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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 1. Anatomia Patológica e Patologia Clínica
ASSOCIAÇÃO ENTRE MALACOPLAQUIA E COLITE ULCERATIVA EM CRIANÇAS - RELATO DE CASO
Cláudia Leal Macedo 1, 4, 5 (claudiamacedo@hotmail.com), Raquel Cristina Gomes Lima 2, Edilson Ribeiro Alves Filho 1, 3, Maria do Rosário Sousa Flores 1, 4 e Bárbara Cabral de Sousa 5
(1. Micro Serviço de Anatomia Patológica e Citopatologia; 2. Hospital Geral de Vitória da Conquista; 3. Departamento de Biomedicina, UESC, Ilhéus/BA; 4. Departamento de Ciências Biológicas, UESB, Vitória da Conquista/BA; 5. Departamento de Enfermagem, FTC, Vitória da Conquista/BA)
INTRODUÇÃO:
A malacoplaquia está relacionada com uma disfunção do citoesqueleto dos macrófagos, impedindo o movimento dos lisossomas para os vacúolos fagocitários, e assim bloqueando a degradação enzimática lisossomal das bactérias englobadas. Esta patologia refere-se a um padrão peculiar de reação inflamatória vesical caracterizada macroscopicamente por placas amolecidas, amareladas e levemente aumentadas. Estas alterações têm sido descritas no cólon, pulmões, ossos, rins, próstata e epidídimo. Relatamos um caso de um paciente de 13 anos, do sexo masculino, natural do Ceará e procedente de Vitória da Conquista, com quadro grave de desidratação, desnutrição severa, anemia, hipoalbuminemia, dejeções líquidas com sangue e dores abdominais. Foi diagnosticado por biópsia, retocolite ulcerativa e malacoplaquia. Estas patologias raramente estão associadas entre si e são pouco freqüentes em crianças, sendo mais comum em adultos.
METODOLOGIA:
O diagnóstico de retocolite ulcerativa e malacoplaquia foi realizado pelo estudo histopatológico. O material biopsiado foi conservado em formol. Realizou-se a análise macroscópica e microscópica. Para esta análise, o material foi seccionado longitudinalmente, corado com hematoxilina e eosina (HE), sendo submetido ao processo de desidratação (com álcool etílico), diafanização (retirada do álcool com xilol), impregnação e inclusão em parafina. O bloco formado foi cortado no micrótomo, em fatias de 4 a 6 m, sendo estendido, colado nas lâminas, corado posteriormente pela HE e observado ao microscópio óptico. Realizou-se ainda coloração pelo PAS (Periodic Acid-Schiff) com as seguintes soluções: ácido periódico, ácido clorídrico a 10%, solução de bissulfeto a 10%, reagente de Schiff I, reagente de Schiff II (água sulfurosa) e a coloração de GROCOTT (pesquisa de fungos). Como exames complementares foram realizados Ultrassonografia do abdômen, Tomografia Computadorizada e também teste HIV/VDRL e Hemograma completo.
RESULTADOS:
Em um primeiro exame anátomo-patológico à microscopia revelou um processo inflamatório crônico discreto no íleo e cólon. No reto, observou-se infiltrado inflamatório crônico e neutrofílico ao lado de áreas de ulceração da mucosa. Novo exame anátomo patológico foi requisitado após nova colonoscopia anorretal. À macroscopia revelou vários fragmentos irregulares de tecido esbranquiçado do íleo terminal e ceco e cinco fragmentos irregulares de tecido esbranquiçado do reto. À microscopia foram observados fragmentos de mucosa colônica e retal com numerosas células macrofágicas e espumosas com citoplasma amplo e vacuolado. Em algumas delas identificou-se a presença de elementos semelhantes a estruturas bacilares bacterianas ao lado de extensas áreas de ulceração. Estas alterações histológicas fazem parte do quadro da doença de malacoplaquia, que foi confirmado com a realização do PAS, mostrando coloração rósea indicando a presença de elementos bacterianos. O exame microbiológico não foi realizado.
CONCLUSÕES:
A malacoplaquia refere-se a um padrão peculiar de reação inflamatória vesical. A mucosa circunjacente é geralmente edematosa, hiperêmica e inflamada. A granularidade PAS-positiva é devida aos fagossomos preenchidos por restos membranosos particulados de origem bacteriana. Esta inflamação é mais comum em indivíduos adultos acometendo regiões da próstata, pulmões, rins e cólon. Além disso, pode ocorrer como uma complicação de uma colite ulcerativa e de paracoccidiomicose ou em casos de adenocarcinoma. A associação entre malacoplaquia e retocolite ulcerativa em crianças é rara. A causa da malacoplaquia é desconhecida, e assim seu tratamento é baseado na sua patogenicidade, com a eliminação do agente infectante, que pode ser fungo ou bactéria. Neste caso, identificou-se positividade para bactérias, através do PAS. Entretanto, não foi realizado o exame microbiológico para identificação da espécie devido a baixa renda do paciente e sua família.
Palavras-chave:  Malacoplaquia; Retocolite ulcerativa; Macrófagos.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005