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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física | ||
ANÁLISE GEOAMBIENTAL COMO SUBSÍDIO AO ESTUDO DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO TERRITÓRIO DO SERTÃO CENTRAL - CEARÁ | ||
João Ricardo Nepomuceno Sousa 1 (rceno@bol.com.br), Érika Gomes Brito 2, Marcus Vinícius Chagas da Silva 2 e Vládia Pinto Vidal de Oliveira 3 | ||
(1. Depto.de Geologia, Universidade Federal do Ceará /UFC; 2. Mestr. Acadêmico em Geografia, Universidade Estadual do Ceará/UECE; 3. Depto.de Geografia, Universidade Federal do Ceará/UFC) | ||
INTRODUÇÃO:
A partir do convênio entre o Grupo de Política da Terra do DFID - Londres, em colaboração com pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (CETRA), tem sido realizado vários estudos para uma melhor análise da estrutura fundiária do Ceará. Esta pesquisa foi realizada, sobretudo no território do Sertão Central, com o objetivo de constituir um Pré-Diagnóstico das relações que se processam entre estrutura fundiária e desenvolvimento rural. Dessa forma, fez-se necessário num primeiro momento, o reconhecimento das condições geoambientais e das principais formas de uso e ocupação da terra. Nesta pesquisa, procurou-se fazer uma caracterização ambiental integrada, a partir do estabelecimento de unidades geoambientais como síntese da paisagem. |
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METODOLOGIA:
Para a realização dessa pesquisa, três etapas foram essenciais. A primeira etapa constituiu no levantamento de dados e informações sobre os recursos naturais e formas de uso da terra, através de revisão de literatura e de geocartografia da área de estudo. Na segunda etapa, tratou-se da análise dos produtos de cartografia digital (mapas básicos) dos onze (11) municípios que abragem a área do Sertão Central (Canindé, Caridade, Boa Viagem, Paramoti, Itatira, Madalena, Choró, Ibaretama, Banabuiú, Quixadá e Quixeramobim) e do sensoriamento remoto, tais como imagem de satélite Landsat 7 ETM Plus, bandas 3, 4 e 5, na escala de 1: 250.000, e cartas-imagem de radar (IBGE, 1981), na escala de 1: 250.000 (Quixadá e Quixeramobim), tendo a produção de um overlay com a identificação e delimitação das unidades geoambientais, enfatizando as potencialidade e limitações, bem como as intervenções de uso e ocupação. Em terceira etapa, o overlay foi digitalizado em software AutoCAD Map 2000, seguindo da agregação e integração das unidades geoambientais, representadas em mapa através do uso de um sistema de informação geográfica (SIG), disposto no software ArcView 3.2, atribuindo as informações em um banco de dados. |
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RESULTADOS:
Essa pesquisa resultou na delimitação e caracterização de 9 (nove) unidades geoambientais: (1) Sertão Ocidental de Canindé; (2) Sertão Oriental de Canindé/Caridade e Paramoti; (3) Sertão de Madalena/Boa Viagem e Itatira; (4) Sertão de Choró/Norte de Quixadá/Sudoeste de Ibaretama; (5) Sertão Norte de Ibaretama; (6) Sertão de Quixadá/Banabuiú e Quixeramobim; (7) Maciços Residuais; (8) Cristas residuais e Inselbergs; e ainda, (9) Planícies e Terraços Fluviais. Essas unidades se encontram representadas no mapa “Uso e Ocupação das Unidades Geoambientais dos Sertões Centrais do Estado do Ceará”, gerado na escala de 1: 250.000, sintetizando os componentes naturais (aspectos geológicos e geomorfológicos, condições hidroclimáticas, aspectos pedológicos, cobertura vegetal e uso da terra), e evidenciam as formas de uso e ocupação da terra e o estado de degradação dos recursos naturais. As unidades geoambientais do Sertão Central apresentam diferentes níveis de degradação ambiental, porém quatro unidades (2,4,6 e 9) evidencia-se como as mais degradadas e com comprometimento de capacidade produtiva . |
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CONCLUSÕES:
A ocupação manifestada pela agropecuária evidencia uma degradação generalizada dos recursos dos solos, como truncamento dos perfis, diminuição da fertilidade natural, diminuição da biodiversidade (flora e fauna), e conseqüentemente diminuição das áreas de pastagem. O extrativismo é bastante comum no Sertão Central, sobretudo o vegetal para a produção de lenha e carvão vegetal. Entretanto, destaca-se também o extrativismo mineral, com retirada de areia nos aluviões dos principais rios da região. Apesar das limitações climáticas do semi-árido, os solos são variados, constituindo verdadeiro mosaico, onde a fertilidade natural apresenta níveis que variam desde baixa, média a alta, embora os dois primeiros níveis sejam predominantes. Desse modo, o uso apropriado dos solos é possível, desde que as normas conservacionistas sejam levadas em consideração, podendo se destacar entre outras práticas o cultivo de sequeiro e de pequenos projetos de irrigação. Dentro dessa perspectiva, ressalta a necessidade de um planejamento adequado da reforma fundiária, uma vez que os minifúndios são a maioria e têm contribuído para a degradação das terras, através do cultivo intensivo em pequena área disponível, além da falta de orientação técnica quanto ao uso, sem levar em consideração as condições edafoclimáticas. Já os latifúndios, apesar da disponibilidade de uma vasta área, usa-se pouca alternativa de uso, tendo praticamente o uso concentrado na pastagem extensiva, ou ainda não têm nenhuma utilização de suas terras. |
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Instituição de fomento: Grupo de Política da Terra do DFID - Londres; Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (CETRA); Universidade Federal do Ceará (UFC | ||
Palavras-chave: Análise Geoambiental; Sertão Central; Estrutura Fundiária. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |