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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 6. Geoquímica | ||
UTILIZAÇÃO DA ESPÉCIE CURATELLA AMERICANA - “LIXEIRA” NA PROSPECÇÃO BIOGEOQUÍMICA PARA OURO NO DEPÓSITO ELLUS, REGIÃO DO ALTO GUAPORÉ - MT | ||
Éder Luís Mathias Medeiros 1 (gelmedeiros@hotmail.com), Carlos José Fernandes 1, André Luiz de Oliveira Saturnino Meira 1, Daniel Bartolomeu 1, Emílio Miguel Junior 1 e Darlan Izaltino dos Santos 1 | ||
(1. Departamento de Geologia Geral - Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT) | ||
INTRODUÇÃO:
A área de estudo localiza-se no depósito Ellus, no município de Porto Esperidião, estado de Mato Grosso. No contexto geológico, situa-se na porção sudoeste do Cráton Amazônico, mais especificamente, na parte central da Faixa Móvel Aguapeí, cinturão NW com aproximadamente 600 km de extensão que adentra a parte leste da Bolívia. O minério no depósito Ellus é representado por sistema de veios quartzo, com direção NW, encaixados em granito homônimo. Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de entender o comportamento biogeoquímico do ouro na planta da espécie “Curatella Americana L“. popularmente chamada de “Lixeira”, confrontando-o com aquele obtido na geoquímica de solo. Além disso, verificar a eficiência do método de prospecção biogeoquímica quando aplicado em ambientes tropicais, como é o caso da área de estudo. Uma boa resposta da “Curatella Americana L“. no que diz respeito à absorção do ouro do manto de intemperismo, somado a sua ampla distribuição geográfica, indo desde o México até o sul do estado de São Paulo, possibilita que a mesma seja utilizada em futuras campanhas de prospecção biogeoquímica ao longo de toda América Centro-Sul. |
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METODOLOGIA:
Foi feito levantamento bibliográfico acerca da gênese das mineralizações de ouro associadas às rochas do Grupo Aguapeí e seu embasamento e sobre uso da biogeoquímica em ambientes frios e tropicais. Na etapa de campo, escolheu-se a espécie vegetal usada para análise biogeoquimica, observando se as seguintes características: ter distribuição homogênea, se de fácil identificação e ocorrência comum na área, se possível amostrá-la em distância entre 50m a 100m. A partir disto, foi feita coleta sistemática de amostras (9 pares solo/planta) em perfil perpendicular à estruturação geológica local. Em laboratório as amostras de planta foram lavadas, desidratadas a 80°C em estufa e calcinadas a 500°C em mufla. As amostras de solo foram secas ao ar livre, peneiradas e quartiadas. Frações de 3g de cinza vegetal e 30g de solo foram encaminhadas para análises no ACTLAB – Activation Laboratories, no Canadá para Au+34 elementos (as cinzas por INAA e o solo por ICP). A partir do recebimento dos dados analíticos foi feito o tratamento dos mesmos com a utilização dos softwares Excel e Minpet 2.0. Os dados biogeoquímicos e de solo foram integrados, visando à identificação de anomalias para ouro na região. Nas amostras de plantas os elementos que apresentaram teores abaixo do limite de detecção (Ag, Cs, Hf, Ag, Ir, Ni, Se, Ta, U, W e Tb), não são considerados neste estudo. O mesmo ocorre com os elementos que ficaram abaixo do limite de detecção nas amostras de solo (Ag, Ca, Cs, Hg, Ir, Ni, Sb, Se, Sn, Sr, Ta, W, Zn e Tb). |
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RESULTADOS:
As análises das cinzas da espécie vegetal utilizada demonstram concentração de até 11 vezes (203 ppb) o teor adotado como background (17.9 ppb) para o depósito. O valor mínimo de Au foi de 30,3 ppb e o máximo de 203 ppb. A média aritmética para o Au em planta ficou em 92,25 ppb. Calculou-se a correlação entre os elementos (Au, As, Ag, Ba, Br, Co, Cr, Hf, Mo, Rb, Sb, Sc, Sr, Ta, Th, U e W), cujos teores ficaram acima do limite de detecção. As mais expressivas foram àquelas entre Sc-Th (r=0,97), Hf-Th (r=0,97), Sc-U (r=0,87) e Sb-As (r=0,84). Não houve correlação significativa com os elementos prospectores para ouro (As, Ag, Sb, Co e Mo), mostrando que estes não podem ser utilizados como guias prospectivos. Em relação ao solo, as análises apresentaram teores de Au mínimo e máximo de 30 ppb e 1540 ppb. A média aritmética ficou em 420,9 ppb. Nestas amostras não houve correlação do Au com os elementos acima do limite de detecção, demonstrando que os demais não podem ser utilizados como guias de prospecção para ouro na área do depósito. Observa-se que onde ocorre aumento do teor de Au nas cinzas da planta o mesmo ocorre no solo. As amostras sobre as rochas da Formação Fortuna, apresentam teores anômalos tanto nas cinzas das plantas quanto no solo. Esta informação permite ampliar as áreas alvos a serem pesquisadas na parte sul da Faixa Móvel Aguapeí, englobando, além do Granito Ellus, as rochas do Grupo Aguapeí que ocorrem nas zonas de cisalhamento com trend NW. |
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CONCLUSÕES:
A aplicação do método biogeoquímico mostrou ser viável em ambientes tropicais tendo em vista que a planta “Curatella Americana L”, popularmente chamada de “Lixeira”, demonstrou ser eficiente na absorção para ouro, concentrando até 11 vezes o valor de background para a região. Os dados analíticos das cinzas das plantas comparados com aqueles obtidos nas amostras de solo, permitem concluir que a prospecção biogeoquímica, pode ser utilizada como meio de amostragem eficiente em substituição à prospecção geoquímica de solo. Além disso, devido a “Curatella Americana L” apresentar ampla distribuição, ocorrendo deste o México até o sul do estado de São Paulo, possibilita que a mesma, possa ser utilizada em futuros trabalhos de prospecção biogeoquímica ao longo de toda a América do Sul. A simplicidade e o baixo custo na coleta da planta (folhas), representa economia financeira e de tempo nas campanhas prospectivas para ouro. |
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Instituição de fomento: FAPEMAT/CNPq processo n. 7.2.12.447/12-2003 (Bolsa DCR) | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Biogeoquímica; Curatella Americana L.; Ouro. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |