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F. Ciências Sociais Aplicadas - 1. Gestão e Administração - 6. Gestão Financeira
ANÁLISE DA TAXA DE JUROS E SUAS METODOLOGIAS DE CÁLCULO PRATICADOS PELO COMÉRCIO VAREJISTAS DA ZONA NOROESTE DO ESTADO DO CEARÁ, BRASIL
Eduardo Dias 1 (edias@sobral.org), Benedita Marta Gomes Costa 1 e Jeanete Koch Dias 2
(1. Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Curso de Administração, UVA; 2. CENTEC, Unidade Sobral)
INTRODUÇÃO:
A Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA, localizada na cidade de Sobral, centro regional e econômico da Região Noroeste do Estado do Ceará, desenvolve importante papel no desenvolvimento regional, capacitando mão de obra e repassando novas tecnologias. A disciplina de Matemática Comercial e Financeira proporciona ao aluno o conhecimento prático das ferramentas que o ajudarão nas decisões de caráter financeiro no decorrer de sua atuação profissional. Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei nº 9.394, de 20/12/1996) em seu artigo 43, quando trata das finalidades da educação superior, coloca no inciso I queestimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo. Neste sentido este trabalho desenvolveu trabalho teve como objetivo fazer a pesquisa da taxa de juros cobrada pelo comércio da Zona Noroeste e quais as metodologias utilizadas, tendo como base o Código de Defesa do Consumidor, que em seu artigo 52 indica que os estabelecimentos comerciais devem informar prévia e adequadamente, conforme incisos I a V, o preço do produto, o percentual de juros cobrados, acréscimos, prestações e total da venda, com e sem financiamento, procurando dar um retorno a sociedade dos conhecimentos teóricos adquiridos.
METODOLOGIA:
Este trabalho foi desenvolvido a partir de uma pesquisa realizada com alunos do curso de Ciências Contábeis, matriculados na disciplina de Matemática Comercial e Financeira, semestre 2004.1, cujo objetivo seria conhecer as práticas financeiras do comércio varejista da Região. A UVA, pela sua localização geográfica, recebe alunos de todos os municípios da Região Noroeste do Ceará, tal fato contribuiu para uma maior diversidade de municípios contemplados por esta pesquisa. Cada aluno pesquisou 4 estabelecimentos comerciais, em junho de 2004, que entre as formas de pagamento possuíam vendas a prazo, ao início de cada entrevista o estabelecimento passou por um filtro, onde somente os estabelecimentos que possuíam vendas à prazo tiveram a pesquisa iniciada. Após recebimento da pesquisa, os trabalhos foram corrigidos e selecionados. A seleção consistiu em rejeitar os questionários incompletos e/ou empresas repetidas. Dentre os 166 questionários realizados, 124 questionários foram selecionados e 42 questionários foram descartados, sendo 80 % dos descartes por repetição. A pesquisa considera a população infinita, pois não se há como saber entre todos os estabelecimentos comerciais, quantos vendem a prazo, e quantos não vendem. Portanto, os juros calculados nos capítulos seguintes possuem um erro amostral de 0,73 %. Foram entrevistados estabelecimentos comerciais de 15 cidades, onde as lojas de eletro-móveis representam 36 % dos entrevistados e as lojas de confecção 23%.
RESULTADOS:
Os juros médios da região ficaram em 7,53% ao mês enquanto a média nacional de julho de 2004 foi de 6,01%, de acordo com a ANEFAC (2204). O setor de Ótica teve juros de 13,06%, calçados 10,13%, confecção 8,01%, informática 8%, decoração 7,56%, eletro-moveis 6,5%, material de construção 5,58%, telefonia 3,98% e autos 3,75%. Os juros em muitos estabelecimentos não foi informado desconhecimento. Dentre as empresas que informaram os juros cobrados, apenas 10,5% delas informaram os juros cobrados corretamente e 19% informaram juros com erro de até 2%, nas demais, a diferença foi maior. Esta falta de conhecimento se deve as práticas utilizadas para cálculo dos juros, sendo detectadas duas metodologias erradas predominantes de cálculo de juros muitos utilizadas. A primeira utilizada por 30,6% das empresas é oJuros Acumulativoonde toma-se a taxa de juros e multiplica-se pelo número de prestações que a venda será feita, acumulando os juros, o valor da mercadoria à vista é somada a taxa do resultado anterior e dividi-se pelo número de parcela. Analisando somente as empresas que utilizam esta prática, os juros médios efetivos delas é de 9,15% a.m., estas empresas cobram em média 4,19% a.m. a mais do que é informado. Na segunda prática é o Descontoonde toma-se o valor a prazo e dá-se um desconto para pagamento à vista. Utilizada por 36,3% das empresas pesquisadas, possuem juros médios efetivos de 8,33% a.m., além de não saber quais os juros mensais cobrados.
CONCLUSÕES:
Este trabalho não procura culpados, tem a intenção de informar e conscientizar os comerciantes e a população, para que utilizem e fiscalizem as metodologias utilizadas no comércio. Foi constatado que o comércio da Zona Norte do Estado do Ceará está necessitando de treinamento e profissionalização, pois utilizam práticas empíricas, que não estão de acordo com a legislação em vigor. Constatou-se que apenas 10,5% dos estabelecimentos comerciais informam os juros corretamente. A falta de treinamento e acesso a informação impossibilitam a definição correta das taxas de juros. Especificamente para o varejo não há fórmulas, na tentativa de solucionar este problema, considera-se como taxa ideal a empresa utilizar a taxa de custo de capital, no caso os juros que ela paga ao tomar dinheiro emprestado, mais uma taxa de risco, considerando os clientes e a inadimplência. Esta taxa de risco deve ficar em aproximadamente 1 %. Fica aqui a sugestão de que os órgãos ligados ao comércio, DECOM, CDL, SEBRAE, entre outros capacite melhor os comerciantes para que os consumidores não sejam lesados e tenham seus direitos garantidos.
Palavras-chave:  Comércio; Taxa de Juros; Varejo.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005