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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 5. Enfermagem Pediátrica
ESTUDO DOS MECANISMOS DE QUEDAS EM CRIANÇAS INTERNADAS EM UM HOSPITAL DE EMERGÊNCIA
Aline de Souza Pereira 1 (enila@edu.unifor.br), Renata Carneiro 2 e Luiza Jane Eyre de Souza Vieira 2
(1. Curso de Enfermagem, Universidade de Fortaleza - UNIFOR; 2. Centro de Ciencias da Saúde, Mestrado em Educação e Saúde - UNIFOR)
INTRODUÇÃO:
Os acidentes na infância têm representado importante causa de morbimortalidade no mundo atual, tornando-se um problema de saúde pública, ao lado das doenças gastrointestinais, infecções respiratórias e desnutrição protéica calórica. No Brasil, um estudo realizado pelo Ministério da Saúde em mil novecentos e noventa e sete, revelou que houve cinco mil oitocentos e quarenta e três acidentes atingindo crianças de zero a quartoze anos e destacou como causas mais freqüentes, as colisões automobilísticas, atropelamentos, afogamentos, quedas e intoxicações. Os acidentes infantis sempre foram vistos como algo comum de acontecer entre crianças que estão começando a engatinhar, andar e tentar descobrir o mundo. Mas, outros estudos nos mostram que a morbidade por acidentes tem aumentado assustadoramente levando as crianças a sofrerem uma diversidade de lesões que envolvem, desde o trauma físico ou emocional, até seqüelas irreversíveis. Diante dessa perspectiva, vale ressaltar que tais eventos são perfeitamente previsíveis e preveníveis, por meio do estabelecimento de medidas de prevenção no ambiente domiciliar, escolar, creches, áreas de lazer, dentre outros, fortalecidas pela atuação profissional junto à família, comunidade e sociedade. Diante dessa visão, tem-se como objetivo identificar como ocorreram os acidentes por quedas em crianças internadas em um hospital de emergência.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e retrospectivo, desenvolvido em um hospital de assistência terciária idealizado para atender politraumatizados, constituindo-se, portanto, referência, não somente para o Estado do Ceará, bem como, para os demais estados do Nordeste. A população do estudo foi constituída de prontuários de crianças de 0 a 10 anos internadas nessa instituição por motivo de queda. A amostra foi representada por prontuários de crianças internadas no período de janeiro a dezembro de 2000. Foi elaborado um instrumento de coleta de dados para caracterizar o perfil sociodemográfico da criança e os dados específicos sobre a queda: mecanismo da queda, tipo de lesões originadas, tratamento, evolução do caso e condições de alta. Esses foram coletados no período de outubro a dezembro de 2004, a partir dos prontuários de crianças que foram internadas nas Unidades de Internamento Pediátrico pelo motivo de queda. Os dados foram tabulados manualmente e analisados em planilha eletrônica do Microsoft Excel. Esses foram apresentados na forma de gráficos e analisados sob a ótica da literatura pertinente ao tema. Vale acrescentar que, a proposta desse estudo, foi encaminhada para a Comissão de Ética da instituição vinculada ao mesmo, tendo aprovada sua realização, por estar de acordo com as normas estabelecidas pela Resolução 196/1996, que envolve pesquisa com seres humanos.
RESULTADOS:
Os resultados mostraram que foram internadas 841 crianças no ano de 2000, na faixa etária de 0 a 14 anos. Dentre essas, 111 crianças com idade de 0 a 10 anos, foram internadas por motivo de quedas. Dessas 111 crianças internadas por queda, 74 eram do sexo masculino e 37 do sexo feminino. Em relação ao sexo masculino, a faixa etária de maior incidência foi de 7 a 9 anos, com 33,3%, enquanto que, no sexo feminino, o intervalo de 4 a 6 anos foi o mais incidente, com 37,8%. Com relação ao mecanismo da queda, as quedas de altura, representadas por quedas de escada, escorregador, muro, portão, arquibancada e cisterna foram as de maior freqüência em todas as idades, com 40%, de 7 a 10 anos, 42,1%, de 4 a 6 anos, 52%, de 1 a 3 anos e 33,3%, em menores de um ano. As quedas de transporte tiveram maior freqüência nas crianças de 7 a 10 anos, com 16%, e as quedas da própria altura, com 17,6%, foram as mais freqüentes naquelas de 1 a 3 anos. Quanto às lesões originadas, predominou o trauma de membros superiores e o trauma crânio-encefálico, com 32,2% e 31,5%, respectivamente. Os traumas de membros inferiores tiveram 16,9%, trauma facial, 7,6% e traumas abdominais, vulvares e perineal, 5,9%, cada. Quanto ao tratamento submetido, 72% foi cirúrgico, 21,6% clínico e 6,3% em observação neurológica. Quanto à evolução, 96,3% foram internadas na unidade pediátrica e 5,4% foram à unidade de terapia intensiva pediátrica. Quanto às condições de alta, 91,8% tiveram alta melhorada e 8,1% tiveram alta para complementação.
CONCLUSÕES:
Concluímos que os meninos são mais vítimas de acidentes por quedas do que as meninas com idade entre 7 e 10 anos são as mais atingidas e as quedas de altura são as que mais ocorrem. Quanto às lesões originadas, os traumas crânio-encefálico, membros superiores e membros inferiores foram os mais causados. Mais de 70% das crianças receberam tratamento cirúrgico, 96,3 ficaram internadas em enfermarias pediátricas e 91,8% receberam alta melhorada. Tendo em vista essa conclusão, não podemos nos esquecer das inúmeras complicações que as quedas causam às crianças devido aos dias de internação, como as infecções respiratórias, úlceras de pressão, septicemias, trauma emocional, fragmentação do ambiente domiciliar, o custo econômico familiar, social e do sistema de saúde, seqüelas deixadas, como a amputação, dentre outros problemas, que se tornam menos visíveis. Cabe então aos profissionais de saúde e educação, visar, com urgência, a redução dos acidentes na infância, dando continuidade aos programas de prevenção de acidentes, mobilizando os setores de saúde e educação, das políticas públicas de saúde, inclusive da própria comunidade, dando ênfase nos programas de educação, que envolvam pais e crianças, por meio da conscientização sobre a necessidade de prevenção de acidentes e sobre a adoção de estilos e ambientes saudáveis.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Queda em criança; Prevenção de acidentes; Educação em saúde.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005