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C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 6. Morfologia e Taxonomia Vegetal
ESTUDO DA VENAÇÃO FOLIAR DE TRÊS ESPÉCIES DE BIGNONIACEAE (TRIBO BIGNONIEAE)
Beatriz Machado Gomes 1 (beatrizgomes@unb.br) e Lucia Helena Soares e Silva 1
(1. Depto. de Botânica, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Brasília - UnB)
INTRODUÇÃO:
Tradicionalmente, análises minuciosas da arquitetura foliar, principalmente no que tange ao estudo criterioso do padrão de venação, foram, em geral, ignoradas na taxonomia. Somente por meio da paleobotânica, os aspectos referentes à morfologia foliar passaram a ter credibilidade, pois mostraram-se bastante eficazes na delimitação de táxons. Salienta-se, ainda, a importância da utilização de caracteres vegetativos na identificação e classificação de espécies, essencialmente de regiões tropicais, que permanecem um longo período sob a forma estéril ou que produzem flores de forma irregular e esporádica. A família Bignoniaceae é pantropical, concentrada, principalmente, na região neotropical; possui 113 gêneros e ca. 840 espécies, sendo os gêneros mais diversos Tabebuia (ca. 100 espécies) e Arrabidaea (ca. 70 espécies). Objetiva-se com o presente trabalho caracterizar a arquitetura foliar de Arrabidaea brachypoda (A. DC.) Bureau, de A. sceptrum (Cham.) Sandwith e de Pleonotoma clematis (H.B.K.) Miers, com ênfase no padrão de venação.
METODOLOGIA:
As folhas das espécies supracitadas foram, inicialmente, fixadas em álcool (70%), diafanizadas por meio de tratamentos com NaOH (10%) para retirada dos pigmentos e, posteriormente, com hipoclorito de sódio (50%) a fim de promover clareamento total do material. Após essas etapas, as folhas foram coradas com safranina alcoólica (1%), com o objetivo de evidenciar as nervuras, e submetidas a uma seqüência de álcoois (em diferentes concentrações crescentes) com o intuito de fixar o corante. Por fim, o material diafanizado foi emplacado em lâminas específicas, fotografado, ampliado e observado em lupa para caracterização da venação.
RESULTADOS:
O padrão geral de venação de A. brachypoda é actino-broquidódromo rendado, com ca. 6 pares de nervuras secundárias. Observou-se, ainda, a formação de aréolas (ca. 20 aréolas/mm2), sendo estas sem ou com vênulas não-ramificadas ou com 1 ramificação. Já em A. sceptrum, foi observado o padrão pinado-broquidódromo rendado. A espécie em questão apresenta ca. 15-16 pares de nervuras secundárias, ca. 7 aréolas/mm2 e nestas as vênulas mostraram-se sempre presentes, com 2 ou mais ramificações. Por fim, P. clematis apresentou o padrão pinado-broquidódromo rendado e ca. 9-10 pares de nervuras secundárias. Já as aréolas e, conseqüentemente, as vênulas não foram observadas ou estavam inconspícuas no material foliar desta última espécie.
CONCLUSÕES:
Conclui-se que o padrão de venação secundária geral (broquidódromo rendado) não variou entre os táxons estudados, sendo, portanto, um caracter não adequado para fins taxonômicos nestas três espécies de Bignoniaceae. Já os aspectos relacionados com a quantidade de nervuras secundárias e com a areolação – ausência ou presença (quantidade/mm2, presença e ramificação de vênulas) – mostraram-se de grande valor na delimitação taxonômica.
Palavras-chave:  Taxonomia; Morfologia foliar; Padrão de venação.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005