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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
PRÁTICA PEDAGÓGICA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM ESTUDO CURRICULAR
Giovana Rodrigues Oliveira 1 (giooliver@hotmail.com) e Rita de Cássia Barbosa Paiva Magalhães 2
(1. Centro de Educação, Universidade Estadual do Ceará - UECE; 2. Centro de Educação, Universidade Estadual do Ceará - UECE)
INTRODUÇÃO:
A diversidade no contexto escolar evidencia a necessidade de discutirmos a prática pedagógica desenvolvida pelos sistemas educacionais, assim como os significados dados aos processos de ensino-aprendizagem desenvolvidos pelos professores. Este é um desafio para os profissionais da educação frente às exigências peculiares a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais na escola regular defendida pela legislação vigente e literatura especializada. É neste contexto que se inserem os múltiplos discursos e as práticas da educação inclusiva. O presente estudo explicita as ações pedagógicas que atendem a esses alunos, conhecendo o olhar dos profissionais sobre a diversidade no cotidiano escolar. A discussão curricular sobre a inclusão é pertinente, porque uma escola que atenda as demandas de seus alunos deve modificar-se a partir do Projeto Político Pedagógico que planeja e operacionaliza os componentes curriculares. O objetivo desta pesquisa foi analisar a prática pedagógica/curricular de professores que atuavam em contextos inclusivos com alunos deficientes mentais no Ciclo I do Ensino Fundamental, no sistema público estadual de ensino na cidade de Fortaleza-Ceará.
METODOLOGIA:
O referido estudo é de natureza qualitativa e analisa o processo curricular das instituições de ensino público do Estado do Ceará que incluem alunos com deficiência mental. A Secretaria da Educação do Estado do Ceará (SEDUC) tinha, na época da realização da coleta de dados, 19 escolas regulares que incluíam alunos com deficiência mental. Foram escolhidas quatro escolas, por indicação da SEDUC, reconhecidas como instituições que vinham realizando significativo trabalho de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. Participaram desse estudo quatro professoras selecionadas pelos seguintes critérios: a) professores com mais de dez anos de magistério e b) professores que lecionassem em salas de aula de Ciclo I, com alunos com deficiência mental leve incluído na escola regular há pelo menos um ano. Participaram ainda, oito crianças diagnosticadas como deficientes mentais que estavam incluídos nas salas de aula das referidas professoras. Utilizamos como técnicas de coleta de dados a observação não-participante e a entrevista. A análise dos dados foi realizada com o uso da técnica da Análise de Conteúdo a partir das falas dos professores entrevistados e das situações observadas em sala de aula.
RESULTADOS:
Os resultados evidenciaram que o espaço físico das escolas não interferia significativamente nos processos didáticos gerenciados nas salas de aula. A dificuldade encontrada - e referendada, posteriormente, pelos sujeitos – era quantidade de alunos por sala, entre 31 e 53 alunos, sendo 02 com deficiência mental incluídos em cada uma das salas. Isso delata a dificuldade do educador em atender às individualidades dos alunos. Os objetivos pedagógicos dos professores terminavam burlados pela distância entre professor-aluno, não colaborando para mediações significativas. As professoras afirmaram ainda, que havia uma falta de sintonia entre a comunidade escolar e as necessidades dos docentes e alunos, no contexto da sala de aula, destituindo os fazeres pedagógicos discussões ou planejamento participativo que envolvesse todos da escola. As observações mostraram que o processo de inclusão se limitava, muitas vezes, a presença física dos alunos com deficiência mental em sala de aula, o que dificultava as interações sociais e atividades cooperativas nas situações de ensino-aprendizagem. Ficou claro, também, que a intervenção das profissionais não adotava meios ou estratégias para favorecer o processo de inclusão. As professoras admitiam, ainda, uma formação profissional falha que dificultava o planejamento e execução de uma prática curricular inclusiva.
CONCLUSÕES:
O objetivo desta pesquisa foi analisar a prática pedagógica/curricular de um grupo de professoras que atuavam em contextos inclusivos. Os professores não tinham, na práxis, condições teórico-metodológicas de agir com segurança pautados em orientações ou ações didáticas conteudístas, mais afeitas às alternativas tradicionais de organização curricular. Devido à ausência de planejamento participativo, formação docente e exacerbado número de aluno por sala a prática pedagógica terminava por não atender as demandas dos alunos com deficiência mental incluídos nas salas de aula. Neste sentido, o Projeto Político Pedagógico não propiciava a flexibilização curricular tão necessária a construção de uma escola que atendendo a diversidade seja um espaço democrático.
Palavras-chave:  Educação Inclusiva; Educação Especial; Currículo.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005