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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 12. Psicologia | ||
VICISSITUDES DA DANÇA CÊNICA FORTALEZENSE ATUAL: ESBOÇO DE UMA CARTOGRAFIA POSSÍVEL DAS EXPERIMENTAÇÕES ÉTICO-ESTÉTICAS NESTE CAMPO. | ||
Mariana Tavares Cavalcanti Liberato 1 (mariana_liberato@yahoo.com.br) e Sylvio de Sousa Gadelha Costa 2 | ||
(1. Departamento de Psicologia, Universidade Federal do Ceará - UFC; 2. Faculdade de Educação / FACED, Universidade Federal do Ceará - UFC) | ||
INTRODUÇÃO:
O trabalho que pretendemos apresentar é resultado da pesquisa de monografia realizada durante o ano de 2004 no curso de Psicologia da UFC. A idéia central desse estudo derivou-se da observação dos pesquisadores acerca das transformações sócio-culturais ocorridas recentemente (principalmente, da década de 1990 até os dias de hoje) no campo da dança cênica fortalezense. A partir dessa constatação, intentamos compreender de que forma tais mudanças afetaram os modos de agir, pensar e sentir de bailarinos, coreógrafos e pesquisadores da área. Queríamos entender que processos de subjetivação estavam sendo postos em funcionamento como efeito dos encontros diferentes entre esses corpos e a dança, haja vista percebermos que outras maneiras de encarar a dança e a própria existência estavam sendo inventadas nesse contexto. Além desse objetivo principal, havia também o interesse em dar maior visibilidade ao campo da dança, pois é escassa a produção de pesquisas que envolvam essa área. Nesse sentido, tentamos criar um espaço no qual o diálogo entre diferentes saberes (Psicologia, Artes, Filosofia, Sociologia...) fosse possível e profícuo. |
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METODOLOGIA:
Optamos por trabalhar com pesquisa bibliográfica e de campo, utilizando-nos da “cartografia” como método de pesquisa e análise. A cartografia é uma ferramenta utilizada pelo filósofo Gilles Deleuze em sua “geofilosofia” e consiste em produzir um mapeamento das linhas, forças, fluxos e segmentaridades moleculares, isto é, das multiplicidades intensivas e microfísicas que se agitam em um campo social qualquer. Desta maneira, em nosso esboço de uma cartografia possível, decidimos fazer entrevistas com cinco pessoas, escolhidas por conveniência, que tomaram parte diretamente das mudanças ocorridas nos últimos anos na dança cênica fortalezense. Nossos entrevistados foram duas bailarinas, dois coreógrafos e uma pesquisadora da área. O instrumento usado foi uma entrevista semi-estruturada, gravada em fita cassete, que possibilitava perguntas ligadas às categorias: dança, corpo e subjetivação. A análise desse material, bem como a revisão bibliográfica teve como eixo principal o pensamento e as obras de autores perfilados com a Filosofia da Diferença, tais como Foucault, Deleuze e Guattari. |
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RESULTADOS:
Obtivemos, como resultado dos estudos, observações e do esboço de cartografia feito por meio da entrevista, um delineamento das modificações gerais pelas quais a dança, como movimento cênico, tem passado, bem como um panorama das mudanças nas formas de conceber e praticar esta arte. Temos, pois, como exemplo: a luta por profissionalização na área, mediante a criação de fóruns e associações que reivindiquem os direitos trabalhistas desses artistas; a busca por outras possibilidades de formação, que escapem ao esquema já instituído das academias; invenção de novos espaços de circulação dos espetáculos, incentivando a formação de platéia; procura por parcerias, principalmente através de editais e prêmios; maior intercâmbio entre linguagens artísticas diversas, assim como empenho por engendrar encontros entre a arte e outros saberes etc. |
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CONCLUSÕES:
Tendo em vista os resultados alcançados, percebemos que as transformações ocorridas no cenário social e artístico da cidade muito contribuíram na fabricação de novos possíveis para quem vive a dança neste local. Vimos que outras maneiras de relação com a dança estão sendo produzidas, através da utilização de diferentes técnicas e formações, propiciando experimentações estéticas e cênicas bem variadas em relação àquelas encontradas nas academias de dança, sob a primazia do balé clássico. Além disso, notamos um esforço em vincular, de maneira mais próxima, a dança e a vida, de modo a criar não somente espetáculos belos esteticamente, mas que afetem a quem os faz e a quem os assiste. Nesse sentido, constatamos uma maior abertura dentre esses profissionais por dialogar com outros saberes e linguagens (filosofia, literatura, artes visuais, novas tecnologias...) na busca por ferramentas que os possibilite chegar mais próximo ao público mediante suas criações. |
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Palavras-chave: Cartografia; Dança; Subjetivação. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |