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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS, RESULTANTES DO USO E OCUPAÇÃO DAS ÁREAS DE MANGUE DO ESTUÁRIO DO RIO CEARÁ-CE
Francisco Gessivaldo Regino Costa 1 (gessivaldo@yahoo.com.br), Marta Celina Linhares Sales 1 e Edilândia Maria da Silva Lima 1
(1. Depto. de Geografia, Universidade Federal do Ceará - UFC.)
INTRODUÇÃO:
A destruição dos ecossistemas naturais, provocada por desequilíbrios resultantes da ação antrópica, tem ocasionado a diminuição da biodiversidade do planeta. A apropriação e utilização de forma predatória dos recursos naturais, a ocupação desordenada e o manejo inadequado das áreas que englobam tais recursos são fatos preocupantes que colocam em risco a própria existência humana. Em decorrência da má utilização desses recursos, principalmente nos ecossistemas estuarinos, muitas espécies estão desaparecendo e as comunidades costeiras padecendo por não exercerem suas atividades de subsistência. A especulação imobiliária, o alto custo da terra e a falta de condições no meio rural, tem ocasionado a migração de famílias para as regiões metropolitanas, ocupando de forma irregular e desarranjada áreas de proteção ambiental (estuários, entorno de lagoas, margens de rios, etc.). O crescimento desordenado dos municípios de Caucaia e Fortaleza associado a ausência de planejamento urbano e ambiental, tem causado modificações na paisagem litorânea e fluvial. Em suma, a presente pesquisa objetiva analisar as condições sócioambientais e os impactos resultantes do uso e ocupação da margem oeste do manguezal do rio Ceará (antigo campo de salinas), diagnosticando e espacializando os impactos sobre o ecossistema e sobre as comunidades locais (Guaié, Boi Choco, etc.), mitigando os anseios destes através do desenvolvimento de formas de manejo racionais e adequadas.
METODOLOGIA:
Os procedimentos técnicos e metodológicos que foram escolhidos para o desenvolvimento dessa pesquisa, constituíram-se em etapas integradas e subsecutivas. Realizou-se levantamentos bibliográficos, fotográficos e cartográficos gerais e específicos sobre o tema em observação, permitindo posterior registro, tabulação e consideração das informações obtidas. Foram feitas visitas a órgãos públicos, particulares, lideranças comunitárias e instituições de ensino (FUNCEME, SEMACE, CPRM, LABOMAR, UFC). Utilizou-se mapas na escala 1:30.000, fotografias aéreas do rio Ceará na escala 1:25.000, Imagens de satélite da Região Metropolitana de Fortaleza, Imagens do satélite LANDSAT 5 sensor TM, composição colorida, bandas TM3, TM4, TM5, Carta Planialtimétrica da SUDENE/DSG MI-684, Mapa geológico da Região Metropolitana de Fortaleza, escala 1:150.000 (CPRM). As etapas de campo consistiram na delimitação da área, arrolamento das formas de uso e ocupação do solo, adensamento populacional, análises físico-química e bacteriológica da água utilizada, levantamentos de informações junto à comunidade através da aplicação de questionários e entrevistas, onde obteve-se mais detalhes permitindo a detecção dos tensores antrópicos causadores dos impactos ambientais na área. Na coleta e Manipulação dos dados, utilizou-se equipamentos (Computador Athlon XP 2.6 Ghz, 512 Mb Ram, Gravadora de CD, Impressora HP-692C, Scanner VIVISCAN Compact II, Câmera Cannon 16mm), que permitiram o tratamento das informações.
RESULTADOS:
Constatou-se que a população que vive no entorno da área em estudo, é de baixa renda e integrante de duas comunidades cognominadas Guaié e Boi Choco, compostas na sua maioria por índios tapeba, coligados a um número significativo de pessoas, oriundas do interior do estado e de bairros próximos. O modo de ocupação urbana ocorre de forma inadequada, com instalações em áreas de risco, sujeitas a inundações durante o período chuvoso e às incursões das marés altas. Não existe coleta de lixo nem sistema de escoadouro sanitário e abastecimento de água, sendo o despejo de efluentes domésticos e de águas servidas realizados nos canais de maré, gamboas ou em fossas simples. A água consumida pela população advém de poços contaminados: Coliformes Totais = 2410 (NMP/100mL), Coliformes Termotolerantes = 310 (NMP/100mL), Escherichia Coli = 230 (NMP/100mL). Espécies da vegetação nativa estão sendo retiradas para a produção de carvão, utilizado como fonte de energia e de renda pela população local. A criação de gado bovino no manguezal está causando a compactação do solo e a morte de algumas espécies de caranguejos. Minerações clandestinas (areia, argila), antecedidas pelo desmatamento do manguezal e de espécies da mata ciliar, lixo em excesso nas áreas de apicuns, dentro e fora (margens) das gamboas e derrame de derivados de petróleo são agressões constantes. A pesquisa detectou que os tensores antrópicos anteriormente citados são os principais causadores dos impactos ambientais no local.
CONCLUSÕES:
O fluxo de energia e matéria que adentram, faz com que os ecossistemas estuarinos retenham grande capacidade produtiva, pois possuem condições adequadas à alimentação, proteção e disseminação de muitas espécies além de gerar diversos bens e serviços ao homem. A área em análise, vem sofrendo transformações sócio-ambientais, provocadas tanto por fatores naturais como antrópicos, que vem modificando a dinâmica natural do estuário, acelerando diversos processos. Tratando-se dos processos antrópicos, necessita-se que providencias sejam tomadas com certo grau de urgência. Por tratar-se de uma APA (Área de Proteção Ambiental), existe um certo conflito, pois equipamentos urbanos como postes e redes de eletrificação estão sendo implantadas no antigo campo de salinas, descaracterizando o ecossistema e dando subsídios para que outros adentrem inclusive habitando as áreas de risco. A água utilizada pela comunidade é contaminada e de má qualidade acarretando diversas doenças que prejudicam em maior teor as crianças e os idosos. A ocupação desordenada e o descaso dos órgãos municipais e estaduais em fiscalizar e fazer cumprir-se as leis pertinentes à conservação do meioambiente contribuem ainda mais para o agravamento da situação tanto das comunidades locais quanto do próprio ecossistema manguezal.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  ecossistema manguezal; impactos ambientais; estuário do rio Ceará.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005