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D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 6. Farmácia | ||
REAÇÕES ADVERSAS A QUINOLONAS REGISTRADAS E ANALISADAS NO CENTRO DE FARMACOVIGILÂNCIA DO CEARÁ NO PERÍODO DE 1996 A 2004. | ||
Álisson Menezes Araújo Lima 2 (alisson_farma@yahoo.com.br), Ione Cavalcante Lacerda 2, Paulo Sergio Dourado Arrais 1, 2, 3 e Marta Maria de França Fonteles 1, 2 | ||
(1. Depto. Farmácia, Universidade Federal do Ceará - UFC; 2. Centro de Farmacovigilância do Ceará - CEFACE; 3. Grupo de Prevenção ao Uso Indevido de Medicamentos - GPUIM) | ||
INTRODUÇÃO:
A história da Farmacovigilância é marcada por uma série de tragédias envolvendo medicamentos, sendo a mais marcante o caso talidomida. O nascimento de milhares de bebês (pelo menos 10.000) com deformidades extensas e incapacitantes, atribuídas aos efeitos da exposição a esse medicamento, levou ao reconhecimento de que pouco se conhece sobre o potencial de efeitos adversos de um fármaco. A Farmacovigilância objetiva a identificação e a avaliação dos efeitos do uso, agudo ou crônico, do tratamento farmacológico no conjunto da população ou em subgrupos de pacientes expostos a tratamentos específicos. A maioria dessas reações adversas são leve e não requer uso de antídotos; um número menor é de gravidade moderada, podendo causar ou prolongar a internação hospitalar ou demandar o uso de antídotos; num número ainda menor a reação é grave, pois ameaça a vida ou leva a morte. O presente trabalho relata os resultados da investigação sobre a ocorrência de Reações Adversas a Medicamentos (RAM) em pacientes hospitalizados que fazem uso de Quinolonas. Os dados foram coletados no período entre 1996 à 2004 em três hospitais de Fortaleza-Ce, sendo dois públicos e um privado. Este trabalho teve como objetivo o delineamento do perfil das RAM´s a quinolonas pois se faz necessário tentar preveni-las e garantir uma farmacoterapia segura e melhor qualidade de vida aos pacientes. |
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METODOLOGIA:
A notificação de RAM´s é um método universal de Farmacovigilância, mas tem algumas limitações importantes que são a sub-notificação de casos e a dificuldade ou mesmo impossibilidade de conhecer o número real de indivíduos expostos aos medicamentos envolvidos. Outro método importante é a monitorização intensiva de pacientes hospitalizados, onde cada paciente é acompanhado diariamente em termos de exposição a medicamentos e mudanças no seu estado de saúde, indicadores específicos, entre outros. Atualmente, a busca ativa de casos, através da investigação no prontuário do paciente, tem se mostrado um método eficiente para tentar se diminuir as sub-notificações. Além dos métodos citados, que tem um caráter descritivo e, portanto geram hipóteses de causalidade, a Farmacovigilância também desenvolve estudos analíticos (estudos transversais, coorte, caso-controle) destinados a investigar tais hipóteses. As notificações das suspeitas de reações adversas a medicamentos, detectadas através do preenchimento da Ficha de Notificação de Suspeita de Reação Adversa a Medicamentos, é encaminhada ao Centro de Farmacovigilância do Ceará (CEFACE). No CEFACE, os estudos dos casos de suspeita de RAM notificados, são classificados quanto à causalidade e a gravidade em reuniões científicas com profissionais farmacêuticos responsáveis pelo CEFACE, bem como os estagiários que são graduandos do curso de farmácia. |
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RESULTADOS:
Durante o período de tempo do trabalho, foram catalogadas 12 casos de suspeitas de reação adversa a quinolonas, totalizando 20 tipos de reações adversas. Dos 12 casos de suspeita de reações adversas 9 (75%) foram devido ao uso de Ciprofloxacina, 2 (16,66%) foram devido ao uso de Norfloxacina e 1 (8,33%) foi devido ao uso de Gatifloxacina. Na distribuição por sexo, 10 (83,33%) foram do sexo feminino e 2 (16,66%) do sexo masculino. Na distribuição por idade, o paciente mais novo tinha 19 anos e o mais velho tinha 73 anos, com uma idade média de 40,63 anos. A classificação quanto a imputabilidade mostrou que 8 (66,66%) foram classificados como provável, 2 (16,66%) como leve, 1 (8,33%) como possível e 1 (8,33%) como condicional. A classificação quanto a gravidade mostrou os seguintes valores: 7 (58,33%) foram classificados como moderados, 4 (33,33%) foram classificado como leve e 1 (8,33%) não houve classificação por ter como imputabilidade a variável condicional. Quanto ao notificador, a busca ativa e as dicas da enfermagem foram as mais importantes, representando 25% cada uma. Os farmacêuticos e os médicos representaram 16,66% cada um e o restante foi o próprio enfermeiro ou o próprio paciente que notificou. Dentre as 20 reações relatadas, o prurido foi a mais comum, presente em 5 (25%) pacientes. Dentre as outras reações podemos perceber a presença de fotossensibilidade, reação anafilática, cefaléia, rash, urticária, dor abdominal, descamação dos pés, entre outras. |
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CONCLUSÕES:
Os dados obtidos no presente trabalho mostram que os medicamentos utilizados para tratamento de infecções, em especial os antibióticos da classe das quinolonas, podem acarretar efeitos adversos que podem prejudicar a qualidade de vida desses pacientes. A maioria dos casos foram classificados como moderados, o que implica dizer que foi necessário o uso de um corticóide ou de um anti-histamínico para parar a reação que se desenvolveu. As mulheres foram as que mais desenvolveram reações adversas e a reação mais predominante foi o prurido, mas reações que podem levar a morte também foram relatadas como no caso em que ocorreu reação anafilática. O delineamento de todas essas variáveis são de extrema importante para se desenvolver o uso cada vez mais racional dessa classe de medicamento pois, o uso inadequado ou indiscriminado pode acarretar muitos prejuízos tanto para os pacientes quanto para o serviço de saúde. Estudos epidemiológicos quanto ao uso racional de medicamentos, em especial antibióticos, fazem-se necessários para se tentar diminuir os riscos de resistência bacterianas bem como o uso racional de medicamentos promove um aumento na qualidade de vida dos pacientes. |
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Palavras-chave: Farmacovigilância; Quinolonas; Reações adversas. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |