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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
HIPERATIVIDADE E INDISCIPLINA: A MATEMÁTICA COMO INSTRUMENTO DE INTEGRAÇÃO DAS DIFERENÇAS
Osvaldo dos Santos Barros 1, Maria José de França Fernandes 1 e Marizeth Santos Costa 1
(1. Centro de Educação, Universidade Federal do Pará - UFPA)
INTRODUÇÃO:
São muitas as dificuldades dos professores e professoras, quando necessitam desenvolver ações pedagógicas inclusivas para estudantes portadores do Transtorno de Déficit de atenção/Hiperatividade – TDAH, ou que apresentam dificuldades nas relações interpessoais, caracterizados como indisciplinados. Um dos motivos dessa dificuldade é a de conhecimento sobre a diferenciação entre esses sujeitos, o que acarreta em situações de exclusão que interferem no desenvolvimento sócio-cognitivo e afetivo dos estudantes que ficam a margem do processo de ensino-aprendizagem.
Diante desse quadro e preocupadas com esse processo de exclusão escolar, nos lançamos à análise dos critérios utilizados pelos professores e professoras para diferenciar o estudante hiperativo do indisciplinado e como as atividades lúdicas, tendo como suporte a Matemática, podem ajudar os alunos portadores desses problemas a integrarem-se no contexto da sala de aula, estimulando-os a participarem mais ativamente do processo educativo.
A pesquisa visa contribuir para uma melhor compreensão e seguida de diferenciação das necessidades dos estudantes hiperativos e dos indisciplinados, sugerindo também algumas alternativas metodológicas a partir do uso da matemática numa perspectiva lúdica, potencializando as relações afetivo-cognitivas entre esses estudantes, seus professores e professoras e os demais estudantes da sala, para desenvolver o aprender-ensinar pelo prazer e substituir a exclusão pela integração.
METODOLOGIA:
Para realização do estudo, optamos pela abordagem qualitativa, por ser flexível e não se restringir a uma única visão. Dentro desta abordagem escolhemos a pesquisa bibliográfica que permitiu aproximações dos autores que discutem o tema central do estudo, respaldando teoricamente o problema levantado. A pesquisa de campos possibilitou um contato direto com os sujeitos da pesquisa.
Na observação participante, percebemos atitudes, falas, gestos nas relações entre professor, estudante hiperativo ou indisciplinados e os demais estudantes. Outra técnica, foi a entrevista semi-estruturada, que proporcionou, a partir das primeiras perguntas, a elaboração de outros questionamentos que contribuíram com a análise dos conteúdos.
A pesquisa de campo foi na Escola Estadual de Ensino Fundamental Jarbas Passarinho que apresentava um estudante hiperativo e outro suposto hiperativo e que era apenas indisciplinado.
Os sujeitos da pesquisa são: o aluno hiperativo e o indisciplinado; a professora da turma e a professora de apoio. O foco de observação incidiu nas atitudes das professoras.
O trabalho teve quatro momentos: 1) revisão bibliográfica sobre hiperatividade, indisciplina e matemática; 2) observação das relações dos sujeitos da pesquisa; 3) elaboração de questões e entrevistas com as professoras que tiveram experiências com hiperativos e indisciplinados; 4) transcrição e leituras das entrevistas, seleção das informações relevantes e produção do texto final.
RESULTADOS:
Ao analisarmos as falas das professoras pesquisadas, percebemos que elas partem do senso comum para tentar conceituar hiperatividade. Apesar de citarem algumas características de hiperatividade, tais como: falta de concentração, inquietação, presente também, nas manifestações de indisciplina; algumas professoras enfatizam bastante a inteligência como uma característica da criança hiperativa.
Percebemos que apesar do diagnóstico comprovado, a hiperatividade é vista como indisciplina, o que se pode pensar que aí subjás o preconceito e a rotulagem, que acabam afastando do grupo os portadores de ambos os problemas, por se configurarem naqueles que “atrapalham”. Ou seja, apesar da criança ser diagnosticada como hiperativa, isso não muda a dinâmica da sala de aula com relação a essa criança, a não ser o fato desta, agora ser vista como “diferente,” “especial.”
Outros resultados obtidos correspondem aos recursos matemáticos aplicados aos jogos que envolvem as quatro operações, além do Tangram, com suas figuras regulares e a montagem de personagens, as dobraduras com a manipulação do papel e a formação de mensagens nos “códigos secretos” que envolvem letras e números.
CONCLUSÕES:
Concluímos que as dificuldades dos professores e professoras em diferenciar o estudante hiperativo do indisciplinado, por conta da semelhança em seus comportamentos, podem implicar na acomodação por parte do professor, no sentido de encaminhar um aluno que apresenta tal comportamento, para ser avaliado por um profissional, que possa diagnosticá-lo, como sendo hiperativo ou apenas indisciplinado. Pois se sabe, que a falta desse diagnóstico pode trazer sérios danos à vida social desses alunos.
As professoras entrevistadas afirmaram não existir diferença entre esses estudantes, pois “a criança hiperativa é danada, a indisciplinada também”. Conhecer os sintomas da hiperatividade e aprender a lidar com esses problemas é uma obrigação de qualquer professor que não queira causar danos aos seus alunos. Pois se a hiperatividade não for diagnosticada no início e tratada com medicação ou orientação pedagógica, apresentará futuras complicações.
Como possibilidade, o ensino da Matemática através de jogos é um dos instrumentos que pode ser útil a esse propósito de integração, haja vista que os diversos conteúdos dessa disciplina, para serem aprendidos requerem raciocínio e concentração.
Esperamos que esse trabalho colabore com práticas educativas que propiciem aos professores conhecimento para fazer da sala de aula um ambiente de exercício de tolerância das diferenças tornando-se assim, rico em possibilidades de construção individual e coletiva de conhecimentos e sentimentos.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Hiperatividade; Indisciplina; jogos matemáticos.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005