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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
ANÁLISE DE IMPACTOS SÓCIO-ECONÔMICOS E AMBIENTAIS NO ECOSSISTEMA DE MANGUEZAL DA RESERVA ECOLÓGICA DE SAPIRANGA - CEARÁ
Danielly Albuquerque Medeiros Rios 1 (danirios@superig.com.br) e Nájila Rejanne Julião Cabral 2
(1. Secretaria de Educação Básica do Estado do Ceará - SEDUC; 2. Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará - CEFETCE)
INTRODUÇÃO:
O manguezal, devido à sua diversidade biológica e funcional, é considerado um dos ecossistemas mais complexos do ambiente marinho. Esses sistemas tendem a resistir mais eficientemente às perturbações, tanto naturais quanto induzidas pelo Homem, sendo que a cada perturbação há perda de elementos tornando-o menos apto à ação de novos tensores e, por conseqüência, fica mais vulnerável e com menor capacidade de suporte. O rio da Levada, braço direito do rio Coaçu, localizado na bacia hidrográfica do rio Cocó, margeia o manguezal da Reserva Ecológica da Sapiranga. Embora a hidrografia do rio Cocó e seus afluentes encontrem-se em reestruturação ambiental, o ecossistema de manguezal defronta com problemas de ordem ambiental. Esse trabalho objetiva a caracterização sócio-econômica e ambiental do ecossistema de manguezal na Reserva Ecológica de Sapiranga, de forma a viabilizar a implantação de um sistema de monitoramento de dados, com fulcro no acompanhamento sistemático dos sistemas naturais e de suas variações cíclicas, numa tentativa de identificar fenômenos ecológicos que orientem à adoção de medidas tendentes a prevenir e minorar os impactos ambientais aos quais o citado ecossistema é suscetível. Diante da importância de um ecossistema de manguezal para o bioma de uma região, torna-se conveniente o estudo de características ambientais para mensurar o grau de degradação e inferir em resultados que possam elucidar as condições para a preservação do manguezal.
METODOLOGIA:
A caracterização ambiental no manguezal foi estudada a partir de análises dos parâmetros sócio-ambientais e laboratoriais da água. Após o estudo documental, utilizou-se a metodologia sistemática com aplicação de questionário, cujas variáveis consideradas foram: padrão de moradia, níveis econômicos e ambientais (água, esgotos e lixo), presença de vegetação e de animais. O questionário foi aplicado na comunidade residente no entorno do manguezal da Reserva Ecológica de Sapiranga. A amostragem foi do tipo sistemática e a análise dos resultados foi realizada por inferência estatística através da determinação do intervalo de confiança para a proporção populacional. A qualidade da água foi diagnosticada com base em parâmetros físico-químicos e biológicos. A análise foi realizada a partir do cálculo do Índice de Qualidade de Água (IQA), segundo CETESB (1996), e por pontuação dos parâmetros através da ficha do guia de avaliação da qualidade de água (Rede das Águas, 2002).
RESULTADOS:
Admitindo-se uma distribuição normal, com número de amostras 835 e nível de significância de 95%, obteve-se como resultado do questionário as seguintes médias dos intervalos de confiança para a proporção: 43 para classe média como padrão de moradia, 55 para residência própria e 36 ocupação indevida, 40 para moradores com rendimentos de 4 a 6 salários, 21 com mais de 6 e 11 para desempregados, 100 para abastecimento de água por rede geral, 100 por esgotamento sanitário com fossa rudimentar e 100 para coleta devida de lixo. Para caracterização ambiental estimou-se que 74,5 encontram-se próximas do manguezal e 30,5 a matas. A presença de animais apontou 100 para a ocorrência de insetos, 77 para animais domésticos, 75 roedores, 55 aves de criação, 24,5 animais selvagens e 31 eqüinos e bovinos. Quanto à utilização do rio observou-se média 36,5 para pesca e 33,5 para lazer, sendo essa utilização restrita a amostragem de classe baixa. Os resultados da análise laboratorial da água apresentaram os valores 49% calculados pelo IQA e 29 pontos calculados por pontuação, classificando a água do rio da Levada como qualidade aceitável. Os resultados dos parâmetros físico-químicos e biológicos quando comparados com a Resolução CONAMA nº. 20/86, apontam compatibilidade com a classificação 2 para águas doce. Entretanto, os valores de DBO, amônia, cloretos, fosfato total e sólidos dissolvidos apresentaram resultados fora dos valores máximos permitidos na resolução para a referida classe.
CONCLUSÕES:
Conclui-se com o estudo que a área de manguezal, a qual localiza-se na Reserva Ecológica de Sapiranga, encontra-se comprometida devido a uma série de alterações, as quais pode-se aferir ser de ordem antrópica, visto que no entorno da área de preservação encontram-se as seguintes intervenções: ocupações indevidas, falta de esgotamento sanitário, acúmulo de lixo, presença de animais nocivos, pesca de maneira predatória, utilização inadequada do rio para lazer, entre outras interferências que culminam com o desequilíbrio biótico do manguezal em questão. A qualidade da água do rio retrata de maneira fidedigna a condição ambiental do ambiente analisado, sendo essa aceitável, mas com parâmetros que divergem do limite à classificação caracterizada pelo estudo. A partir dos dados estimados recomenda-se o estabelecimento de monitoramento da área em questão, principalmente no que tange, a qualidade da água, para ulterior melhora no quadro ambiental desse ecossistema.
Instituição de fomento: FUNCAP - Projeto PPP - 768/03
Palavras-chave:  Manguezal; Reserva Ecológica de Sapiranga; Qualidade de água.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005