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D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 6. Odontopediatria
O STRESS OCUPACIONAL NA PROFISSÃO DOS ODONTOPEDIATRAS
Jorge André Ribas Moraes 1, 2 (jorge@unisc.br), André Luiz Moraes 1, Renita Baldo Moraes 1, Suziane Raupp 1, Simone da Silva Machado 1, Roselaine Berenice Ferreira da Silva 1, Osmar Possamai 2 e Ana Regina Romano 3
(1. Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC; 2. Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC; 3. Universidade Federal de Pelotas - UFPel)
INTRODUÇÃO:
O odontopediatra ao realizar suas atividades apresenta quadros de stress que estão relacionados as características do seu trabalhado, como o atendimento de pacientes não colaboradores, pouca experiência profissional, excesso de horas trabalhadas entre outros fatores que são complicadores para o seu desempenho, predispondo a redução da atenção e concentração, absenteísmo e prejuízos gerais à sua saúde (FRANÇA e RODRIGUES, 1999). O stress ocupacional pode ser investigado por pesquisas organizacionais e através do diagnóstico clínico, possibilitando a adoção de medidas compensatórias que visam ganhos na qualidade de vida para o trabalhador e consequentemente, qualidade na sua produtividade. Assim, buscou-se averiguar em odontopediatras de Santa Cruz do Sul a influência dos elementos ergonômicos (ruídos, iluminação e temperatura) presentes em seus consultórios no desenvolvimento do quadro de stress ocupacional e a influência destes em suas atividades.
METODOLOGIA:
Nesta pesquisa, que classifica-se como exploratória e explicativa, foram utilizados inventários e formulários padrões desenvolvidos à partir de normas regulamentadoras, a saber o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (2000) e o formulário padrão de investigação dos aspectos físicos do ambiente clínico, além de instrumentos específicos de mensuração de variáveis ambientais como o sonômetro, o luxímetro e o termômetro de globo. Pode-se assim diagnosticar tanto a presença de sintomas de stress nesses odontopediatras, como entender a organização ergonômica de seus ambientes de trabalho. Para isso, durante o ano de 2004 foi realizada a amostra piloto com 32 profissionais especialitas em odontopediatria das cidades de Santa Maria e de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.Os dados foram obtidos através da aplicação do Inventário de Lipp (2000), onde se procurou verificar os níveis de stress daqueles profissionais. Após o piloto foi levantando o nível de stress de maior freqüência. A pesquisa seguiu com a verficação dos elementos ergonômicos nos consultorios de três odontopediatras na cidade de Santa Cruz do Sul, bem como a averiguação da presença de stress daqueles profissionais. Assim, traçou-se comparações entre os indicativos de stress levantado na amostra piloto e nos três odontopediatras em questão.
RESULTADOS:
Dos 32 profissionais investigados da amostra piloto, 62,5% apresentaram stress classificado como resistência, 34,375% classificados como alerta e 3,125% como quase exaustão. Partiu-se então para aplicação desse mesmo inventário nos odontopediatra da cidade de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul. Participaram da pesquisa, 03 cirurgiões-dentistas. O sintoma de stress que se evidenciou nos participantes da pesquisa foi o classificado como resistência em toda a amostra. Quanto ao ruído e a iluminância pôde-se verificar que os níveis de ruído das salas clínicas apresentaram valores muito próximos do máximo permitido pela norma NBR10152, que é de 65 dB(A), quanto ao nível de iluminância do refletor, verificou-se que 66,67%, da amostra apresentaram valores abaixo do recomendado pela norma NBR5413, que é de 10.000 lux. Com relação a temperatura da sala clínica, observou-se valores próximos do máximo permitido pela norma ISO11399 que é de 25oC. Notou-se que esses profissionais em função do estado alterado de ansiedade dos pais que acompanham seus filhos e do medo das crianças, realizam suas atividades de forma indiferente ao seu estado de saúde, preocupando-se exclusivamente em reduzir o tempo de atendimento as crianças, não se importando com as inadequações ergonômicas posturais a que estão sendo submetidos.
CONCLUSÕES:
Os níveis de stress dos odontopediatras pesquisados ocasionaram surpresa nestes profissionais, pois estes ignoravam a existência de stress (nível de resistência). Por intermédio das investigações dos aspectos físicos do ambiente, pode-se também comprovar que as inadequações ergonômicas dos ambientes como: ruído elevado (média de 73 dB(A)), temperatura muito próxima do máximo permitida de 25oC para a sala clínica e iluminância do refletor abaixo do mínimo recomendado que é de 10.000 lux, prejudicam o desempenho profissional, pois se repercute este descontrole em queda da qualidade da sua produtividade, além de debilitar com o passar dos anos, a saúde e a qualidade de vida desse profissional, causando-lhe afastamentos inicialmente temporários, mas se as inadequações continuarem, possíveis afastamentos permanentes. A variação de elementos ergonômicos pode exigir ou sobrecarregar o sistema sensorial cognitivo do profissional, ocasionando stress sensorial em ambiente de trabalho (stress ocupacional). O cirurgião-dentista deve cuidar de si para que possa levar sua profissão adiante com qualidade e boas condições, usufruindo a experiência e acúmulo de conhecimentos trazidos ao longo da vida. Trabalhar no sentido de implementar um plano de melhoria de qualidade de vida é fundamental para que se tenha um controle de situações estressantes.
Palavras-chave:  ergonomia; stress ocupacional; odontopediatria.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005