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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 2. Currículo
CURRÍCULO ESCOLAR E CULTURA VIVIDA EM UMA ESCOLA PÚBLICA DA CIDADE DE BELÉM DO PARÁ
Carlos Jorge Paixão 1 (carlosjpaixao@hotmail.com), Jorge Luis Siqueira da Silva 1 e Keila Nascimento Rocha 1
(1. Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Universidade da Amazônia - UNAMA)
INTRODUÇÃO:
Este trabalho investigou as relações e conexões entre currículo escolar de Ensino Fundamental e a cultura como experiência vivida, em uma escola pública da Cidade de Belém. Partindo do pressuposto de que os elementos que fazem parte da ação e expressão dos sujeitos nas suas experiências cotidianas estabelecem intersecções por ocasião do desenvolvimento do processo de escolarização, mediatizado pelas dinâmicas do currículo. O sentido de currículo que norteou este trabalho como local onde são construídos os valores culturais que pautarão a trajetória dos sujeitos, a partir do processo de escolarização. No que diz respeito a cultura como experiência vivida consiste no processo de interação do sujeito com aspectos da vida cotidiana, aos quais são atribuídos significados e que passam a fazer parte de sua forma de existir e comunicar-se dentro dos processos sociais, produzindo um cultura característica de um determinado meio social que pode ser incorporada nas atividades relativas a educação formal do tipo escolar.
METODOLOGIA:
Nossa opção metodológica consistiu na construção de um caminho de caráter qualitativo, a partir da realização de uma etnografia retratando os detalhes do ambiente e das ações dos sujeitos, professores e alunos, de uma escola de Ensino Fundamental, localizada na periferia da cidade de Belém, buscando o significado das situações vividas e suas conexões como currículo escolar.
RESULTADOS:
Os dados colhidos nas reuniões com os professores, realizadas previamente a inserção dos pesquisadores na sala de aula, relevaram um alto grau de desmotivação com a prática docente e uma incompatibilidade de princípios entre os docentes e a proposta político-pedagógica da escola, por eles considerada excessivamente paradigmática, necessitando ser repensada em relação as peculiaridades dos sujeitos envolvidos no processo de escolarização naquele local. As observações em sala de aula demonstraram que essa desmotivação é levada para a construção da relação professor-aluno, expressa na impaciência apresentada pelos professores e alunos em relação às atividades envolvidas naquele espaço pedagógico. Boa parte dos professore não incentivam o diálogo sobre os conteúdos, rechaçando veementemente a possibilidade de discuti-los a luz das experiências cotidianas trazidas pelos alunos com a apresentação de elementos de suas vivências associadas à música, esporte e tarefas domésticas. Por parte dos alunos, a resposta a não consideração ou inclusão de elementos de sua cultura vivida no espaço de sala de aula é expressa em forma de distração, indisciplina e absenteísmo. As apoucas tentativas observadas de estabelecer trocas e/ou permitir a participação mais ativas dos alunos na discussão do conteúdo geraram a diminuição dos processos citados acima, construindo encontros de conhecimentos e experiências significativas.
CONCLUSÕES:
Concluí-se que a escola objeto do presente estudo, apesar das tentativas de alguns professores, em geral, trabalha-se o conteúdo paradigmático apresentado pelo currículo formal nas séries iniciais, sem que se tome conhecimento dos valores e significados que são atribuídos pelos sujeitos às questões e aspectos da vida cotidiana e da cultura como experiência vivida.
Instituição de fomento: Fundação Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia - FIDESA
Palavras-chave:  Currículo; Cultura vivida; Etnografia.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005