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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 17. Planejamento e Avaliação Educacional | ||
RELAÇÕES UNIVERSIDADE-SOCIEDADE - UMA VISÃO DO SISTEMA ACAFE/SC | ||
Stela Maria Meneghel 1 (stmeneg@terra.com.br) e Rafael Bennertz 2 | ||
(1. Programa de Pós-Graduação em Educação, Centro de Ciências da Educação - FURB; 2. Depto.de Ciências Sociais e da Filosofia, Curso de Ciências Sociais - FURB) | ||
INTRODUÇÃO:
As relações Universidade–Sociedade (U-S), chamadas de extensão, têm ocupado nos últimos anos o foco de atenção das políticas para o setor, à medida que cada vez mais se evidencia, para além da produção e transmissão de conhecimento científico, a contribuição das instituições de educação superior (IES) para o desenvolvimento econômico, social e cultural do seu entorno (UNESCO, 2000). Este trabalho analisa a relação Universidade–Sociedade de uma amostra de instituições da Associação Catarinense de Fundações Educacionais – ACAFE, de Santa Catarina, que se caracterizam, consideradas as devidas especificidades, por seu estreito vínculo com a comunidade, manifesto desde as condições que possibilitaram a criação de seus cursos, até apoio financeiro. Sendo assim, partimos do pressuposto de que há forte relação entre as atividades promovidas por estas IES e o desenvolvimento socioeconômico da região onde se localizam. |
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METODOLOGIA:
A pesquisa teve início pelo contato direto com todas as instituições da ACAFE (quinze), pela apresentação de questionário com 30 questões abertas. As IES que efetivamente se dispuseram a participar (UNIVILLE, UDESC, UNESC, FURB, UNERJ, UNOCHAPECÓ, UNIFEBE) responderam as questões até novembro/2004 e enviaram material complementar sobre suas atividades de extensão. Na análise, foram consideradas as condições em que atuam as IES (tempo e espaço histórico), sendo as respostas relacionadas com as demandas locais. A abordagem foi, portanto, qualitativa, de modo que os dados adquirem significado pela reflexão que suscitam sobre as formas e condições em que as IES promovem interação com seu entorno, e não pela freqüência (percentual) de respostas. A base teórica teve como referência Guimarães; Baibich-Faria (1995), que percebem basicamente três formas de articulação U-S: a) projetos de mão-única: a Universidade repassa conhecimento para a sociedade, sem provocar mudanças efetivas; b) projetos de justaposição: a Universidade considera os parceiros envolvidos, mas não consegue promover troca de experiências; c) projetos de articulação: ocorre efetiva integração entre U-S, ensino/pesquisa e realidade, gerando mudanças nas práticas de ensino e currículos; ambientes de trabalho no processo de formação; dinâmicas sociais e institucionais. Ou seja: há estreita relação entre produção de conhecimento e interação com a sociedade. |
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RESULTADOS:
Para a primeira categoria, políticas de extensão, notamos que apesar de haver estrutura organizacional para a extensão, esta em geral ainda permanece vinculada ao ensino e à pesquisa, indicando falta de ‘status’ ou de demanda de melhor aparato na IES para estes assuntos. Poucas IES têm um banco de dados acessível à comunidade sobre as atividades extensionistas, indicando pouca preocupação com acompanhar os projetos e divulgá-los à comunidade. Apesar de diversas IES possuírem políticas de extensão, apresentam tendência normativa, enfatizando regras de funcionamento, ao invés de reforçarem o foco e a identidade da relação U-S, ou seja, propositivas. Na categoria apoio às atividades extensão, no financiamento dos projetos predominam recursos das próprias IES por meio da concessão de bolsas acadêmicas e horas atividades aos servidores. Observa-se, ainda, que as formas de acompanhamento e avaliação, quando existem, são feitas por meio de relatórios docentes que não consideram os atores externos. Na terceira categoria, relações U-S, prevalecem projetos de atendimento à comunidade com propostas educativas, serviços de saúde básica e atividades de difusão/promoção cultural. Na quarta categoria, reflexos da extensão no plano acadêmico, nota-se que a extensão começa a figurar nos currículos básicos dos cursos, nos projetos político-pedagógicos dos centros e departamentos, consolidando-se como prática constituinte da atividade universitária. |
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CONCLUSÕES:
Apesar do perfil comunitário, as instituições da ACAFE, em sua relação com a sociedade, refletem as mesmas dificuldades que a literatura descreve para outros tipos de IES, como apoio institucional e orçamentário insuficientes, falta de política de extensão clara e de continuidade de projetos. O fato do conjunto das atividades de interação U-S estar concentrado em atendimento em saúde, oferta de cursos e assistência jurídica, além de promoção e divulgação cultural, indica persistência de uma concepção de extensão como assistência à comunidade e marketing institucional – o que Guimarães; Baibich-Faria (1995) chamam ‘projetos de mão-única’. Ainda são raros os projetos com financiamento externo e propostas de ação a longo prazo, que geram oportunidades de efetiva troca com a comunidade. Contudo, um indicativo merece destaque positivo: a extensão parece estar, em todas as IES estudadas, ampliando e conquistando espaço à medida que vem sendo incorporada aos currículos básicos dos cursos, contemplada em projetos político-pedagógicos dos centros e departamentos, e estudada em trabalhos de conclusão de curso. No entanto, não é possível mensurar o quanto isso consolida uma prática de extensão de ‘mão-dupla’, que permite transformações nas dinâmicas comunitárias e acadêmicas, propiciando maior interação entre produção e apropriação de conhecimento. |
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Instituição de fomento: PIBIC/CNPq | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: extensão; relação Universidade-Sociedade; política institucional. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |