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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 8. Educação Matemática | ||
A CONTRIBUIÇÃO DAS CONCEPÇÕES PRÉVIAS NO ENSINO DE MATEMÁTICA | ||
Antônio José Barboza dos Santos 1, 2, 3 (tony@piernet.com.br), José Ramos da Silva 1, José Roberta de Lima Miranda 1 e Nilson Antônio Ribeiro Bernardo 1 | ||
(1. Centro de Ensino Experimental Ginásio Pernambucano- CEEGP; 2. Faculdade de Ciências de Timbaúba - FACET; 3. Faculdade de Educação Supeior de Tmbaúba - FAEST) | ||
INTRODUÇÃO:
Uma prática pedagógica onde alunos e professores assumem as posturas de receptores e transmissores, resulta numa “educação bancária” proporcionando um ensino conteudista e fragmentado acarretando sérios entraves no sentido de impedir o desenvolvimento do raciocínio lógico do aluno, o qual se comporta de forma passiva, sendo obrigado a muitas vezes aprender a resolver os problemas da única forma que lhe é apresentado, contribuindo para o ensino de matemática cada vez mais excludente e seletivo. Esta postura precisa ser repensada, cabendo ao professor proporcionar situações de aprendizagem que favoreça a construção dos conceitos matemáticos levando em consideração as concepções prévias dos alunos para que através de uma ação mediadora o conhecimento possa ser construído. Em uma proposta de construção de conceitos, a resolução de problemas em sala de aula proporciona a ativação dos conhecimentos prévios dos alunos. POZO (1998: 87) define conhecimentos prévios como “todos aqueles conhecimentos (corretos ou incorretos) que cada sujeito possui e que adquire ao longo de sua vida na interação com o mundo que o cerca e com a escola”. Neste trabalho investigamos as concepções prévias dos alunos sobre alguns conceitos matemáticos tais como: fração, proporção, equação, números decimais; e a partir destes conceitos usá-los como instrumento facilitador do processo de ensino e aprendizagem, explorando as estratégias que os alunos desenvolveram na resolução de problemas envolvendo porcentagem. |
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METODOLOGIA:
Este trabalho foi desenvolvido com os 320 alunos da primeira série do ensino médio do Centro de Ensino Experimental Ginásio Pernambucano – CEEGP, Recife-PE. A pesquisa foi realizada em dois momentos. No primeiro momento foi aplicado um pré-teste constituído 10 (dez) problemas, abordando os conteúdos referentes alguns descritores da oitava série, com o objetivo de identificar principalmente as estratégias utilizadas pelos alunos na resolução dos problemas, explorando seu raciocínio lógico. Para este trabalho de pesquisa foi levado em consideração apenas, a questão que se refere ao conteúdo de porcentagem, pois a maioria dos alunos apresentaram dificuldades com este assunto ou nem se quer tenha estudado nas séries do ensino fundamental. Do universo estatístico pesquisado foi escolhida uma amostra de 40 alunos que constituiu uma única turma para ser realizado um estudo mais detalhado. No segundo momento, os alunos dispostos em grupo receberam a questão e usaram diferentes representações mentais para sua resolução. Após a resolução os grupos socializam as respostas constantes em seus relatórios. Durante a realização da atividade o professor assumiu uma postura de mediador sistematizando os resultados obtidos após apresentação de cada grupo. |
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RESULTADOS:
Os resultados obtidos no pré-teste referente a questão que envolvia porcentagem, onde os alunos deveria calcular o novo salário resultante de um reajuste salarial de 18%. Mostra que apenas 35% dos alunos apresentaram uma solução, utilizando diversos procedimentos: regra de três, a idéia de fração centesimal, realizando multiplicação e decomposição da taxa de porcentagem ou então, decompondo o reajuste de 18% . O restante, ou seja, 65% dos alunos não responderam, justificando que nunca haviam estudado o assunto. Neste momento da pesquisa alguns alunos construíram conceitos relacionados com: fração, proporção, equação, números decimais etc. No segundo momento os alunos discutiram as diversas possibilidades de resolver o problema envolvendo porcentagem. Isto pode ser constatado na resolução apresentada pelo aluno Bruno (nome fictício) durante a socialização dos resultados do grupo. No pré-teste não se percebeu nenhum tipo de representação usada pelo aluno. Já nos trabalhos em grupo podemos perceber que o aluno usou modelo mental, a título de exemplo, podemos citar: “nunca estudei porcentagem mas, sei obter 1% de um valor”. Bruno sabia que 1% de R$ 100,00 corresponde a R$ 1,00; logo 1% de R$ 700,00 era R$ 7,00 e continuou obtendo agora 1% de R$ 10,00, ou seja, R$ 0,10. Assim, R$ 7,30 corresponde a 1% de R$ 730,00. Em seguida calculou 8% e 10% multiplicando respectivamente 8 e 10 por R$ 7,30. Tudo isto foi comprovado em seu relatório. |
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CONCLUSÕES:
O estudo evidenciou a importância de levar em consideração as concepções prévias dos alunos como instrumento primordial para as atividades de resolução de problemas. As concepções prévias oriundas do meio não escolar constituem um recurso que precisa ser explorado como maior intensidade na sala de aula, pois possibilita uma melhor compreensão, além de motivar e encorajar os alunos na tentativa de buscar soluções para os problemas propostos. O tipo de representação utilizado pelo aluno de um modo geral foi proposicional. A atuação do professor como mediador e a interação entre os alunos obtida na realização do trabalho em grupo, criaram um ambiente favorável para o resgate das concepções prévias e o desenvolvimento de novas estratégias de resolução de problemas, contribuindo para um ensino de matemática significativo sendo o aluno protagonista do processo de ensino e aprendizagem. |
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Palavras-chave: Concepções prévias; Porcentagens; Representação mental. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |