|
||
C. Ciências Biológicas - 12. Neurociências e Comportamento - 1. Neurociências e Comportamento | ||
ESTUDO DOS EFEITOS CENTRAIS DA LECTINA DE Araucaria angustifolia NOS MODELOS DE CONVULSÃO INDUZIDA POR PTZ OU PILOCARPINA EM CAMUNDONGOS | ||
Silvane Rodrigues Lima 1 (silvanerl@yahoo.com.br), Lidiane Colares Monteiro 2, Natália Braga Hortêncio Jucá 1, Isabella de Melo Matos 1, Marta de Oliveira Viana Arruda 1, Benildo Sousa Cavada 4, Bruno Cardi Andrade 3, Manoel Cláudio Azevedo Patrocínio 5, 6, Ana Maria Sampaio Assreuy 2 e Silvânia Maria Mendes Vasconcelos 1 | ||
(1. Laboratório de Neurofarmacologia, Universidade Estadual do Ceará - UECE; 2. Laboratório de Farmacologia e Canais Iônicos - LAFACI, Universidade Estadual do Ceará - UECE; 3. Laboratório de Toxinologia e Biologia Molecular, Universidade Estadual do Ceará - UECE; 4. Departamento de Bioquímica, Universidade Federal do Ceará - UFC; 5. Instituto Dr. José Frota - IJF; 6. Maternidade Escola Assis Chateubriand - MEAC, Universidade Federal do Ceará - UFC) | ||
INTRODUÇÃO:
As lectinas constituem uma classe de glicoproteínas, apresentando em sua estrutura pelo menos um sítio de ligação não-catalítico (domínio lectínico) e capacidade de interagir de forma reversível e específica a açúcares simples ou complexos. De origem animal ou vegetal, são amplamente distribuídas na natureza, de fácil isolamento e de importância econômica e nutricional. Estão envolvidas em diversos estudos, atuando como mediadores do reconhecimento celular em uma grande variedade de sistemas biológicos, inclusive no processo de adesão de vírus, bactérias e protozoários às células do hospedeiro e de leucócitos ao endotélio vascular. Nos estudos com lectina de leguminosas (as mais exploradas) foram comprovadas atividades principalmente nos campos da Genética, da Biomedicina e Imunologia, destacando-se suas propriedades em relação aos agentes infecciosos da SIDA, tuberculose e leishmaniose. Estudos preliminares, em nosso laboratório, envolvendo a Lectina de Araucaria angustifolia têm apresentado efeitos no sistema nervoso central de camundongos (LIMA et al., 2004). Muitas pesquisas já foram e ainda estão sendo desenvolvidas a respeito das propriedades das lectinas, porém poucas são aquelas que exploram seus efeitos no sistema nervoso central. O estudo teve por objetivo investigar os efeitos anticonvulsivantes dessa nova lectina de A. angustifolia nos testes de convulsões induzidas por pilocarpina e pentilenotetrazol (PTZ) em camundongos. |
||
METODOLOGIA:
Foram utilizados camundongos machos Swiss, pesando entre 20 e 35 gramas, sob as mesmas condições de temperatura e iluminação, com alimentação e água fornecidos livremente. Todos os testes ocorreram em período diurno. Os animais foram pré-tratados 30 minutos antes de cada teste com água destilada ou água salina 0,9%, via intraperitoneal (i.p.) (grupos controle); com lectina nas doses de 0,1; 1 e 10 mg/kg, i.p. (grupos teste). Trinta minutos após o pré-tratamento, os animais foram submetidos aos testes de convulsão induzidas por pentilenotetrazol (PTZ) (85 mg/kg, i.p.) ou pilocarpina (400 mg/kg, via subcutânea), em que foram observados durante os primeiros 30 e 60 minutos após a aplicação das drogas indutoras, respectivamente. Em ambos os testes, foram registrados o tempo de latência de convulsão (LC, em segundos), o tempo de morte (TM, em segundos), a percentagem de animais que convulsionaram (PC) e a percentagem de sobrevivência (PS). Os resultados foram expressos como média ± EMP (ANOVA e Dunnett como teste post hoc). Os resultados com p<0,05 foram considerados significativos. |
||
RESULTADOS:
Os resultados demonstraram que a lectina não alterou o tempo de latência das convulsões, induzidas por PTZ ou Pilocarpina, em nenhuma das doses estudadas quando comparado aos grupos controle (81,4 ± 4,2 / 1027 ± 96,5, respectivamente). Exceto por um aumento do tempo de LC dos animais pré-tratados por Lectina em altas doses (10 mg/kg) no modelo de PTZ. Ainda neste modelo, a lectina aumentou a percentagem de sobrevivência dos animais quando comparado ao controle (14,2%) em 13,5; 19,1 e 10,8% nas doses 0,1; 1 e 10 mg/kg, respectivamente. No teste de convulsões induzidas por pilocarpina, a lectina, nas doses de 0,1 e 10 mg/kg, diminuiu a ocorrência de convulsões entre os animais do estudo em 15,8 e 20% respectivamente. Além disso, no mesmo teste, a lectina aumentou a percentagem de sobrevivência dos camundongos em 19,4 e 1,3% nas doses de 0,1 e 10 mg/kg, respectivamente, e diminuiu em 6,9% na dose de 1 mg/kg. A lectina não alterou a latência de morte em nenhuma dose estudada de ambos os testes. Os resultados mostram uma tendência em prolongar o tempo de morte de maneira dose-dependente no teste de convulsões induzidas com PTZ. |
||
CONCLUSÕES:
Através dos resultados pudemos perceber que o pré-tratamento com a lectina de A. angustifolia apresentou um efeito protetor sobre o tempo de convulsão (na maior dose), bem como diminuiu o número de morte dos camundongos (nas três doses) no modelo de convulsões induzidas por PTZ. No modelo da Pilocarpina, embora não tenha sido alterado o tempo de convulsão, uma tendência protetora da lectina foi então observada, já que houve a diminuição do número de animais que convulsionaram e o aumento do número de animais que sobreviveram nas doses 0,1 e 10 mg/kg. Portanto, esta lectina merece maior destaque nos estudos de drogas anticonvulsivantes e aprofundamento em suas propriedades; bem como sugere mais estudos que possam constatar o seu mecanismo de ação. |
||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: lectina; Araucaria angustifolia; convulsão. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |