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F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Planejamento Urbano e Regional - 4. Planejamento Urbano e Regional | ||
AS PERSPECTIVAS DE INCLUSÃO SOCIAL DO CREDIAMIGO: EM FOCO O ACESSO À CULTURA, AO LAZER E À INFORMAÇÃO. | ||
Liduina Farias Almeida da Costa 1 (liduinafarias@terra.com.br), Ana Raquel Sales Gonçalves 1, Flávia Karlene Batista Cordeiro 1, Lidiene Silveira Marinho 1, Isabel Cristina Alencar 1, Ester Fausta dos Santos Freire 1 e Renata Cristian Farias Torres 1 | ||
(1. Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Estadual do Ceará - UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
A exemplo de experiências ocorridas internacionalmente, o Brasil foi um dos primeiros países a realizar programas de microcréditos, programas esses que visam conceder créditos para atividades informais urbanas. Em 1996, no contexto de inexistência de uma política de desenvolvimento para a região Nordeste e em face de inúmeras críticas à persistência dos índices de pobreza da região, o Banco do Nordeste (BN) inicia o programa CrediAmigo, fazendo parte da chamada proposta de desenvolvimento sustentável e do Plano Plurianual do Governo Federal (Avança Brasil), do governo de Fernando Henrique Cardoso. O Programa tem continuidade no governo atual, sendo considerado o maior programa de microcrédito do país e o único de atendimento direto implementado por banco estatal. O CrediAmigo é amparado pela Lei 10.194/01, da Resolução 287/ 01 do Conselho Monetário Nacional que impulsiona a participação da iniciativa privada no setor a partir da criação das Sociedades de Crédito ao Microempreendedor. Nessa perspectiva, a proposta que ora se apresenta tem como objetivo analisar o Programa CrediAmigo no contexto das políticas de desenvolvimento sustentável realizadas no Nordeste, enfocando a relação trabalho, lazer, cultura e informação dos clientes do CrediAmigo como forma de inclusão social. |
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METODOLOGIA:
Realizou-se pesquisa bibliográfica destacando-se: ARAÚJO (1997), KOGA (2002), ROUNICK (2002), CARVALHO (2001) e DEMO (2002); pesquisa documental de fontes oficiais do Banco do Nordeste; Banco do Brasil; SEBRAE; Conselho da Comunidade Solidária e o Programa Fome Zero, além de sites relacionados ao tema; pesquisa empírica no Banco do Nordeste, em Fortaleza, na Agência Metro Montese, pioneira na implantação do Programa de Microcrédito no referido Banco. A agência abrange cerca de dez bairros dos mais pobres da cidade, com grande densidade demográfica e significativa concentração de atividades informais. A amostra foi constituída de 10% do total de clientes dessa agência - pequenos e médios empreendedores encontrados em sua maioria no mercado informal com mais de um ano nessa atividade - desde o início do programa de 1996 até dezembro de 2002 com empréstimos considerados de baixa renda. Os instrumentos de coleta de informação foram: pesquisa documental, observação em profundidade e entrevista semi-estruturada. |
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RESULTADOS:
De acordo com a pesquisa realizada, constatou-se quanto ao acesso à informação que 64% dos clientes do CrediAmigo utilizam a televisão, 27% o rádio, 7% o jornal e apenas 2% não responderam. A partir desses números verifica-se que a televisão e o rádio são os veículos de informação de maior acesso, já que possibilitam obtê-las enquanto trabalham, já os outros meios exigiriam maior disponibilidade de tempo. Quanto à cultura e lazer, foi constatado que 3% dos entrevistados costumam ir às festas, 13% ao cinema, 30% tem outros tipos de lazer, 25% afirmaram não ter nenhum tipo e 29% não responderam. Faz-se importante destacar, de acordo com os depoimentos dos entrevistados, que um número considerável afirma não ter nenhum tipo de divertimento devido à falta de tempo; segundo eles, vivem para trabalhar, ou têm no trabalho sua única forma de lazer. Para os que afirmam ter outros tipos de divertimento, é importante destacar que estes se resumem a visitas ocasionais à casa de familiares, passeios à churrascarias e praias, e ainda, atividades religiosas. |
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CONCLUSÕES:
O aumento do desemprego e da pobreza conduz os trabalhadores a desenvolverem novas alternativas de sobrevivência como o microcrédito. Na busca de ampliar seus negócios, garantir o orçamento doméstico e o pagamento do crédito, esses trabalhadores passam a ter uma vida dedicada, por vezes, inteiramente, as atividades que desenvolvem, havendo pouco ou nenhum tempo para o lazer e até mesmo para o descanso. Nessa vida regrada, a que estão submetidos, o acesso à cultura e a informação manifesta-se de forma restrita, já que para eles o trabalho será sempre prioridade. Dessa forma, verifica-se que na busca pela sobrevivência, os trabalhadores incorporam uma ideologia dominante que os colocam como microempreendedores, ou ainda, senhores de seus próprios negócios, acreditam poderem autoregular ou autodisciplinar seu trabalho, mas na verdade o que se constata na prática é uma sujeição da vida individual, familiar e social desses cidadãos. |
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Instituição de fomento: CNPq | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Microcrédito; Crediamigo; Inclusão Social. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |