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F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 11. Economia | ||
O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL DO ESTADO DO CEARÁ E O DESEMPENHO DO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO – IDH, DURANTE O PERÍODO DE 1970-2000. | ||
Francisco do O' de Lima Júnior 1 (limajunior_economia@yahoo.com.br) e Gleivan Cartaxo Amorim 2 | ||
(1. Depto. de Economia, Universidade Regional do Cariri - URCA; 2. Curso de Ciências Econômicas, Universidade Regional do Cariri - URCA) | ||
INTRODUÇÃO:
A ruptura no modelo de desenvolvimento pautado na atuação estatal, puxada pela crise conceitual vivida pelo capitalismo no último quartel do século XX, faz emergir o neoliberalismo como molde de intervenção dominante, transformando o papel do Estado diante das funções de promover o desenvolvimento econômico e social, dado sua redução apenas à busca da estabilidade econômica. Neste contexto, o conceito de desenvolvimento passa por mudanças, agregando elementos em torno de condições da qualidade de vida como educação, saúde, preservação ambiental, mas, mantendo princípios ligados à questão do crescimento econômico e possibilidades de consumo. A inserção destes elementos é concretizada na definição do “desenvolvimento humano sustentável” que resulta de discussões envolvendo desde acadêmicos até os órgãos internacionais. A preocupação com sua mensuração faz surgir em 1990 o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, proposto pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD. Este índice resulta de uma média entre variáveis de renda, educação e longevidade. Quanto mais próximo de 1 (um), maior o nível de desenvolvimento, tendo ainda a função de fornecer bases para a implementação de políticas no intuito de superar as disparidades existentes em regiões consideradas atrasadas. O objetivo deste trabalho é observar os avanços no desenvolvimento econômico e social do Estado do Ceará a partir do desempenho do IDH e seus componentes durante o período de 1970 a 2000. |
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METODOLOGIA:
Para tanto, realizou-se inicialmente pesquisa bibliográfica e documental no intuito de compreender a concepção e formulação do IDH. Posteriormente recorreu-se a dados secundários de instituições oficiais como IBGE, IPEA, IPECE e o próprio PNUD, no seu Atlas do Desenvolvimento Humano, para o referido período a que se reporta o objetivo, relativos não somente aos componentes do IDH mas também a outras variáveis que refletem a realidade econômica e social do Ceará como concentração de renda, renda per capita, analfabetismo, dentre outras. |
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RESULTADOS:
Observou-se que o IDH cearense apresentou um considerável avanço no período estudado indo de 0,293 em 1970 para 0,7 em 2000. Apesar da mudança na metodologia de cálculo a partir da década de 80, que acaba não influenciando os resultados, o elemento que mais contribuiu até o início da década de 90 foi o IDH–Longevidade, sendo de 0,393 e 0,613 em 1970 e 1991, respectivamente. A partir daí o IDH-Educação acaba elevando a média geral chegando a 0,772 em 2000. A própria taxa de analfabetismo no Estado caiu de 44,7% em 1980 para 26,5% em 2000. Embora apresente melhorias em todo o período, o IDH-Renda teve um comportamento mais discreto sendo sua melhor evolução na primeira década: o índice vai de 0,162 em 1970 para 0,449 em 1980. Nos períodos seguintes, seu crescimento acaba sendo muito baixo: 0,563 e 0,616 nos anos de 1991 e 2000. Ademais, persiste a concentração de renda: o índice de Gini que mede esta concentração foi de 0,61 em 2000. Mesmo considerando todas estas melhorias do IDH, sua média geral cearense em 2000 ainda era inferior à nacional, de 0,766 no mesmo ano. |
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CONCLUSÕES:
Os resultados indicam que houve melhoria nos indicadores que compõem o IDH apontando para respectivos avanços no desenvolvimento econômico e social do Ceará no referido período. Entretanto, tal avanço não foi equilibrado entre as variáveis: apesar das melhoras em termos de longevidade e educação, o dinamismo econômico continua atrasado. O IDH-Renda teve melhor desempenho na década de 70 em virtude das políticas de desconcentração econômica propostas por planos nacionais de desenvolvimento, como o II PND que trouxe investimentos produtivos aos estados do Nordeste. A partir de então, a estagnação econômica dos anos 80 (década perdida) reduz tal fluxo. As preocupações dos governantes que chegam ao comando do Estado em 1986 voltam-se para as disparidades sociais tendo como base os diagnósticos e receituários de cunho neoliberal, fornecido por instituições internacionais como Banco Mundial. Assim, a década de 80 acaba sendo perdida em avanços econômicos mas ganha no que se refere aos avanços dos indicadores sociais. As políticas implementadas desde então se destinam principalmente à educação objetivando qualificar mão-de-obra, tornando o Ceará atrativo ao capital de outras regiões e mesmo do exterior apontando para melhorias econômicas num médio prazo. Mesmo assim, faz-se necessário políticas que pensem o desenvolvimento pautado na geração de renda com base em recursos internos já que a vulnerabilidade deste modelo está na dependência ao capital de fora. |
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Palavras-chave: Desenvolvimento econômico e social; : Índice de Desenvolvimento Humano - IDH; Políticas públicas de desenvolvimento. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |