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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 10. Educação Rural | ||
HISTÓRIA DE VIDA DOS SUJEITOS DA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS:Caminhos percorridos em busca da escolarização. | ||
Maria das Dores Alves Souza 1 (dorinhaalves@uol.com.br) | ||
(1. Universidade Estadual do Ceará - UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
O sistema educacional brasileiro não tem priorizado a educação da classe trabalhadora, deixando as camadas populares excluídas do saber escolar, reforçando o crescente processo de marginalização a que vem sendo submetida significativa parcela da população, acumulando assim, a divida social para com os trabalhadores. Os movimentos sociais organizados atuam efetivamente tanto no aspecto reivindicatório de seus direitos sociais à educação quanto na execução de ações de educação de jovens e adultos, com vistas a propiciar aquisição da leitura, da escrita e da compreensão crítica da realidade, direitos subtraídos historicamente. A principal preocupação da investigação foi compreender as causas da não escolarização e da expulsão escolar vivenciada pelos trabalhadores e sua relação com a difícil condição de sobrevivência destes trabalhadores em uma sociedade de classes. Esta investigação justifica-se pela importância de desvelar que as trajetórias de vida dos trabalhadores vêm sendo marcadas pela não escolarização, o que é contraditório à sociedade, que exige o domínio da leitura e da escrita no mundo do trabalho e nas relações sociais |
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METODOLOGIA:
- A pesquisa fundamentou-se na abordagem qualitativa que considera a experiência de vida e a cotidianidade dos atores para explicar a dinâmica das relações sociais. Neste sentido, tomou como referência significativa a história de vida de quatorze sujeitos da investigação, trabalhadores rurais, o que se constitui como estratégia de registro de memória daqueles que foram silenciados ao longo da história. Outro recurso utilizado para a coleta de dados foi a entrevista semi-estruturada. Utilizou-se o Programa Qualitativo de Sistematização de Dados da Pesquisa- NUDIST, que propiciou a organização das categorias advindas da coleta, e o cruzamento das mesmas para análise. Dos sujeitos da investigados, nove são do sexo masculino e cinco do sexo feminino, concentram-se numa faixa etária entre 35 e 70 anos e foram alfabetizados em 1996, no Projeto Vivendo e Aprendendo - Movimento de Alfabetização e Cidadania em Quixadá, Ceará, desenvolvido pela Organização não Governamental Centro Antônio Conselheiro – Assessoria e Pesquisa em Educação Popular – CAC, em parceria com a Universidade Estadual do Ceará-UECE. O Projeto Vivendo e Aprendendo foi o nosso lócus da pesquisa. |
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RESULTADOS:
Os fragmentos das historias de vida dos sujeitos da pesquisa explicitaram as condições de sobrevivência dos trabalhadores, e a premente necessidade desses em ampliarem o domínio da leitura e da escrita no contexto atual, onde o mercado está cada vez mais exigente quanto à escolarização. Entre os investigados, 50% continuaram a escolarização, embora quatro tiveram que abandonar a escola em virtude da impossibilidade de conciliar trabalho e estudo, não contrariando suas trajetórias de exclusão e de expulsão escolar.. Em 2001, constatou-se que três deles permaneciam na escola, dois cursando a 5ª série do 1º grau e outro, no telecurso 2000, em nível de 2º grau. |
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CONCLUSÕES:
As falas dos sujeitos da pesquisa reafirmam a relação direta entre classe social e analfabetismo. Todos eles, quando criança e adolescentes, fizeram várias tentativas de permanência na escola, todas interrompidas pela necessidade de trabalhar para contribuir com a sobreviver da família.. Essa realidade justifica as lutas dos movimentos sociais por uma sociedade mais justa, onde os direitos sociais dos trabalhadores sejam respeitados. Ressalta-se a significativa contribuição do processo de alfabetização no resgate da auto-estima dos investigados, quando da superação do estigma do analfabetismo e da partilha de relações que valorizavam as experiências e saberes dos indivíduos. As ações de alfabetização que visem trabalhar na perspectiva da compreensão das contradições da sociedade de classes devem considerar que os sujeitos da aprendizagem são seres humanos que pensam, sentem, agem e trabalham. Evidencia-se a importância da educação popular para fortalecer o potencial dos trabalhadores em construir e sistematizar seus conhecimentos sobre a vida. |
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Palavras-chave: Classe Social; historia de vida; alfabetização. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |