|
||
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia | ||
DISTRIBUIÇÃO DA HANSENÍASE SEGUNDO SEXO, NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA, DE 1995 A 2003. | ||
Fátima Lúcia Ramos Batista 1 (fatima@mcanet.com.br), Lucélia Maria Duavy 1, Paulo César de Almeida 2, José Jackson Coelho Sampaio 2, Lucianna Leite Pequeno 3 e Jose Maciel de Andrade 4 | ||
(1. Secretaria Municipal de Saúde, Prefeitura Municipal de Fortaleza.; 2. Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual do Ceará-UECE.; 3. Secretaria Estadual da Saúde do Ceará, Governo do Estado do Ceará.; 4. Secretaria Municipal de Saúde, Prefeitura Municipal de Caucaia.) | ||
INTRODUÇÃO:
A hanseníase continua sendo um importante problema de saúde pública, principalmente em países em desenvolvimento. Trata-se de uma doença infecto-contagiosa, causada pelo M. leprae que acomete pele e nervos periféricos, ocasionando sérias incapacidades físicas e sociais quando não diagnosticada e tratada precocemente. O município de Fortaleza, ainda é hoje, considerado hiperedêmico, com tendência à ascensão. A distribuição geográfica da hanseníase na cidade não é uniforme, nota-se diferenças importantes entre as Regionais, e inclusive entre bairros ou comunidades. A doença acomete indivíduos em ambos os sexos e em todas faixas de idade e, por apresentar multifacetada de sinais e sintomas constitui uma doença que pode assemelhar-se a outras, chegando exigir diagnóstico diferencial. Tratando-se de uma doença caracterizada por uma grande variabilidade de carga bacilar em seu curso clínico, sabe-se que a obtenção da cura requer diagnóstico precoce e tratamento adequado. Neste sentido, realizou-se um estudo objetivando analisar a distribuição da hanseníase segundo o sexo, em Fortaleza. Esse tema vem ao encontro das políticas de eliminação e controle da hanseníase impostas pelo Ministério da Saúde. A evolução da hanseníase em Fortaleza traz à baila, questões relevantes sobre a doença, no momento em que o País tem como desafio reduzir a taxa de prevalência que varia de 0,4 a 17/10.000 habitantes para 1 caso por 10.000 habitantes. |
||
METODOLOGIA:
Realizou-se um estudo epidemiológico, descritivo, utilizando o método quantitativo para ampliar as informações sobre a hanseníase em Fortaleza, cidade localizada no extremo norte do Ceará. O município possui uma extensão geográfica de 336 Km2 e população de 2.293.231 habitantes (IBGE, 2000), distribuídos em 144 bairros. Em 1997, a cidade passou por uma reforma político-administrativa, com a finalidade de garantir o acesso do cidadão aos serviços, às informações e à participação nas decisões referentes ao espaço urbano onde ele vive, a partir da descentralização da gestão municipal, resultando na sua divisão em seis Secretarias Executivas Regionais, obedecendo a uma área de abrangência com grupos populacionais homogêneos. Para analisar a situação epidemiológica da hanseníase criou-se um banco de dados secundários dentro do programa Excel para as 8.765 notificações extraídas do banco de dados do SINAN/CEVIEPI/SMS, do período de 1995 a 2003. A análise dos resultados foi baseada no cálculo da freqüência, dos coeficientes de correlação, de regressão e de associações, bem como, nos parâmetros dos indicadores epidemiológicos e operacionais definidos pelo Ministério da Saúde. Os coeficientes de detecção foram calculados com seus intervalos de confiança de 95% no programa SPSS versão 10. O nível de significância crítico assumido para rejeição da hipótese de nulidade adotado em todo tratamento estatístico foi de uma probabilidade máxima de erro tipo I de 5% (p < 0,05). |
||
RESULTADOS:
Os resultados apontam para um crescimento estatisticamente significante do número de casos no período estudado (r = 0,805; p = 0.009), registrando maior freqüência (34,5%) na Regional V. Dos casos notificados, 51,5% são do sexo feminino e 48,5% do sexo masculino. No entanto, em 2003, a taxa de detecção anual de casos novos no sexo masculino foi 4,6 por 10.000 habitantes, maior do que a do sexo feminino: 4,3 por 10.000. A proporção encontrada entre homens e mulheres doentes, no último ano da série foi de 1:1,06. Verificou-se que entre as mulheres houve predomínio das formas tuberculóide (44,8%) e indeterminada (9,8%), enquanto que no sexo masculino a predominância foi das formas virchoviana (31,1%) e dimorfa (40,6%). Isto justifica a maior freqüência encontrada de casos com incapacidade Grau I (23,9%) e Grau II (10,9%) nos homens, contra 13,5% e 4,3% nas mulheres, confirmando a ocorrência de uma maior proporção de diagnóstico tardio em homens. A distribuição do número de casos segundo a forma clínica e sexo, revelou associação entre essas variáveis (χ2= 749,60; p = 0,0001). Quanto à classificação operacional os dados revelam que entre os homens prevaleceu a forma multibacilar (34,8%), enquanto que nas mulheres, a paucibacilar foi mais freqüente (28,1%). O encaminhamento continua sendo o principal modo de detecção de portadores de hanseníase para ambos os sexos. No entanto, 17,8% de casos diagnosticados por demanda espontânea são mulheres. |
||
CONCLUSÕES:
Apesar do número de casos de hanseníase, ao longo do período estudado, apresentar crescimento praticamente igual para ambos os sexos, concluiu-se que a hanseníase em Fortaleza incide desigualmente entre homens e mulheres, acarretando maior repercussão nos homens, em termos de incapacidades físicas. Acredita-se que a proporção encontrada de um homem para cada duas mulheres representa o fato de no município, as mulheres serem em maior número que os homens na população e procuram mais os serviços de saúde. Houve associação entre a forma clínica tuberculóide e o sexo feminino. Desta forma, este estudo aponta para a necessidade dos serviços de saúde do município implementarem estratégias que considerem as diferenças biológicas e sociais entre homens e mulheres de modo a proporcionar eqüidade no acesso e proteção à saúde, pois a hanseníase depende para seu controle, da existência de uma rede básica de saúde bem estruturada que garanta a qualidade o regularidade dos serviços prestados. |
||
Palavras-chave: Hanseníase; M. leprae;; Políticas de Saúde. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |