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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 7. Saúde Materno-Infantil
A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO DAS AMIGAS DA GESTANTE NA HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA AO PARTO EM UMA MATERNIDADE ESCOLA
Silvia Bomfim Hyppólito 1 (silviabh@secrel.com.br), Celina Matos de Albuquerque 1, Daniel Coelho de Sá 1, Esther de Alencar Araripe Falcão 1, Fernanda de Oliveira Castro 1, George Chaves Nunes 1, Germison Silva Lopes 1, Hebert Thiese Silva Sombra 1, Lívia Maria Frota Lima 1 e Luiz de Moraes Ferreira Júnior 1
(1. Depto. de Saúde Materno-Infantil, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará - UFC)
INTRODUÇÃO:
Segundo a OMS, “O objetivo da assistência ao parto é obter uma mãe e uma criança saudáveis com o mínimo possível de intervenção que seja compatível com a segurança. Esta abordagem implica que no parto normal deve haver uma razão válida para interferir sobre o processo natural”. A melhor forma, portanto, de assistência às parturientes seria aquela focada nas suas necessidades e não organizada segundo as dos profissionais envolvidos. No intuito de tornar o parto uma experiência prazerosa, informada e centrada na mulher, projetos de humanização do parto vêm ganhando espaço em muitas maternidades do nosso país. O critério “acompanhante na sala de parto” mostra-se de grande valia, pois o isolamento materno tem sido demonstrado como fator importante na caracterização do parto como experiência desagradável. É nesse contexto que surgem as acompanhantes profissionais do parto, que recebem denominações variadas pelo país, como doulas ou Amigas da Gestante (AG). Na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (MEAC), tradicionais parteiras da comunidade receberam treinamento e atuam com o objetivo de humanizar o parto, realizando massagens, exercícios de respiração, dialogando e fazendo companhia às parturientes, desde 1999. O presente trabalho tem como objetivo analisar o perfil e o trabalho das AG atuantes numa maternidade-escola, bem como suas contribuições na realização de partos humanizados na visão das parturientes, médicos, internos e enfermeiros da instituição.
METODOLOGIA:
A amostra consistiu de parturientes acompanhadas pelas AG, médicos obstetras, enfermeiras e internos do curso de medicina. Os profissionais citados foram abordados na sala de parto da MEAC no período coincidente com o do trabalho das AG, entre os meses de dezembro/2004 e janeiro/2005. As parturientes foram entrevistadas nas enfermarias da MEAC, tendo como critério de inclusão no estudo o fato de terem sido acompanhadas pelas AG durante parto normal realizado no dia anterior. Os dados foram coletados por meio de questionários, cuja pontuação a cada questão variavam de 0 a 05, após consentimento do participante. As AG foram entrevistadas por meio de questionário específico. A análise foi realizada no programa estatístico SPSS, comparando-se profissionais da medicina (médicos e internos) e enfermeiros, bem como analisando a opinião das parturientes e a visão das próprias AG.
RESULTADOS:
Foram entrevistados 17 profissionais, 64,7% da área médica e 35,3% enfermeiros. 72,7% dos primeiros e 50% do segundo grupo deram nota máxima à confiança e à tranqüilidade transmitidas pelas AG às parturientes. Quanto à possível atuação indevida das AG como auxiliares de enfermagem, observou-se que 45,5% dos médicos e internos oscilaram entre as notas 4 e 5, enquanto nenhuma das enfermeiras considerou estas respostas. 45,4% dos profissionais de medicina e 83,3% das enfermeiras consideram que se sentem mais calmos com a presença das AG. 9,1% do primeiro grupo e 33,3% do segundo referem que a presença das AG atrapalha os procedimentos do parto. 72,7% dos médicos e internos e 66,7% das enfermeiras consideram que o trabalho das AG humaniza o parto. Quanto às 33 parturientes entrevistadas, a média de idade foi de 22,9 anos; 57,5% tinham relação estável, 39,4% solteiras e 3% separadas. Acerca das orientações transmitidas pelas AG sobre o que fazer durante as contrações, a nota média foi de 4,6. Quanto à informação repassada sobre a importância da amamentação nos 06 primeiros meses de vida do filho, a média foi de 4,21. A tranqüilização durante o parto foi o quesito que teve melhor avaliação, com 90,9% de nota máxima. Apenas 12,2% consideraram as AG inconvenientes, dando notas acima de 03. A idade média das AG foi de 71 anos; 100% das entrevistadas referiram satisfação com o trabalho. Para 57,1% das AG, a principal importância do seu trabalho é o acompanhamento dado à gestante.
CONCLUSÕES:
O trabalho das AG tem sua importância reconhecida tanto pelas pacientes quanto pelos profissionais na tranqüilização das pacientes durante e após o trabalho de parto. Sua contribuição também foi demonstrada quanto à transmissão de informações a respeito da importância da amamentação e do que fazer durante as contrações. O papel do trabalho das AG na humanização do parto foi visto de forma mais eficaz por parte de médicos e internos que de enfermeiros. Ambas as categorias de profissionais concordam que a principal importância da atuação das AG é deixar a parturiente mais calma, sendo também citados o papel na humanização do parto, no conforto e na substituição de um familiar. Sob a visão das AG, pôde-se verificar que todas estavam satisfeitas com o seu trabalho. Elas consideraram que seu principal papel é o acompanhamento das parturientes, fortalecendo a prática do parto humanizado.
Palavras-chave:  Parto Humanizado; Doulas; Assistência ao parto normal.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005