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F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Planejamento Urbano e Regional - 4. Planejamento Urbano e Regional | ||
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E RISCOS DE DESASTRES NA PERCEPÇÃO DOS MORADORES DO CÓRREGO DA ANDORINHA, BAIRRO DE TABATINGA, MUNICÍPIO DE CAMARAGIBE – PE | ||
Aldemar dos Santos Menor 1 (amenor@click21.com.br), André Luiz da Cunha Braga 1, Carlos José de Freitas Pereira 1, Célia Vicente de Oliveira 1, Edneida Rabelo Cavalcanti 1, 2, 4, João Cristiano Gusmão Barroso 1, Lígia Albuquerque de Melo 1, 2, Rejane Lucena dos Santos 1 e Solange Fernandes Soares Coutinho 1, 2, 3 | ||
(1. Mestrado em Políticas Públicas, Inst. de Form. e Desenv. Profissional – Fundaj; 2. Coord. de Estudos Ambientais, Instituto de Pesquisas Sociais – Fundaj; 3. Depto. de Geografia e História, Fac. de Form. de Profs. de Nazaré da Mata – UPE; 4. Núcleo de Gestão Ambiental, Fac. de Ciências da Administração de PE – UPE) | ||
INTRODUÇÃO:
Este trabalho vem ao encontro do que estabelecem os artigos 182 e 183, da Constituição Federal de 1988, referente à fixação de uma política de desenvolvimento urbano, especialmente no âmbito do Poder Público Municipal, e posteriormente regulamentado pela Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, o Estatuto das Cidades; a Política Nacional de Defesa Civil; a Rio 92, que na Agenda 21 propõe a necessidade de Promoção do Desenvolvimento Sustentável nos Assentamentos Humanos, sobretudo no que tange as condições de habitação, planejamento e manejo sustentáveis do uso da terra e dos assentamentos humanos localizados em áreas sujeitas a desastres e a promoção integrada da infra-estrutura ambiental. O objetivo do trabalho é verificar a relação entre degradação ambiental e os riscos de desastres no Córrego das Andorinhas, bairro de Tabatinga, município de Camaragibe que integra a Região Metropolitana do Recife – PE, considerando os critérios técnicos, bem como a identificação do nível adequado de intervenção na área, sob a percepção dos moradores, para equacionamento das diversas situações de riscos observadas. Visa, ainda, fornecer subsídios ao poder público local para promover ações de intervenção que estejam em sintonia com o sentimento da população residente e em consonância com critérios técnicos de mitigação de situações de risco. |
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METODOLOGIA:
A metodologia constou da revisão bibliográfica, seguida da coleta de dados primários. Esta última se deu mediante a aplicação de questionário, concebido no formato de perguntas semi-abertas. Os sujeitos respondentes representaram 30% do universo de 115 domicílios. Destes, 71% têm até 20 anos de fixação no local, 67,6% até 40 anos de idade e são analfabetos ou estudaram até o Ensino Fundamental. A maioria da população está no mercado informal. Utilizou-se, como referência para a classificação das áreas de risco consideradas, o “Mapa de Risco Geológico Urbano”, elaborado como exercício da disciplina “Risco Geológico”, oferecida pelo Departamento de Geologia da Universidade Federal de Pernambuco, sob a responsabilidade da Profª Margareth Alheiros. O questionário buscou investigar a dimensão da degradação ambiental e a situação de risco de desastres, a relação de um com outro e meios de evitar o grau de vulnerabilidade detectado, a partir da ótica dos moradores. Após a coleta de dados, procedeu-se o tratamento dos mesmos e a sua análise interpretativa. |
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RESULTADOS:
Do universo pesquisado, 76,5% dos entrevistados acreditam que há problemas de degradação ambiental no Córrego das Andorinhas e creditam ao lançamento de esgotos domésticos não tratados nos canais de drenagem; às escadarias escavadas nas encostas; à ausência de coleta de lixo e à existência de ratos, as principais razões deste quadro. Destes, 91,2% associam que há relação entre a degradação ambiental e os riscos de desastre, sobretudo por conta da possibilidade de desmoronamento de barreiras, o que foi citado pela maioria dos pesquisados. Dos moradores, 67,6% conseguem identificar ações que podem evitar os riscos provenientes da degradação ambiental, das quais destacam-se: a colocação de lonas plásticas; o conserto das escadarias; a fixação de colunas de ferros nas encostas, mas destacam a construção de muros de arrimo como a melhor solução. Mesmo assim, 78,1% não acreditam que as implantações destas ações seriam suficientes para eliminar a situação de risco. Dos entrevistados, 70,6% identificam que suas residências estão em situação de risco e temem o desmoronamento das barreiras e o conseqüente desabamento de suas casas no próximo período de chuvas. Um sentimento detectado na maioria dos moradores pesquisados é a satisfação em morar no Córrego das Andorinhas, apesar de todas as situações de risco identificadas. A boa vizinhança e o fácil acesso a serviços públicos (educação, saúde, transporte) são responsáveis por essa consideração. |
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CONCLUSÕES:
A população do Córrego das Andorinhas possui a percepção de riscos de desastres semelhante ao que foi identificado tecnicamente pelo “Mapa de Risco Geológico Urbano” supracitado, classificado-os como baixo ou inexistente, médio, alto ou muito alto. Quanto às intervenções propostas para alteração do quadro de situação de risco, os moradores acreditam que a responsabilidade total é do poder público municipal, não se identificando como agentes causadores da degradação ambiental ou agentes do processo de mudança. Soluções alternativas para evitar o desmoronamento de barreiras como a plantação de gramíneas nas vertentes ou tecnologias semelhantes não são percebidas como interessantes, dando-se prioridade a construção dos muros de arrimo. Pelo que se pode constatar, qualquer intervenção planejada, deve, na medida do possível, levar em consideração a vontade deliberada da maioria dos moradores de não serem retirados do seu habitat. Neste sentido, objetivando a validação das ações proposta, o diagnóstico, o planejamento e o gerenciamento das soluções que visem a mitigação dos riscos de desastres devem ser realizados a partir de critérios que tenham como princípio a participação da população local, no sentido de propiciar a co-responsabilidade e, por conseguinte, a valorização dos espaços por parte da população a ser beneficiada. Para isto, deve-se estar atento à história da comunidade e à ótica dos seus componentes, por representarem agentes integrantes dos processos de mudança. |
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Palavras-chave: riscos de desastres; degradação ambiental; ocupação desordenada do solo urbano. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |