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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
SAÚDE E VISÃO: CONHECENDO CONCEPÇÕES DE MORADORES DO ENTORNO DO MUSEU DA VIDA/ FIOCRUZ COMO BASE PARA A PRODUÇÃO DE MATERIAIS EDUCATIVOS.
Anna Karla Souza da Silva 1 (karlanna@coc.fiocruz.br), Maria Paula de Oliveira Bonatto 1 e Teo Bueno de Abreu 1
(1. Museu da Vida, Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ)
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho é a terceira fase de um estudo realizado no Parque da Ciência do Museu da Vida (MV) – Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) – tendo como objetivo fazer um levantamento das concepções a respeito da saúde da visão entre moradores do entorno (Bonatto et al, SBPC 2003), buscando registrar aspectos do senso comum, para produzir materiais educativos sobre saúde da visão. Na primeira fase fizemos um estudo piloto entre estudantes visitantes e verificamos a falta de conhecimentos sobre o processamento da visão (Mahomed et al, SBPC 2002). Na segunda, investigamos concepções de moradores do entorno do MV enfocando intervenções caseiras para a cura, e ocorrências em postos de saúde locais. Na terceira fase enfocamos a pesquisa no aprofundamento da análise dos questionários verificando a incidência de doenças/defeitos mais conhecidos, e principais termos usados pelo público. Estas informações estão servindo para a concepção de materiais gráficos que serão distribuídos durante as visitas ao MV. A importância deste trabalho justifica-se pela observação de que a produção de materiais educativos sobre a saúde da visão é geralmente ligada à comercialização de lentes e contribui de forma parcial para a demanda de conhecimentos do público. Esta pesquisa busca ampliar os conhecimentos sobre esta demanda e embasar a linguagem necessária para a divulgação científica relativa á saúde da visão.
METODOLOGIA:
Para realizar uma análise qualitativa das concepções de saúde ocular dos moradores do entorno da Fiocruz, consideramos respostas dadas aos questionários aplicados durante a primeira e segunda fase ( ver Mahomed SBPC 2002 e Bonatto SBPC 2003).
Para análise dos dados, as respostas dos questionários foram separadas em amostras de dois grupos etários buscando observar contrastes entre a população mais jovem (15 a 20 anos) que apresenta uma freqüência maior às visitas ao MV e amostra da população acima de vinte anos, que tem mais tempo de observação e vivência do próprio corpo bem como memória de relatos de seu grupo social.
Identificamos palavras-chave e termos relativos a cada doença, construímos planilhas para comparação, discutimos aspectos de cada discurso com o objetivo de entrar em contato com os termos que fazem parte do discurso do dia a dia, relativo à cada doença citada.
A análise considerou as respostas de 74 questionários, sendo 37 questionários aplicados à visitantes do MV compreendidos entre a faixa etária de 15 a 20 anos (G1) e 37 questionários aplicados à moradores do entorno da FIOCRUZ na faixa etária acima de 20 anos (G2), sendo que entrevistamos pessoas de até 70 anos.
RESULTADOS:
-Verificamos que ambos os grupos não têm clareza a respeito das diferenças entre doenças da visão e defeitos refrativos da visão, este será o tema de um de nossos panfletos educativos.
-Verificamos que o grupo G1 apresenta um número duas vezes maior de entrevistados que admite o desconhecimento a respeito de problemas da visão (“não conheço” ou “nunca tive” na proporção de 16 para 8).
-Verificamos que as doenças/defeitos refrativos mais conhecidos são os mesmos entre os dois grupos e obedecem a mesma ordem de freqüência, a citar: Conjuntivite, Miopia, Astigmatismo, Terçol.
-Verificamos que a ordem de doenças/defeitos mais citados não condiz com a incidência de casos que levam pessoas ao Centro de Saúde Escola Germano Sinval Farias. Nesta, no ano de 2002 (última estatística disponível), foram registrados 26 casos de doenças da visão sendo 50% dos casos referentes a inflamações da pálpebra (abscessos, furúnculos terçol), havendo três casos.de conjuntivite. Este resultado indica que casos de conjuntivite, por serem mais conhecidos podem estar sendo tratados sem ajuda especializada. Isto mostra a necessidade de divulgar esclarecimento sobre tratamentos caseiros ou condutas de risco aplicadas à sintomas de conjuntivite.
-Os termos e condutas de cura referentes ás doenças/defeitos mais citados foram listados e serão utilizados como referência de linguagem popular e alerta para condutas de risco em panfletos educativos que serão distribuídos aos visitantes.
CONCLUSÕES:
A metodologia de entrevistar visitantes do Museu da Vida e moradores do seu entorno como estratégia para se conhecer suas concepções a respeito de doenças/defeitos refrativos da visão tem se mostrado reveladora pois, ao dar a oportunidade de que a população exponha seus conceitos, aproxima o mundo das concepções científicas da realidade popular, possibilitando um diálogo eficaz entre a ciência e a cultura, quebrando visões autoritárias e hierárquicas que muitas vezes caracterizam o saber científico, contribuindo para a consciência sobre a diversidade cultural de nossa população e para a divulgação científica enquanto princípio de cidadania e qualidade de vida.
Instituição de fomento: Fundação Oswaldo Cruz-Fiocruz
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  educação; saúde da visão; divulgação científica.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005