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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
COMPARAÇÃO DA DIVERSIDADE DE INSETOS VOADORES ENTRE UM FRAGMENTO DE MATA DE CIPÓ E UMA PLANTAÇÃO DE EUCALIPTO NO CAMPUS DA UESB - VITORIA DA CONQUISTA/BA
Lucas Luz Pires 1 (bioluca@bol.com.br), Débora Silveira Barros 1, Leandro Araújo 1, Lívia O. Correia Pierote 1, Thaís Andrade Oliveira 1 e Raymundo José de Sá-Neto 1
(1. Lab. Ecologia, Depto Ciências Naturais, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB)
INTRODUÇÃO:
A classe Insecta é o grupo de animais com a maior riqueza e abundância em todo o mundo, com elevadas densidades populacionais. Este grupo ocupa diversos ambientes e possui ampla variedade de guildas ecológicas, atuando em um ecossistema como predadores, parasitos, fitófagos, saprófagos, polinizadores, entre outros. Desse modo os insetos apresentam alta habilidade para dispersão e seleção de hospedeiros e de respostas à qualidade e quantidade de recursos disponíveis, além da dinâmica populacional das espécies serem altamente influenciadas pela heterogeneidade do habitat. Portanto os insetos possuem uma grande importância ecológica e econômica, sendo um grupo bastante adequado para estudos biologia da conservação e efeitos de fragmentação florestal. O objetivo deste trabalho é comparar diversidade de insetos voadores entre um fragmento de florestal e uma plantação de eucalipto. Estabelecendo como hipótese que o fragmento florestal apresenta maior riqueza e abundância de insetos voadores do que a área de eucalipto.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado no Campus da UESB de Vitória da Conquista, esta área apresenta uma plantação de eucalipto ao lado de uma reserva de 60ha de floresta estacional semidecidual, conhecida na região como Mata de Cipó. Para a realização deste trabalho foram abertos três transectos com 60m em cada área. Nos transectos, a cada 20m foram abertas trilhas laterais de 6m, onde foram colocadas as armadilhas penduradas em árvores a uma altura aproximada de 1,70m. As armadilhas do tipo pega-moscas foram feitas de garrafas tipo “pet” de 2,5 l, onde colocou-se três funis para possibilitar a entrada dos insetos. As coletas foram feitas a cada dois dias, num total de cinco coletas durante o mês de outubro de 2004. Após as coletas os insetos eram levados ao laboratório de ecologia da UESB, onde foram triados e conservados no congelador em bandejas cobertas com papel filme. Caso algum exemplar ainda estivesse vivo durante a triagem, este era sacrificado em um frasco com acetato de etila. Foram utilizadas chaves sistemáticas para identificação das ordens dos insetos coletados, a partir disso os exemplares eram morfoespeciados. Para a análise dos dados da estrutura da comunidade de insetos entre as duas áreas, foram utilizados dados de riqueza de espécies e abundância e comparados através do teste G disponível no software Biostat 2.0. Além disso foram calculados os índices de diversidade de Shannon e de similaridade de Jaccard, através do Software Ecological Metodology 1.0.
RESULTADOS:
Foram coletados 7431 indivíduos, distribuídos em 37 morfoespécies de oito ordens. A ordem Diptera representou 87,6% dos indivíduos encontrados, tanto na área de mata de cipó quanto na área de eucalipto, seguida das ordens Neuroptera (5,7%), Blattaria (2,54%), Lepdoptera (2,3%), Coleoptera (1,15 %), Hymenoptera (0,35%), Ortoptera (0,24%) e Hemiptera (0,17%). No fragmento de Mata de Cipó foram coletados 6986 indivíduos, 34 morfoespécies e oito ordens. Diptera foi ordem mais abundante, representando 89,8% dos indivíduos coletados, seguido por Neuroptera (4,9%) e Lepdoptera (2,0%), as demais ordens representaram 3,3% dos exemplares. O índice de diversidade da Mata de Cipó foi de 1,433 bits/indivíduo e equitabilidade de 0,046. Na plantação de eucalipto foram capturados 445 exemplares, 29 morfoespécies e oito ordens. Destas as mais abundantes foram Diptera com 53,3% dos indivíduos, Neuroptera (18,7%) e Blattaria (12,4%). A diversidade do eucalipto foi de 3,355 bits/indivíduo e equitabilidade de 0,235. A duas áreas apresentaram uma similaridade de 70,3%. Não houve diferença significativa para a estrutura de riqueza de espécies entre as duas áreas (G= 0,7828; gl=7; p>0,05), mas houve para a abundância (G= 3,777; gl=7; p <0,05).
CONCLUSÕES:
Os dados deste trabalho suportam a hipótese quando ao observar que a Mata de Cipó apresta uma maior riqueza de espécies e abundancia de indivíduos coletados, no entanto o menor índice de diversidade encontrado nesta área não corrobora a hipótese. Provavelmente a super abundância de dípteras na Mata de Cipó deve ser a causa da menor diversidade do fragmento, pois é sabido que diversidades elevadas ocorrem quando há grande número de espécies (riqueza) e os indivíduos estão distribuídos em quantidades equilibradas entre as espécies (equitabilidade). Áreas menores tendem a ter menor abundância e riqueza. De modo semelhante, em áreas menores o número de habitats também tende a ser menor, tornando-as áreas mais homogêneas, o que impossibilita a coexistência de grande número de espécies. Provavelmente a pequena área do fragmento (60ha) deve ter influenciado a abundancia de dípteras e a menor diversidade da área. A proximidade entre os dois locais analisados e a capacidade de vôo dos animais estudados deve ter contribuído para a alta similaridade das áreas. Provavelmente os indivíduos utilizam os dois ambientes com área de uso ou de forrageio.
Palavras-chave:  Conservação; Diversidade; Ecologia de Comunidades.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005