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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação | ||
ÉTICA NA SALA DE AULA: VALORIZANDO AS DIFERENÇAS | ||
Janice Cordeiro Moreira 1 (janicemoreira@gmail.com), Michelha Vaz Pedrosa 1, Ângela Maria de Carvalho Maffia 2, Leci Soares de Moura 2, Leonisy Leal Osório 1 e Luciana Lima de Paula 1 | ||
(1. Graduanda, Depto. de Educação, Universidade Federal de Viçosa, UFV; 2. Prof. Depto. de Educação, Universidade Federal de Viçosa, UFV) | ||
INTRODUÇÃO:
A ética no ambiente escolar é o foco da pesquisa. Entendemos ser esta uma rica oportunidade para a análise das práticas pedagógicas curriculares, considerando prática pedagógica como sendo a descrição das atividades realizadas pelo professor em relação ao processo ensino-aprendizagem. O interesse em investigar tal questão foi sendo delineado no decorrer de um estudo anterior quando, a partir de situações vivenciadas em unidades educacionais, constatamos aspectos que nos possibilitam problematizar a prática dos docentes e demais sujeitos do ambiente escolar. A educação é uma prática dinâmica de formação, um processo de aquisição de conhecimentos com o objetivo de formar cidadãos por intermédio da valorização do saber já elaborado dos indivíduos e todas as variáveis apresentadas por ele, do seu contexto vivido, ou seja, sua classe social, gênero, raça e valores culturais. Entretanto, poderíamos postular que a educação escolar é um processo que exclui e discrimina, necessitando de alguns suportes teóricos e metodológicos que embasem esta prática, trabalhando com os aspectos conjunturais da realidade cotidiana dos educandos. Objetivamos constatar se as escolas têm tido estes suportes de forma a atender toda a sua clientela sem, no entanto, excluir do processo determinados grupos ou classes do processo educacional, evitando a disseminação de preconceitos e se os docentes estão devidamente preparados para trabalhar com as diferenças existentes no ambiente escolar. |
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METODOLOGIA:
Na pesquisa enfocamos a ética no ambiente escolar. Recortamos como problema as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores em escolas municipais de Ensino Fundamental em Viçosa (MG) e formulamos como questão a investigar as repercussões dessas práticas na formação das crianças, buscando detectar até que ponto elas contribuem para o desenvolvimento de preconceitos entre os mesmos e se são excludentes, ao desconsiderar as diferenças. Para isso, realizamos observação em 7 (sete) unidades de educação do município atendo-nos ao cotidiano nas salas de aula e durante as atividades no pátio (Educação Física). Realizamos entrevistas com 15 (quinze) docentes das referidas escolas enfocando sua prática e a formação específica para trabalhar com a heterogeneidade. |
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RESULTADOS:
As atividades desenvolvidas pelos professores têm se distanciado muito da realidade dos educandos. Algumas delas excluem algumas crianças, rotulando-as. Muitos professores ainda separam atividades para menino e atividades para meninas, com a desculpa de que as meninas são mais fracas, ou excluem os de menor estatura das equipes de basquetebol e os obesos das atividades para as quais é necessária maior agilidade, deixando participar das atividades que exigem habilidade motora os mais altos e magros. A maioria dos professores não busca meios para que todos possam participar das atividades em conjunto, deixando de estimular a cooperação. Tais práticas acabam por ocasionar a disseminação de preconceitos entre as crianças, que se referem aos colegas utilizando termos de cunho ofensivo. Os professores enfrentam a situação com naturalidade, não percebendo que sua prática contribui com isso. Percebemos uma grande carência deixada pelos cursos de formação dos profissionais da educação que os orientam para trabalharem numa realidade considerada homogênea, não preparando-os para lidar com uma situação real de diferenças existentes no ambiente escolar. |
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CONCLUSÕES:
Como ficou expresso no texto apresentado, que focalizou as práticas pedagógicas dos profissionais da educação que trabalham no município de Viçosa, as categorias até então eleitas apresentam potenciais metodológicos para sustentar análises abrangentes sobre as questões da ética na sala de aula. Possibilitaram apreender no material coletado aspectos que delineiam o vazio deixado na formação dos professores. Diante da realidade apresentada, percebe-se que são necessários estudos e intervenções pedagógicas que discutam as práticas pedagógicas e as matérias curriculares diárias, investindo-se numa reorganização dos cursos de formação, inicial e continuada, de profissionais da educação, onde essas práticas sejam trabalhadas. Deve-se buscar atividades que trabalhem o respeito mútuo, a justiça, o diálogo, a solidariedade, levando ao desenvolvimento da moralidade nos alunos, preparando-os como cidadãos para viver em sociedade. As inferências aqui conduzidas parecem ser um dos caminhos que podem ser trilhados na busca de uma prática mais prazerosa, pois o processo de aprendizagem pode ser mais vivo e criativo quando nos sentimos presentes de forma construtiva nas discussões e interações em sala de aula, sem discriminações, sabendo respeitar as diferenças. Dessa forma podemos alcançar uma escola mais democrática, capaz de compreender e permitir os conflitos, podendo administrá-los. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Educação; Ética; Práticas Pedagógicas. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |