estavam associados ao parco hábito de leitura, ao costume com a leitura de textos pragmáticos e à jornada tripla de trabalho. O reconhecimento da relevância, profundidade, atualização e provocação reflexiva dos conteúdos dos módulos ocorreu por sujeitos que revelaram desejo de efetivar suas responsabilidades sociais. Todos reconheceram que ampliaram as capacidades de construir projeto político-pedagógico, tecer elaborações crítico-reflessivas e construir novos conhecimentos. O papel do facilitador foi associado ao fazer pedagógico consciente, não-autoritário, confiante e responsável. Conclui-se que, ao longo do curso, os enfermeiros-docentes construíram uma reflexão crítica sobre a prática docente, embora tenham passado por um processo de adaptação aos referenciais teóricos dos primeiros módulos. Tomaram tais conteúdos como de difícil compreensão, revelaram que realmente não tinham convivência com o tipo de abordagem contida nesses textos e que isto havia dificultado o aprendizado inicial. Revelaram, ainda, que tanto os conteúdos teóricos como as ações dos tutores e do NAD exerceram influências positivas no processo de ensino-aprendizagem, principalmente no que tange a superação da mentalidade pedagógica tradicional. Novos estudos poderão revelar se tal superação implicará em melhora da qualidade dos serviços de saúde no Brasil. |
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Instituição de fomento: Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão de Investimentos em Saúde, PROFAE | ||
Palavras-chave: Formação Pedagógica; Enfermeiro-docente; PROFAE. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |