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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 1. Lingüística Aplicada | ||
LETRAMENTO DIGITAL: LEITURA E ESCRITA NA CIBERCULTURA | ||
Hildeberto Nascimento de Melo 1 (hildebertomelo@hotmail.com) e Ivanda Maria Martins Silva 1 | ||
(1. Faculdade Integrada do Recife - FIR) | ||
INTRODUÇÃO:
Na era da cibercultura (Cf. Lévy, 1999), no mundo marcado pelo automatismo e pela superabundância de informações, as habilidades de leitura e escrita dos indivíduos começam a ser reavaliadas diante de um novo tipo de letramento: o letramento digital. Segundo Buzato (2005), pode-se definir essa noção como “conjunto de conhecimentos que permite às pessoas participarem das práticas letradas mediadas por computadores e outros dispositivos eletrônicos no mundo contemporâneo”. Na era das simulações virtuais, do predomínio das imagens, do universo digital e interativo, em que autores e leitores redefinem seus papéis, não cabe à escola apenas a função de formar sujeitos alfabetizados, capazes de decodificar signos lingüísticos. É preciso ampliar o grau de letramento dos alunos, capacitando-os para os usos sociais da leitura e da escrita. Pretende-se analisar os impactos das novas tecnologias nas estratégias de leitura e de escrita de alunos universitários, considerando a mudança de paradigmas referente ao letramento digital. |
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METODOLOGIA:
A metodologia utilizada para atender aos objetivos propostos consiste na aplicação de 100 questionários, com questões objetivas e subjetivas, visando-se sistematizar o perfil do egresso no curso de Sistemas de Informação de uma faculdade particular, localizada em Recife. Para tanto, o público-alvo da investigação foi constituído por alunos do primeiro período, com idade entre 20 e 30 anos, predominando o sexo masculino. Os questionários foram analisados quantitativa e qualitativamente, observando-se as respostas mais relevantes para a análise final dos dados. |
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RESULTADOS:
Com base nos questionários aplicados, obtivemos os seguintes resultados: 71% acreditam que as novas tecnologias interferem, substancialmente, nas práticas de leitura e escrita. 98% afirmam que a leitura e a produção textual são habilidades importantes no desenvolvimento das atividades profissionais e educacionais. 45% afirmaram gostar de escrever e 55% responderam que não gostam de escrever, escrevem apenas quando são forçados. Nota-se que a escrita está associada à imposição, ou seja, uma atividade desvinculada do prazer. Nesse sentido, cria-se o mito de que escrever é uma tarefa árdua, difícil, vinculada ao mundo do trabalho ou ao contexto escolar. 19 % escrevem em função das exigências das atividades profissionais, 51% por conta das tarefas escolares, tais como: produção de resumos, resenhas, provas, etc. Apenas 30 % escrevem devido a uma necessidade pessoal, compreendendo a escrita como forma de lazer. O e-mail surge como o canal de comunicação mais utilizado pelo público-alvo na produção escrita, com 73%, e as salas de bate-papo (chats) estão em segundo lugar, com 18%. Foi perguntado se, com o surgimento da internet, os indivíduos estariam lendo mais e 79% responderam que sim, mas ainda há uma preferência pela leitura em material impresso, devido a alguns fatores citados pelos entrevistados, tais como: desconforto ao ler um texto na tela do computador, cansaço visual, praticidade de manusear o livro impresso, entre outros. |
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CONCLUSÕES:
As novas tecnologias criaram outras alternativas para os indivíduos estabelecerem novos contratos comunicativos, em que a interatividade e a superabundância de informações vêm requerer leitores e produtores de textos ainda mais dinâmicos e cooperativos. Dialogicamente relacionadas, leitura e escrita tornam-se um processo indissociável. O ato de ler fundamenta-se na reescrita textual, considerando a tela do computador como novo canal de comunicação, no qual, diante da infinidade de links, o leitor navega no mar de informações, perde-se, acha-se, escreve, reescreve, assumindo diversas funções. Por outro lado, a escrita virtual abre espaço para uma autoria compartilhada, em que, ao escrever um texto, o autor torna-se produtor, revisor, editor, assumindo, também, diversos papéis. Com base nos dados coletados, podemos observar que as noções de leitura e escrita, apresentadas pelos alunos universitários, refletem uma concepção escolarizada. Nessa visão, leitura e escrita tornam-se atividades vinculadas aos exercícios escolares, tais como: produzir uma redação, fazer um teste ou uma prova, preencher fichas de leitura, etc. A escola gera, no aluno, a idéia de que ler e escrever são atividades limitadas ao espaço de sala de aula. Essa visão escolarizada parece ser ainda recorrente, quando os alunos ingressam no ensino superior e não conseguem desenvolver as habilidades de leitura e escrita com autonomia. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Letramento; Leitura, Escrita; Cibercultura. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |