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D. Ciências da Saúde - 9. Ergonomia - 1. Ergonomia
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO EM MOTORISTAS DE ÔNIBUS URBANO: A PERSPECTIVA DOS TRABALHADORES
Daniel Duarte Quintans 2 (danielquintans@hotmail.com), Antônia Hermínia de Carvalho 2, Catarina de Oliveira Sousa 2, Daniela de Macêdo Pimentel 2, Enísia Pereira Cruz 2, Fernanda Diniz de Sá 1, Maria Adelaide Araújo do Nascimento 1 e Richard Diogo Rocha de Oliveira 2
(1. Depto. de Engenharia de Produção, Universidade Federal da Paraíba - UFPB.; 2. Depto. de Fisioterapia, Universidade Fededral da Paraíba - UFPB.)
INTRODUÇÃO:
A atividade de trabalho, segundo a escola de ergonomia francesa, designa a maneira do ser humano mobilizar as suas capacidades para atingir os objetivos da produção. Tem-se como pressuposto que o trabalho convoca o corpo inteiro e a inteligência para enfrentar o que não é dado pela estrutura técnico-organizacional, configurando-se como um dos espaços de vida determinantes na construção e na desconstrução da saúde.
No pouco espaço que possui para realizar suas tarefas (cabina), o estar sentado e a atenção nos controles exigem do motorista a manutenção repetida de ações básicas para conduzir adequadamente o veículo. No entanto, as exigências motoras da profissão são específicas, pois exigem que todo o corpo seja solicitado de maneira coordenada durante a realização das atividades. Pode-se observar inadequações ergonômicas diretamente ligadas a esta profissão como: trabalho exclusivamente sentado, postura sentada com flexão anterior do tronco, condições ambientais desfavoráveis, assim com aspectos inadequados da organização do trabalho.
Diante desta situação, o objetivo desse estudo foi analisar as condições de trabalho dos motoristas de ônibus urbano, através da perspectiva dos próprios profissionais.
METODOLOGIA:
A amostra foi composta por 30 motoristas de ônibus urbano, que trabalham em um terminal de bairro da cidade de João Pessoa - PB. Neste processo de investigação foi utilizado um questionário aplicado em forma de entrevista semi-estruturada contendo: identificação do indivíduo, tempo de atuação na profissão, análise da tarefa realizada, organização do trabalho, jornada diária e semanal de trabalho, tempo de descanso, ocorrência, freqüência e localização dos quadros álgicos, tipo e intensidade de dor, correlação trabalho/dor, tratamento dos sintomas e das causas de absenteísmo. A coleta foi realizada pelos autores em um terminal de ônibus, durante os meses de janeiro e fevereiro de 2005. Os resultados foram analisados utilizando-se estatística descritiva.
RESULTADOS:
O ritmo de trabalho foi considerado por 48,1% dos motoristas como normal. Quando se questionou sobre as pausas ou intervalos realizados durante a jornada de trabalho, todos afirmaram terem pausas de 10 minutos entre uma viagem e outra, quando não ocorrem imprevistos durante o trajeto causando atraso nos horários da escala. Em relação às exigências do trabalho realizado pelos motoristas, 70% da amostra acreditam estar em condições físicas e mentais moderadas. Quando questionados sobre as condições do posto de trabalho (cabine do ônibus) especificamente em relação à temperatura, ventilação e espaço, os dados registram a média de 71 % para condições moderadas, 22,9% inadequadas e 5,4% satisfatórias. Após análise da cabine do ônibus em relação ao assento, à marcha e aos retrovisores, observou-se que 50% dos motoristas afirmaram que o posto de trabalho não estava adequado. Quanto ao volante e aos pedais 75% afirmaram serem inadequados ao seu biotipo. No geral 55,8% sentem-se insatisfeitos com as condições do posto de trabalho.
CONCLUSÕES:
Diante destes problemas e da importância econômica e social do motorista de ônibus para o transporte de passageiros, faz-se necessário analisar todas as possibilidades que permitam ao profissional realizar sua tarefa com eficiência, segurança e um mínimo de fadiga. A partir dessa análise, pôde-se perceber que a maioria dos indivíduos da amostra considera-se insatisfeita com as condições de trabalho a que estão submetidos. Esses indivíduos podem, por essa razão, estar sujeitos a sofrer danos físicos e mentais, que interferem negativamente na execução da atividade de trabalho e na sua qualidade de vida.
Palavras-chave:  ergonomia; motoristas; dor.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005