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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil | ||
MULHER, MÃE: FORMAÇÃO DE AUTO-CONCEITO E DE REPRESENTAÇÕES INFANTIS SOBRE O PAPEL DA MULHER. | ||
Maraiza Oliveira Costa 1 (maraizaufg@yahoo.com.br), Ivone Garcia Barbosa 1, Nancy Nonato de L. Alves 1, Telma Martins Teles 1 e Solange Martins Oliveira Magalhães 1 | ||
(1. Faculdade de Educação, Universidade Federal de Goiás - UFG) | ||
INTRODUÇÃO:
O projeto encontra-se vinculado ao projeto de pesquisa “Políticas Públicas e Educação da Infância em Goiás: história, concepções, projetos e práticas” (PRPPG/ Protocolo: 019/2003), coordenado pela Profª. Drª. Ivone Garcia Barbosa, da Faculdade de Educação/UFG. A escolha da temática de pesquisa deve-se à importância de compreender a condição de feminização do trabalho docente, assim como assunção do papel materno por adultos (professoras) e crianças, partindo da premissa de que o estudo sobre a infância e sua educação só pode ser desenvolvido com uma leitura crítica e sistemática sobre a proposição das políticas públicas amplas e sobre a relação entre as concepções de infância e educação com aquilo que é culturalmente veiculado tanto nas propostas políticas quanto no interior dos movimentos sociais – aqui se destaca o movimento de mulheres. Deste modo, foi eleita a temática de gênero para estudo, compreendendo que a forma como historicamente foi concebido o papel de mãe e do lugar que a mulher ocupa no seu grupo social é um dos fatores determinantes na constituição das relações familiares e nas visões sobre a educação da infância. Objetiva-se identificar as transformações históricas e culturais no papel da mulher e o modo como essas podem influenciar o desempenho da maternidade, analisar os elementos do processo de formação de auto-conceito de “mulher” e compreender o processo de constituição de representações infantis sobre o gênero feminino. |
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METODOLOGIA:
A fim de conhecermos a produção de sentidos no cotidiano e de concepções e auto-conceitos de mulher e de mãe, propusemos um levantamento de informações através de questionário com perguntas abertas a respeito do conceito e de como as participantes aprenderam a serem mulheres e mães, se o papel da mulher e da mãe mudou ao longo dos anos, se para elas existe diferença na educação de meninos e meninas, a relação entre a docência e a maternidade, dentre outras, as quais foram respondidas por 20 alunas, com idade entre 30 a 55 anos de idade, do período matutino do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação/UFG em convênio com a Secretaria Municipal de Educação de Goiânia, todas elas mães e professoras da rede municipal de ensino. Realizou-se, de uma perspectiva dialética, análise quantitativa e, ao mesmo tempo, qualitativa das informações, constituindo dados a partir de categorias desdobradas das próprias práticas discursivas dos participantes. As análises estão em fase de construção, considerando-se a complexidade dos discursos e representações sociais, bem como de sua interpretação em pesquisa, conforme mostra Spink (1999) e Barbosa e alli (2004). |
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RESULTADOS:
31,4% das participantes relacionam o conceito de mulher com luta, cidadania e trabalho; 56,9% usam características ligadas a feminilidade e 11,7% utilizam-se de outros adjetivos tais como inteligente e bonita para definirem “mulher”. Sobre como aprenderam a ser mulher: 35% disseram que aprendeu com a mãe; 5% não aprendeu com a mãe; 15% não aprendeu; 25% aprendeu através das regras da sociedade, 5% nas brincadeiras e 15% não responderam. Sobre o que as participantes achavam a respeito da mudança no papel das mulheres ao longo dos anos: 85% relataram que houve mudança e 15% disseram que não houve. A respeito do significado que atribuem a “ser mãe”: 23,4% relacionam este conceito a sensações e sentimentos pessoais, 43,3% a responsabilidade social (educação) e 33,3% a motivos afetivo-interacionais. Quando questionadas se o papel desempenhado pelas mães mudou ao longo dos anos: 95% das mulheres disseram que mudou; enquanto que 5% disseram que mudou “em termos”. Sobre a relação existente entre o papel desempenhado pelas professoras e o das mães: 80% das participantes disseram que há relação entre estes papeis no processo de socialização das crianças; enquanto que 10% disseram que não existe, e outros 10% relataram que existe pouca relação. Na questão “Existe alguma diferença na educação de meninos e meninas?”, obteve-se que: 20% demonstraram pensar que não há esta diferença, enquanto que 80% sugeriram que existe esta diferenciação. |
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CONCLUSÕES:
A maioria das participantes relaciona o conceito de mulher a características como sensibilidade, maternidade e fragilidade, historicamente determinadas pela sociedade que, por sua vez, se justifica a partir do aparato biológico. E esta influência que o social representa é verificada no fato da maioria relatar que aprendeu a ser mulher, com a mãe, com as crianças da mesma idade ou com outras pessoas, desmistificando o que se considera “instinto feminino” presente no senso comum. Sobre as mudanças que vem ocorrendo no papel desempenhado tanto pelas mulheres, de modo geral, quanto pelas mães é bem notável nas falas das participantes, que mesmo não concordando com estas modificações, como é o caso de algumas, as reconhecem como legítimas. Considerando, portanto, que a maior parte das mães-professoras que participaram da pesquisa concordam que existe uma diferenciação na educação de meninos e meninas, e que o papel desempenhado por elas, enquanto educadoras, está relacionado à maternidade vê-se a importância das discussões sobre gênero na formação de professores, principalmente aqueles que trabalham com a infância, tendo em vista que a educação tem o desafio de desenvolver “sujeitos pensantes”, sabedores e questionadores do que é posto pela sociedade desde a mais tenra idade. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: mulher-mãe; infância; educação. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |