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H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 2. Literatura Comparada | ||
LITERATURA E CINEMA - O ROMANCE O TRONCO DE BERNARDO ÉLIS E A ADAPTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA DE JOÃO BATISTA DE ANDRADE | ||
Alexssandro Ribeiro Moura 1 (alexonlyone@hotmail.com) e Raquel Rezende Borges 1 | ||
(1. Depto. de Estudos Lingüísticos e Literários, Fac. de Letras, Universidade Federal de Goiás - UFG) | ||
INTRODUÇÃO:
Este trabalho surgiu de uma inquietação nossa sobre diálogos entre linguagens artísticas diferenciadas. Muitas vezes nos deparamos com obras de arte que foram inspiradas em outras obras de campos artísticos distintos. É habitual vermos diversas formas de expressão artística cruzando-se e influenciando umas às outras. A análise desenvolvida a seguir terá como tema principal o processo de adaptação de obras literárias para o cinema. Acompanharemos, em específico, a transposição do romance O TRONCO, de Bernardo Élis, para o cinema, no filme de João Batista de Andrade, que tem o mesmo título que o romance do escritor goiano. Essas duas obras serão utilizadas para exemplificar como pode ocorrer a passagem da ficção literária para o formato de filme, e o surgimento de novos elementos artísticos provenientes dessa relação. A passagem do texto literário para o fílmico não é invariavelmente igual em todos os casos. Devido à diferença conteudística e formal de cada texto literário e à abordagem que o produtor de cinema pretende fazer dele, há variações. Contudo, o risco de cair na superficialidade e de não realizar um estudo aprofundado nos mostra que o melhor caminho a ser tomado é a delimitação do campo de análise. |
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METODOLOGIA:
A sistemática do trabalho possui o seguinte esquema: Primeiramente foi feita a análise do livro, com o auxílio de material teórico-crítico de literatura, especificamente estudos sobre a narrativa de romances. Em seguida, foi feita a análise do filme produzido sobre influência da obra literária selecionada. Para tal empresa foram utilizados textos de teoria e crítica cinematográfica. Posteriormente foi realizada uma análise crítico-comparativa entre os dois campos semióticos, isto é, o literário e o cinematográfico. |
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RESULTADOS:
Podemos perceber que o cinema brasileiro vem evoluindo rapidamente a partir da última década. Boa parte dessa evolução deve-se à adaptação de obras literárias para a tela grande. Percebemos, ainda, que é necessário um grande poder de (re) criação na produção de filmes baseados em obras literárias, já que a linguagem literária é diferente da linguagem cinematográfica. Da mesma forma que a evolução do cinema nacional foi auxiliada pela literatura, houve também ganhos para a própria literatura. Após a exibição do filme O TRONCO, em 1998, a história do “coronelismo” do início do século XX no interior de Goiás foi difundida para um grande número de pessoas. Muitas dessas pessoas talvez nem sabiam que a obra literária de Bernardo Élis existia. No entanto, a vendagem do livro subiu sensivelmente com a exibição do filme de João Batista de Andrade. Conseqüentemente a leitura do romance também aumentou. |
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CONCLUSÕES:
Como foi exposto anteriormente, há diferenças no modo de expressão das duas artes estudadas nesse trabalho. Portanto, a adaptação do livro em voga para o cinema não poderia ser uma simples reprodução de falas e episódios oriundos do texto de base. No filme há uma fusão de acontecimentos e personagens, devido à extensão de espaços e células de conflito do livro. O cerne da narrativa é mantido, ou seja, a briga entre o “coronelismo” e os representantes do governo do estado de Goiás, na primeira metade do século XX. Não há, no filme, a presença de um narrador que organize os fatos e nos dê a dimensão deles. A ausência desse elemento faz com que sejam utilizados outros procedimentos equivalentes na organização de sua apresentação. Muitas vezes, os movimentos de câmera organizam a narração e auxiliam o desenvolvimento da trama. O recurso audiovisual é um instrumento importante para enfatizar certas características do sertão goiano do século passado. Enquanto o livro possui o texto escrito para estruturar a narrativa, o filme trabalha com imagens e sons. Finalizada essa análise a sensação é de que tanto o livro quanto o filme contribuíram para o conhecimento da identidade cultural goiana, inserindo-a no panorama maior da arte brasileira e universal. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: LITERATURA; CINEMA; ADAPTAÇÃO. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |