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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
AVES TAXIDERMIZADAS E MODELOS SIMBÓLICOS NO ENSINO DE BIOLOGIA PARA PORTADORES DE NECESSIDES ESPECIAIS – VISUAIS
Luciane Gomes de Carvalho 1 (lucianegcarvalho@yahoo.com.br), Rita Viviane de Castro Brandão 1, Maria Lúcia Del Grande 1 e Lidiane Lacerda de Oliveira 1
(1. Departamento de Ciências Naturais - DCN / Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB)
INTRODUÇÃO:
A prática escolar tem evidenciado que o plano teórico-ideológico da escola inclusiva experimenta dificuldades para a integração e superação de obstáculos impostos pelas limitações do sistema regular de ensino (PCN, 1998, p.17). Além disso, o despreparo na formação profissional de professores, a falta de material que contemple o entendimento, somados à de infra-estrutura inadequada das instituições educativas e à limitação do processo ensino-aprendizagem reduzido a um mero verbalismo, agravam o quadro educacional, desmotivando e afastando o aluno Portador de Necessidades Especiais - PNEs do contexto escolar.
O ensino das ciências naturais e biológicas não foge deste contexto, e um dos desafios a serem enfrentados pelos educadores é encontrar caminhos e criar facilitadores para a provisão de recursos educacionais apropriados a todos os educandos PNEs, resgatando no aluno a motivação, despertando a curiosidade e a busca por mais conhecimentos.
Com o intuito de promover a inclusão escolar de pessoas totalmente cegas ou com baixa visão e facilitar o processo de ensino-aprendizagem foram utilizados aves taxidermizadas e modelos de tipos de bicos de aves buscando relaciona-los com o tipo de alimentação.
METODOLOGIA:
A atividade proposta foi executada na ACIDE - Associação Conquistense de Inclusão ao Deficiente, em Vitória da Conquista – BA, sendo aplicada a quatro portadores de cegueira total ou parcial.
Para a confecção dos bicos utilizou-se massa de biscuit colorida e pregadores de roupa adotados como suporte, permitindo a mobilidade. Foram representadas espécies conhecidas popularmente como pica-pau, garça, gavião, beija-flor e frango d’água. Também foram utilizados algumas sementes, flores, frutos e modelos em biscuit de peixes, minhocas e larvas, simulando os alimentos. Os exemplares taxidermizados eram provenientes do Laboratório de Zoologia-UESB.
Durante as observações, cada aluno recebia um exemplar de ave taxidermizada, buscando evidenciar suas partes constituintes como a presença de penas por todo o corpo, o formato do bico e as garras. Em seguida, manipulavam os modelos de bico e procuravam relacionar com o tipo de alimento.
O diálogo estabelecido entre o educador e o aluno, inferiu o nível de aprendizado durante o processo.
RESULTADOS:
A atividade desenvolvida contribuiu para a motivação dos alunos-PNEs, permitindo que os mesmos construíssem o conhecimento de forma significativa, proporcionado pelo contato direto com o material real.
Cinqüenta por cento dos alunos, possuidores de cegueira congênita, demonstraram maior euforia no contato tátil das peças taxidermizadas, por se tratar do seu primeiro contato com aves. Ao manipular cuidadosamente as aves apontaram detalhadamente suas diferenças em relação aos diferentes tipos. Manuseando os bicos o aluno PNE simulou a alimentação das aves com maior dinamismo e pôde especular sobre a preferência alimentar de cada modelo. Expuseram dúvidas e no momento subseqüente estabeleceram relações corretas entre os tipos de bico e preferência alimentar. Os demais alunos, que adquiriram cegueira tardiamente, relembraram a morfologia, relacionando padrões de cores e tipos de bico em cada exemplar.
CONCLUSÕES:
Os recursos didáticos utilizados no processo ensino-aprendizagem nas escolas regulares de ensino, infelizmente, priorizam alunos não-PNEs. Com a inserção de portadores de necessidades especiais no contexto escolar busca-se um novo fazer pedagógico que atenda e contemple as expectativas destes na construção do seu conhecimento. Segundo os PCNs não existe um caminho único e melhor para o ensino, e conhecer diversas possibilidades de trabalho em sala de aula é fundamental para que o professor construa sua prática.
Entendemos, portanto, que no ensino inclusivo deve-se priorizar metodologias que promovam a aprendizagem de forma interessante e prazerosa, com materiais concretos, respeitando as limitações impostas.
Palavras-chave:  Educação Especial; Aves; Alimentação.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005