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D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 5. Odontologia Social e Preventiva | ||
PERFIL DO CIRURGIÃO-DENTISTA ATUANTE NO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA DO DISTRITO SANITÁRIO I DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA - PARAÍBA | ||
Maria Teresa Almeida Leite 1 (matiesa@superig.com.br), Alzira Alves Rolim 1, Sedruoslen Guelir Cavalcanti Costa 2, Giannina Soares Taveira 2 e Wilton Wilney Nascimento Padilha 3 | ||
(1. Curso de Pós-Graduação em Saúde da Família, Faculdades Integradas de Patos, FIP; 2. Curso de Odontologia da UFPB; 3. Professor Doutor Titular de Clínica Integrada do DCOS/UFPB) | ||
INTRODUÇÃO:
O Programa de Saúde da Família (PSF) foi concebido, pelo Ministério da Saúde (MS) em 1993, e oficializado em 1994, como estratégia para reverter o modelo tradicional de assistência hospitalocêntrico e curativo. O PSF está pautado na reorientação do modelo assistencial a partir da atenção básica, tendo como foco a família, percebida a partir do seu ambiente físico e social. Este modelo possibilita às equipes profissionais uma compreensão ampliada, que vai além das práticas curativas habituais, de modo a priorizar a prevenção de doenças e promoção de saúde junto à comunidade, de forma integral e continuada. Dessa mesma forma o perfil do Cirurgião-Dentista (CD) atuante no PSF deve ser de formação generalista, humanística, crítica e reflexiva, pautado na compreensão da realidade social, cultural e econômica, dirigindo sua atuação em benefício da sociedade. Nesse contexto, a saúde bucal, vítima da apatia pública durante muitos anos, hoje, demonstra uma situação diferente, onde a população mostra interesse cada vez maior pelo atendimento odontológico, agora visto como um dos elementos essenciais para boa saúde. Diante do exposto, objetivou-se com esse estudo identificar e descrever o perfil dos CDs que atuam nas unidades de PSF do município de João Pessoa – Paraíba, com possibilidade de através deste, abrir discussões sobre a adequação da formação existente e subsidiar processos de planejamento, programação e qualificação para a área de saúde bucal no referido município. |
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METODOLOGIA:
Foi adotada uma abordagem indutiva, com procedimento estatístico -comparativo e técnica de pesquisa por observação direta extensiva, com instrumento de observação por meio de questionários. Do universo composto por 48 Cirurgiões-Dentistas (CDs) que atuam nas unidades do PSF, Distrito Sanitário I, da cidade de João Pessoa/PB, escolheu-se, aleatoriamente, uma amostragem de 28 (58,3%) profissionais. O presente estudo foi submetido à aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria da Saúde do Estado da Paraíba - PB, e a pesquisa realizada no período de Janeiro a Março de 2005. O questionário do tipo misto e contendo 38 questões, constituído de grupos de perguntas abrangendo a formação, atuação, integração com equipe e dificuldades. |
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RESULTADOS:
A idade média dos CDs atuantes foi de 48,3 anos, todos formados pela Universidade Federal da Paraíba. Esses profissionais trabalham em serviço público em média há 22,6 anos e no PSF há 1 ano e 3 meses. 16 (56%) dos profissionais não fizeram o Curso Introdutório. 21 (75%) responderam ter escolhido essa profissão por vocação. Os profissionais mantêm melhor relacionamento com os ACDs (77%), médicos (70%) e enfermeiros (70%). 18 (64,5%), relataram ações envolvendo todos os membros da equipe, no entanto, para 09 (42,84%) essas ações limitam-se às palestras. Planejamento foi citado uma única vez (4,76%). 11 (38,5%) acham que há divisão entre as equipes médica e odontológica, e citam como principal motivo a discriminação profissional (36.36%). Em sua maioria atendem por agendamento (86%), mas a demanda espontânea (61,5%) também é encontrada. Fichas de atendimento e ordem de chegada (38,6%) são considerados critérios para o agendamento. 71,4% trabalham com grupos prioritários de crianças e adolescentes. 66,5% acham que a população não está preparada para o novo modelo do PSF, pois 19 (33.33%) consideram que a população está mais acostumada à pratica curativa. 53.5% não consideram seu consultório bem equipado. Dentre as maiores dificuldades, encontram-se a escassez de material e instrumental (31.25%), a burocracia (18.75%) e as distâncias (16.25%). |
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CONCLUSÕES:
Após análise dos dados obtidos, concluiu-se que o PSF, no distrito estudado, em João Pessoa, está composto por profissionais já pertencentes ao serviço público. Não houve relatos de treinamento específico para a atuação em saúde bucal no PSF. As ações com participação de toda a equipe são predominantemente palestras e há poucas citações da participação de todos os integrantes nas fases de planejamento. A atuação em conjunto (CD e ACD) e formação de nível superior (médico e enfermeiro) favoreceram maior afinidade e colaboração entre os integrantes da equipe. Os CDs ainda não encontram condições ótimas de trabalho nas unidades, com falta de material de consumo e dificuldades com reposição destes. O atendimento por agendamento é deficiente e pouco encontrado, visto que os critérios de agendamento mais utilizados são, na verdade critérios de organização da demanda espontânea (ficha de atendimento e ordem de chegada). Algumas atitudes da população estão relacionadas com as dificuldades na mudança do modelo curativo para o de promoção, determinando maior dificuldade para o exercício do papel de agente modificador para os cirurgiões-dentistas. |
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Palavras-chave: Programa Saúde da Família; Saúde Bucal Coletiva; Recursos Humanos. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |