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E. Ciências Agrárias - 7. Ciência e Tecnologia de Alimentos - 1. Ciência de Alimentos
ESTUDO SISTEMÁTICO DE MINERAIS DA POLPA, CASCA E SEMENTE DO FRUTO DO MARACUJÁ
David Coelho da Silva 1 (coelhodavis@yahoo.com.br) e Sandro Thomaz Gouveia 1
(1. Depto de Química Analítica e Físico-Química, Universidade Federal do Ceará - UFC)
INTRODUÇÃO:
A composição ideal da dieta humana vem sendo modificada a cada descoberta de novas propriedades dos alimentos. Procurando assim, uma dieta composta apenas por alimentos funcionais, isto é, alimentos que forneçam ao organismo substâncias que auxiliem na prevenção e no tratamento de doenças. A fruta maracujá destaca-se por ser empregada para fins terapêuticos por apresentar propriedades depurativa, sedativa, anti-inflamatória, e suas sementes atuarem como vermífugo. Em sua composição são ricos em vitaminas A e C e do complexo B, sendo também uma boa fonte de carboidratos. A casca do maracujá é um alimento rico em pectina, vitamina B3, fósforo e está sendo recomendada aos portadores de diabetes e de colesterol elevado. Visando estabelecer uma sistematização no estudo da composição mineral deste fruto este trabalho tem como objetivo desenvolver uma metodologia para determinação da composição dos minerais, Ca, Cu, Fe, K, Mg, Mn, Na, P e Zn na polpa, semente e casca do fruto do maracujá e avaliar a distribuição destes elementos nestas partes.
METODOLOGIA:
A metodologia consistiu em liofilizar polpa, casca e semente separadamente a partir de 2 Kg da fruta de maracujá. Para a decomposição das amostras foram empregados dois procedimentos de preparo de amostra. O primeiro foi utilizado na digestão da polpa e empregou decomposição em bloco digestor em meio de ácido nítrico e peróxido de hidrogênio. O segundo procedimento foi utilizado para a decomposição da casca e da semente e utilizou no bloco digestor uma mistura contendo ácido nítrico, peróxido de hidrogênio e ácido fluorídrico. Os teores dos elementos estudados foram determinados empregando a técnica de espectrometria de emissão atômica por plasma induzido. Todas as análises foram realizadas em triplicata e para os resultados obtidos foi considerando um grau de confiabilidade de 95%.
RESULTADOS:
Inicialmente foi determinado o teor de água da polpa do fruto ficando em torno de 95% e para a casca. em 75%. Os procedimentos de preparo das amostras desenvolvidos tiveram tempo de decomposição de 150 min para a polpa e de 240 min para a casca e a semente e a utilização de HF foi necessária para as amostras de semente e da casca muito provavelmente devido à presença de compostos de silício. Os procedimentos desenvolvidos apresentaram boa precisão com desvios padrões inferiores a 10% para todas as amostras e todos os elementos. Os teores de Cu foram de 1,67; 5,17 e 9,51mg/g para as amostras de polpa, casca e semente, respectivamente, correlação semelhante foi obtida para o Mn com os teores de 1,38; 6,36 e 10,24 mg/g. A semente também apresentou teores superiores para Zn (23,3mg/g) e P (2767mg/g) em relação aos teores obtidos na casca (Zn- 6,06 mg/g e P – 687 mg/g) e na polpa (Zn - 7,8mg/g e P - 318mg/g). A casca apresentou os maiores teores para o Ca (2157mg /g), Fe (94 mg/g), Na (678 mg/g) e K (20062mg/g) em relação aos obtidos para a polpa(Ca - 66mg/g; Fe - 15mg/g; Na - 87mg/g e K - 4588mg/g) e para a semente (Ca - 73,8mg/g; Fe - 35mg/g; Na - 22mg/g e K - 1996mg/g). Os teores de Mg foram semelhantes para a casca e a semente da ordem de 870mg/g, sendo o valor obtido para a polpa em torno de 222mg/g.
CONCLUSÕES:
De uma maneira geral percebe-se uma distribuição proporcional dos elementos bem definida em relação á parte do fruto. A casca apresentou-se como uma fonte rica em Ca (93,9%), Fe (65,37%), Na (86 %) e K (97%), com teores destes elementos foram superiores aos encontrados na semente e na polpa. Enquanto que na semente foram encontrados os maiores teores de micronutrientes como Cu (58%), Mn (56,9%) e Zn (62,7%), como o nutriente P (73,3%). Estes nutrientes presentes na semente em elevada proporção podem estar relacionados a fatores fisiológicos de germinação e de crescimento da planta. Das três partes estudadas do fruto, a polpa foi a que apresentou os menores teores pra todos os elementos investigados, exceto para o K, que foi superior ao da semente. Estudos complementares devem ser realizados procurando correlacionar o procedimento de secagem e possíveis perdas destes elementos, sobre tudo para a casca, que vem sendo amplamente utilizada na forma de farinha, pela população no controle da diabetes. Contudo a obtenção desta farinha é muitas vezes em forno doméstico sem nenhum controle de temperatura, o que pode alterar a composição dos constituintes.
Instituição de fomento: PIBIC/CNPq - UFC
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  alimento funcional; composição mineral; maracujá.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005