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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia | ||
ESTUDO SOBRE A REGENERAÇÃO DE FRAGMENTOS FLORESTAIS DEGRADADOS: O CASO DA ILHA ANCHIETA | ||
Ariel Henrique dos Santos Duarte Simões 1 (arielhenrique@msn.com), Bruno de Melo Sousa 1, Caroline Alice Vendrameto Camargo 1, Felipe Kasai Marcos 1, Jefferson Henrique Soares 1, Juliana Alca Barbosa Zola 1, Marina Rezende 1 e Silvia Zambuzi 1 | ||
(1. Departamento de Geografia, Universidade de São Paulo - USP) | ||
INTRODUÇÃO:
Desde que foi ocupada (no início do século XIX, pelo exército português e mais tarde por um Instituto Disciplinar e uma Colônia Correcional, desativados em 1955), a Ilha Anchieta - localizada no litoral nordeste do Estado de São Paulo, no município de Ubatuba, a 23º34’ de latitude sul e a 45º05’ de longitude oeste - vem sendo degradada. Nos últimos anos, no entanto, com a criação do Parque Estadual da Ilha Anchieta - através do Decreto nº 9.629, de 29 de maio de 1977 - como Unidade de Conservação, a tentativa é de amenizar a ação antrópica ao mesmo tempo que a natureza se encarrega de regenerar sua biodiversidade. Podemos encontrar então, em toda Ilha, áreas ainda degradadas, em processo de regeneração e em estágio avançado de regeneração. Desta maneira, é objetivo deste estudo a compreensão de como alguns fenômenos físicos - parâmetros de solo, clima e vegetação – que agem no processo de regeneração de um sistema insular, influenciando nos diversos estágios de sucessão ecológica presentes na Ilha Anchieta. Sendo assim, este serve também como auxiliar ao plano de manejo do Parque Estadual da Ilha Anchieta, fornecendo informações importantes para a compreensão da dinâmica de regeneração do ambiente natural, bem como fornecendo subsídios para a conservação destes ambientes. |
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METODOLOGIA:
Aproveitando o trajeto da Trilha da Praia Sul e com a ajuda da Professora Doutora Sueli Ângelo Furlan, demarcamos três áreas:uma degradada, uma em processo de regeneração e outra regenerada, chamando-as de parcela 1 (um), 2 (dois) e 3 (três), respectivamente. Utilizamos o método de parcelas de 10x10 metros por considerarmos a que melhor se adequa ao nosso estudo, incluindo a análise microclimática, solo e cobertura vegetal. Para a análise microclimática,montamos uma estação em cada parcela, utilizando um psicrômetro com termômetros de bulbo úmido e seco para posteriormente com a tabela fazermos os cálculos para umidade relativa do ar, e termômetros de máxima e mínima. De 30 em 30 minutos anotávamos as informações, além da cobertura do céu. No decorrer do trabalho, com estes dados, foram formulados gráficos que nos auxiliaram no estudo do microclima de cada parcela. Para a análise do solo, utilizamos um trado para coleta de amostras analisadas em campo e posteriormente no laboratório de pedologia e um termômetro de solo para medir a variação no decorrer do dia da temperatura da superfície. Posteriormente foram desenvolvidos layouts para a descrição dos horizontes de solo analisados. Para a cobertura vegetal, subdividimos cada parcela de 1x1 metro para melhor análise de cobertura, densidade e identificação das espécies. No decorrer do trabalho, também, foram desenvolvidos layouts que pudessem proporcionar uma visão melhor da cobertura analisada. Para recolher as amostras, ainda ,utilizamos o podão e uma tesoura de jardinagem. |
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RESULTADOS:
Na análise de microclima, foram considerados os aspectos: temperatura e umidade relativa do ar e temperatura do solo; todos medidos a cada 30 minutos. Constataram-se significativas variações entre as parcelas, ficando clara a maior amplitude térmica a que parcela 1 sofre - destaque à bruta variação térmica observada no solo (7 ºC num período de 7horas de análise). A observação da vegetação apresentou resultados bastante claros quanto a diversificação de espécies em cada parcela. Foi marcante a presença de espécies pioneiras na parcela 1, e de vegetação mais densa e diversificada nas parcelas 2 e 3. Foi constatado que na área estudada há predomínio do cambissolo bastante argiloso. Conforme o estágio de recuperação em cada área, o solo se encontrava de maneira distinta. Na parcela 1, o horizonte ‘A’ se apresenta de maneira muito superficial devido ao alto grau erosivo, contrastando com as duas parcelas em estágio mais desenvolvido de recuperação que apresentavam o horizonte ‘A’ mais profundo, resultado da decomposição da matéria orgânica. |
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CONCLUSÕES:
Ao analisar os resultados obtidos através da visita a campo, foi possível a constatação de que todas as parcelas se encontram em um estágio inicial de sucessão ecológica, apesar de haver diferenciações no desenvolvimento das mesmas. Desta maneira, comparação das parcelas demonstra um aumento da diversidade vegetal na Ilha, bem como os fatores que isto acarreta - variação no microclima e maior profundidade do horizonte A e do acumulo de matéria orgânica no solo -, caracterizando assim um avanço nos estágios de sucessão ecológica. Lembrando que a Ilha possui espécies exóticas, introduzidas durante sua ocupação, e que estas podem interferir ou ajudar no processo de regeneração do ambiente. Desta maneira, este tipo de análise se torna importantíssimo para a ajuda do controle e gestão do Parque Estadual da Ilha Anchieta ao demonstrar de que maneira o ambiente está reagindo aos impactos antrópicos - anteriores à criação do Parque e também os impactos causados pelos atuais visitantes - e à regeneração natural, servindo de subsídio a criação e manutenção de políticas de visitação e conservação. |
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Palavras-chave: ambiente insular; sucessão ecológica; manejo. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |