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E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 4. Conservação da Natureza
LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES VEGETAIS PARA REVEGETAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS PELA INSTALAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS DE UMA USINA HIDRELÉTRICA
Olívia Silva Nepomuceno Santos 1 (olivianepomuceno@yahoo.com.br), Antônio Carlos Souza Borges Filho 1 e Francisco de Souza Fadigas 1
(1. Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Federal da Bahia - UFBA)
INTRODUÇÃO:
A revegetação das áreas impactadas marca o início do processo de recuperação de áreas degradadas, sendo que a escassez de sementes tem sido o fator limitante para muitos projetos de recomposição florestal. Sementes de espécies regionais são, muitas vezes, de difícil aquisição no comércio. O ideal, portanto, é a coleta de sementes em remanescentes florestais situados na região onde se desenvolve o projeto. Para se planejar um programa de coletas de sementes de espécies nativas, dois fatores têm que ser levados em conta, a princípio: a localização de árvores-matrizes e um local para armazenamento das sementes. Daí a necessidade de estabelecer um calendário de florescimento /frutificação das espécies nativas locais, bem como seu georeferenciamento. O objetivo deste trabalho foi identificar e georeferenciar as espécies vegetais de ocorrência local, bem como estabelecer um calendário de florescimento/frutificação, para subsidiar um programa recuperação do solo e revegetação de uma área de aproximadamente sete ha.
METODOLOGIA:
O presente trabalho foi desenvolvido no município de São Félix (Ba) no entorno de uma área impactada pelas atividades de construção civil, desenvolvidas durante a instalação de uma usina hidrelétrica. O levantamento foi realizado no período entre setembro e novembro de 2004, compreendendo a coleta e identificação de espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas que vegetam na área do canteiro de obras da usina. A vegetação da referida área constitui-se em um remanescente já bastante degradado de uma floresta estacional semi-decidual, que recobre parte da encosta do vale da calha do rio Paraguaçu. Como resultado das expedições de coleta, obteve-se o material herborizado que se encontra na coleção do herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana. Foi também determinado e o peso de cem sementes de várias espécies vegetais com potencial para uso na revegetação e o calendário de florescimento das espécies arbustivas/arbóreas, com base nas ocorrências de 2004.
RESULTADOS:
No total foram amostradas 28 espécies sendo estas das famílias: Sterculiaceae, Fabaceae, Bignoniaceae, Boraginaceae, Capparaceae, Rhamnaceae, Malpighiaceae, Ulmaceae, Anacardiaceae e 19 espécies da família Leguminosea, sendo duas da sub-família Caesalpinioidae, sete da Mimosoideae e dez da Papilionoideae. Em relação ao florescimento, já foram registradas as seguintes ocorrências: Senna alata(julho/agosto), Schinus terebinthifolius(novembro), Tabebuia chrysotricha(outubro), Bowdichia virgilioides(outubro/novembro), Cordia sp.(outubro), Guazuma ulmifolia Lam.(novembro), Ziziphus cotinifolia(novembro), Crataeva tapia(novembro), Byrsonima sericea(dezembro/janeiro), Machaerium hirtum(dezembro/janeiro), Pseudopiptadenia bahiana(junho/julho), Crotalaria sp.(agosto/setembro), Crotalaria retusa(agosto/setembro), Indigofera suffruticosa( agosto/setembro), Indigofera hirsuta(agosto/setembro), Erythrina velutina(outubro). Além das espécies já mencionadas também foram encontradas no local: Senna obtusifolia, Vigna halophila, Albizia inundata, Albizia polycephala, Desmanthus pernambucabus, Mimosa arenosa, Mimosa tanuiflora, Piptadenia adiantoides, Poecilanthe ulei, Canavalia dictyota, Rhynchosia minima e Trema micranthra.
CONCLUSÕES:
Exceto Vigna halophila, as demais espécies de ervas e trepadeiras podem ser consideradas como invasoras. Entre árvores ou arbustos, com exceção de Senna obtusifolia, as espécies pertencem a grupos de plantas que possuem associações com bactérias fixadoras de Nitrogênio. Das plantas lenhosas, também podem ser consideradas como invasoras as espécies Mimosa arenosa e Mimosa tenuiflora. Outras espécies, no entanto, representam espécies características destas florestas e poderão ser propagadas para replantio em áreas onde o processo de sucessão já se encontra instalado, é o caso de Poecilanthe ulei e Pseudopiptadenia bahiana, importantes árvores dossel. Uma espécie não observada, mas que é endêmica das florestas da Pedra do Cavalo é o Lonchocarpus bahianus. Esta espécie foi descrita para a ciência apenas em 1995 e é conhecida apenas de duas plantas coletadas nas proximidades da área onde hoje está a barragem de Pedra do Cavalo em 1978 e 1980. A presença de espécies invasoras representa um trunfo importante para a remediação ambiental, já que elas conseguem colonizar áreas de solo alterado, incorporando Nitrogênio e criando condições para o estabelecimento de outras espécies, reiniciando o processo de sucessão ecológica. A existência de algumas áreas de floresta preservada no entorno deverá garantir o fornecimento de sementes, necessário para instalação do processo de revegetação.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Espécies arbustivas e arbóreas; Calendário de florescimento; Revegetação.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005