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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública | ||
PREVALÊNCIA DE VERMINOSES EM MURIAÉ | ||
Taísa Delogo Brandão 1 (taisadelogo@hotmail.com), Christiane Aparecida Santana Silva 1, Jolliet de Assis Lopes 1, Natalia Pacheco Brandão Ribeiro 1, Maycon Bruno de Almeida 1, Vinicius Henrique Pedrosa Soares 1, Samira de Castro Pires Miguel 1, Joelma de Oliveira 1 e Mônica Irani de Gouvêia Belinelo 1, 2 | ||
(1. Faculdade de Minas - FAMINAS, Muriaé/MG; 2. Universidade Vale do Rio Verde, UNINCOR, Três Corações/MG) | ||
INTRODUÇÃO:
Muriaé é uma cidade mineira de cerca de cem mil habitantes, localizada na rodovia BR-116, sendo um entroncamento e pólo regional para os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. É uma cidade com índice de desenvolvimento (IDH) 0,772, estando em 1269 no ranking nacional. Na tentativa de conhecer a realidade da cidade de Muriaé com relação às parasitoses, saneamento básico e desnutrição, alunos dos cursos da área de saúde da Faculdade de Minas-FAMINAS/Muriaé, realizaram visitas domiciliares em bairros determinados da cidade. O principal intuito foi saber quais são os vermes (helmintos e protozoários) mais freqüentes na população para que, medidas profiláticas fossem abordadas promovendo a educação em saúde, buscando a mudança de hábitos da comunidade. O trabalho de iniciação científica de pesquisa e extensão permite desenvolver o lado social das relações interpessoais nos acadêmicos e aprimorar as técnicas laboratoriais em parasitologia através da realização de exames, emissão de resultados e contato direto com a população. O estudo da prevalência de verminoses fornece subsídios aos gestores públicos na escolha dos projetos e regiões prioritários para aplicação dos recursos de saúde pública. |
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METODOLOGIA:
Foram estruturadas quatro equipes com seis acadêmicos em cada, dos cursos de Enfermagem, Farmácia, Nutrição e Serviço Social. Foram realizadas reuniões com as equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) local. A seleção das casas foi determinada estatisticamente sob a orientação da equipe do PSF, onde foram aplicados questionários com perguntas diretas objetivando conhecer a realidade das famílias em relação ao saneamento básico (tratamento de esgoto, caixa d’água, recebimento de água tratada, animais peridomiciliares, etc); existiam também questionamentos a respeito de peso corporal, tipo sanguíneo, idade, presença ou ausência de doença crônica com uso de medicamento, para auxiliar o médico no momento da prescrição nos casos positivos. Na primeira visita ao domicílio, foram distribuídos coletores identificados e orientações de como realizar a coleta de fezes adequadamente e foi marcado o dia de retorno para o recolhimento do material distribuído. Os Exames Parasitológicos de Fezes (EPF) foram realizados no laboratório da FAMINAS e o método utilizado foi o método de Sedimentação Espontânea ou de Lutz ou de Hoffmann, Pons e Janer. A realização dos exames foi acompanhada por profissional bioquímico e a emissão dos resultados foi realizada em formulário próprio, criado pela FAMINAS, assinado por técnico credenciado pela Vigilância Sanitária e CRF-MG. Os dados levantados foram estatisticamente analisados, correlacionando diversos parâmetros coletados junto aos clientes. |
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RESULTADOS:
Na primeira etapa do trabalho, o maior número de casos positivos estava contaminado com protozoários como Entamoeba histolytica e Giardia lamblia, fato este que sugere que os bairros pesquisados estão deficientes em tratamento de água, possuem algum problema com a água que chega ao domicílio ou mesmo a falta de água filtrada, além da ausência de cuidados higiênicos com as mãos de manipuladores de alimentos principalmente, uma vez que os parasitas apresentados estão intimamente relacionados com questões hídricas. Na segunda etapa, houve uma regularidade maior nos resultados positivos, o que é esperado em bairros de população de baixa renda, porém chamou a atenção o aumento significativo de casos positivos, indicando a necessidade de intervenção com educação em saúde, além de medicar e orientar nutricionalmente os moradores. Cerca de 25% das crianças com resultados positivos apresentaram pesos abaixo do esperado para a faixa etária, fato correlacionado com ausência de saneamento básico e com alimentação qualitativa e quantitativa. Observou-se uma resistência dos adultos quanto a auto-coleta por que achavam que as pessoas tem que possuir vermes, uma vez que estes são inócuos para o homem, sendo necessário um trabalho de conscientização. As palestras e visitas nas comunidades têm resultado em novas condições de vida, com a preocupação higiênica, social e política das pessoas, através de cobrança junto aos gestores públicos de melhoria sanitária em seus bairros. |
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CONCLUSÕES:
O projeto Parasitoses em Muriaé despertou grande interesse dos alunos uma vez que proporcionou o contato direto com a população, aprimorando a inter-relação profissional-comunidade e possibilitou o tratamento dos casos positivos e a prevenção de novos agravos, com a educação em saúde. Além disso, o projeto leva o aluno à realidade laboratorial, mostrando as dificuldades na coleta, os cuidados no recebimento de amostras e a realização de amostras totalmente desconhecidas, diferentemente do que ocorre em sala de aula, cujas aulas são realizadas com material conhecidamente contaminado. O trabalho de educação e difusão das medidas profiláticas nas comunidades e escolas está mudando o hábito das pessoas, o que foi sentido nas visitas após o tratamento das pessoas. O despertar para um mundo melhor, com pessoas bem alimentadas e saudáveis, foi a mola-mestre para o entusiasmo dos alunos que participam do projeto, o que só será possível com a solidariedade de todos, uma boa gestão dos bens públicos e cultura de cidadania. |
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Instituição de fomento: Faculdade de Minas - FAMINAS, Muriaé/MG | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Parasitoses; Saúde Pública; Muriaé. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |