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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 1. Climatologia | ||
EVENTOS EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO NO LITORAL NORTE PAULISTA | ||
Wilson Flavio Feltrim Roseghini 1 (feltrim@hotmail.com) e João Lima Sant’Anna Neto 2 | ||
(1. Pós-Graduação em Geografia, Faculdade de Ciência e Tecnologia - FCT/Unesp; 2. Departamento de Geografia, Faculdade de Ciência e Tecnologia - FCT/Unesp) | ||
INTRODUÇÃO:
O uso e ocupação desordenados de encostas têm levado essas áreas a uma rápida degradação ambiental. Os impactos pluviais decorrentes de sucessivos processos de movimentos de massa e inundações resultam tanto da dinâmica natural como das ações humanas. O Litoral Norte Paulista, área de estudo desta pesquisa, está situado entre a Serra de Juqueriquerê e a Ilha de São Sebastião até a Serra de Parati, limite com o estado do Rio de Janeiro, compreendendo os seguintes municípios: Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela. Possui uma altitude que varia de 0 a 1200 m, com totais pluviais médios anuais que variam entre 1500 e 3000 mm. Esta região é caracterizada pela presença marcante da Serra do Mar próxima à costa litorânea, em que apresenta uma declividade acentuada de suas escarpas, sendo responsável pela ocorrência de chuvas orográficas. A referida área de estudo tem sido palco de diversos eventos anômalos e catastróficos relacionados às inundações e movimentos de massa, resultando em centenas de vítimas e graves danos econômicos. Tais episódios são desencadeados, na sua grande maioria, por eventos de precipitações pluviométricas intensas associadas ao processo de uso e ocupação em áreas de risco. O ritmo climático e a sucessão dos tipos de tempo nesta região dificultam, por vezes, uma noção de conjunto do comportamento pluviométrico da área, conforme ressaltou SANT’ANNA NETO (1990). |
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METODOLOGIA:
Em busca da caracterização regional das variações pluviométricas, com o propósito de avaliar o impacto das chuvas no espaço geográfico, foram utilizados os trabalhos de MONTEIRO (1973), pertinentes aos estudos geográficos do clima e GERARDI (1987), baseado em técnicas de caráter estatístico, destacando medidas de tendência central e de dispersão, em escala mensal, sazonal e anual. O estudo consistiu no levantamento bibliográfico sobre as teorias e técnicas de análise da Climatologia Dinâmica Regional, mais especificamente, sobre a gênese e variabilidade do elemento climático pluvial, elaborando gráficos para análise e determinação de períodos de maior precipitação, e conseqüentemente com maior número de eventos extremos. Para realização da presente pesquisa foram utilizados dados anuais mensais de 15 postos pluviométricos mantidos pelo DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica da Secretaria de Obras e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, no segmento temporal 1943-2000. Para a caracterização sazonal considerou-se o “ano civil”, onde temos: Verão (Janeiro – Fevereiro – Março); Outono (Abril – Maio – Junho); Inverno (Julho – Agosto – Setembro); Primavera (Outubro – Novembro – Dezembro). Os procedimentos estatísticos e mapas utilizados foram elaborados nos softwares Excel, Statistica e Surfer, com métodos de interpolação Kriging e Ward. |
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RESULTADOS:
Nesta análise pode-se verificar toda a complexidade da variação anual e sazonal da chuva no espaço geográfico estudado. De modo geral, constatou-se a existência de uma distribuição mais concentrada no período do verão para a maioria dos postos, e conseqüentemente, dos eventos mais extremos. Alguns postos registraram precipitações extremas sazonais (verão) acima de 1200 mm, como é o caso do posto de Mato Dentro – Ubatuba, situado na vertente Atlântica da Serra do Mar, acima de 200 metros de altitude, corroborando com à influência do efeito orográfico na distribuição da precipitação; as áreas mais elevadas, invariavelmente, apresentam totais pluviais maiores, ao passo que nas áreas de baixa altitude ocorrem decréscimos pluviais. Além disso, devemos destacar a ocorrência significativa das chamadas “sombras de chuva”, devido ao efeito orogenético que produz maior pluviosidade a barlavento e menor a sotavento, como em Ilhabela, que apresenta as menores alturas pluviométricas anuais. Inversamente, Ubatuba apresentou maior pluviometria em comparação aos outros municípios do litoral norte, principalmente devido à dinâmica atmosférica e disposição geográfica local. |
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CONCLUSÕES:
Esta pesquisa demonstrou uma ampla possibilidade de estudos que poderão ser realizados na área de estudo posteriormente, principalmente os relacionados com eventos catastróficos, onde a precipitação desencadeia inundações e movimentos de massa, causando mortes e prejuízos tanto ambientais quanto econômicos. Os estudos da correlação destes eventos extremos aos catastróficos poderão beneficiar, e muito, a população e a economia da região, auxiliando na prospecção climática e alertando antecipadamente as autoridades e a Defesa Civil sobre novas calamidades. |
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Instituição de fomento: CNPq | ||
Palavras-chave: precipitação pluviométrica; eventos extremos; litoral norte paulista. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |