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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
RESISTÊNCIA CAMPONESA E DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO NA AMAZÔNIA-ACREANA
Silvio Simione da Silva 1 (ssimione@terra.com.br)
(1. Depto. de Geografia da Universidade Federal do Acre; 2. Núcleo de Estudos de Projetos de Reforma Agrária da FCT/UNESP - NERA/UNESP)
INTRODUÇÃO:
Neste trabalho buscamos uma compreensão profunda a dinâmica resistência camponesa que brota das organizações coletivas tanto no campo como na floresta da Amazônia-acreana. Pode-se compreender como aí ocorre também as formas de subordinação capitalista impostas ao trabalho e a natureza regional, contida nas políticas estaduais de incentivos à adoção do associativismo/cooperativismo e desenvolvimento sustentável, imposta aos camponeses regionais. O problema a ser discutido perpassou pela investigação de indagações como: Quais são as reais condições que a produção camponesa ser viabilizada na sua na formação socioespacial da Amazônia-acreana? Qual a relação existente entre o cooperativismo/associativismo e o desenvolvimento sustentável na unidade de produção camponesa e desta com o mercado? Seria isto, forma de integrar a mercantilização da natureza com o controle da mão-de-obra marginalizada numa região economicamente periférica, mas mundialmente estratégica? O que isto pode representar de ganhos sociais internos e externo? As dimensões de solidariedade e sustentabilidade sociais que atingem as comunidades e grupos sociais envolvidos se tornariam valores passíveis de realização numa sociedade de economia de mercado? Poderíamos então falar de uma “economia solidária” ou trata-se mais especificamente de formas de “readequação ao mercado” da força-de-trabalho e produtos naturais e agrícolas amazônicos, antes subvalorizado no mercado?
METODOLOGIA:
Na organização dos procedimentos da pesquisa, tivemos a preocupação de manter um claro recorte espaço/temporal. Consideramos que a organização de cooperativas e associações relaciona às transformações ocorridas na segunda metade da década de 80, como movimentos de resistências camponeses e, na década 1990 pelas direções políticas posta pelo Executivo Estadual acreano. Nisto reside a dimensão temporal dos processos em estudos. Por outro lado, todas as organizações associativistas e cooperativistas que prosperaram surgiram por iniciativas próprias das comunidades, assessoradas por ONGs e sem o “apadrinhamento do estado”. Por isto, limitamos, na pesquisa, a aquelas iniciativas mais representativas num grau de abrangência de toda a região da Amazônia-acreana. Neste sentido, propomos a operacionalização dos trabalhos em duas formas de atuação - Trabalho de gabinete: referimos à formação do instrumental teórico e metodológico, para a pesquisa; - Trabalhos de campo: que corresponde aos levantamentos de informações, desde a identificação dos sujeitos sociais, dados econômicos, até dados documentados quantificados. Aí procedemos por visitas, aplicação questionários, entrevistas em comunidades que as associações e cooperativas estavam vinculadas; às coletas de informações às sedes das centrais de associações e cooperativas; levantamentos de dados complementares junto a órgãos diversos e aplicação de questionários em áreas das cidades sede das organizações.
RESULTADOS:
Com relação à produção camponesa, dois processos aparecem como fundamentais: o primeiro, refere-se a expropriação. Este processo sucede a produção de certos beneficiamentos na propriedade campesina, como na ampliação dos capitais fixos na terra. Estes lotes de terras, assim transformados são mercadorias mais atrativas no mercado fundiário. Na região acreana, estes processos são menos intensos nas áreas de PAEs e Reservas Extrativistas; o segundo refere-se àquilo que caracterizamos como movimento de resistência em permanecer na terra. Aí articulam a luta, nos trabalhos de organizações comunitárias. Nisto surgiu às associações e cooperativas na construção de um “projeto camponês” autônomo e condizente com as condições eco-ambiental regional e de mercado. Estas vão ao encontro das tendências do mercado capitalista atual e suas necessidades comerciais, mas nem sempre se subordinando. Surge a opção por um desenvolvimento alternativo, que muito ousam a chamá-lo de “sustentável”.
CONCLUSÕES:
Nota-se que realmente neste processo há uma otimização da produção camponesa e da mercantilização do “verde” que, gradativamente, torna-se o markting dos produtos destas organizações. Buscam se assim “nichos de mercado” específico até fora do país. Nisto o capital age subordinando a força-de-trabalho e recursos naturais semi-excluídos, na organização interna destas associações ou cooperativas e, externando a partir dos financiamentos e da comercialização de suas mercadorias
Instituição de fomento: CAPES/PICDT-UFAC
Palavras-chave:  Camponeses. Amazônia.Acre; Resistência. Luta. Organização; Desenvolvimento. Sustentabilidade.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005