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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
A CIDADE DO FUTURO: ESTRUTURA ECOLÓGICA URBANA - DA SUSTENTABILIDADE AO ECOSSISTEMA
Carla Alexandra Filipe Narciso 1 (carla-narciso@iol.pt)
(1. Departamento de Planeamento Biofísico e Paisagístico, Universidade de Évora - UE - Portugal)
INTRODUÇÃO:
Os espaços de vivência da Cidade sofreram fortes pressões urbanísticas, deteriorando o sentido do “lugar” e resultando numa desintegração dos sistemas morfológicos da paisagem urbana. O crescimento acelerado e casuístico da cidade determinou que o campo pré-industrial e a fantasia paisagística a ele associada fossem sendo substituídos por subúrbios fragmentados, sociais e sensorialmente preocupantes, marcados por uma dinâmica imobiliária volúvel e especulativa que molda a paisagem contemporânea – a paisagem do “não lugar”. É importante criar modelos e mecanismos de ligação e interação que possam contribuir para a união dos sistemas vivos dentro do perímetro urbano. Este mecanismo passa por um novo conceito de intervenção, em que a componente ambiental constitua a base de uma política em que a sustentabilidade ecológica seja assumida no contexto territorial ao nível do perímetro urbano, por uma estrutura com características próprias, impondo-se de forma inquestionável através das componentes unívocas que a constituem. Assim, é objetivo do presente trabalho a introdução de conceitos paisagísticos no debate urbanístico e a delimitação da Estrutura Ecológica Urbana na Cidade de Natal, implementando uma rede de sistemas (verde continuo), com base nos existentes e em novas delimitações por forma a salvaguardar áreas indispensáveis à manutenção do equilíbrio ecológico da Cidade.
METODOLOGIA:
Os estudos base para a implementação da Estrutura Ecológica Urbana desenvolveram-se a partir de uma analise sistemática e interpretativa da paisagem urbana da cidade de Natal, destacando, referenciando e sistematizando variados aspectos que a caracterizam. Esta análise foi efectuada segundo recurso a vários autores, estudos complementares, levantamentos topográficos e fotográficos.
Posteriormente foram elaboradas várias saídas de campo, com o intuito de compreender a vivência da cidade e da população com os lugares – Espaços Abertos Públicos, assim como a percepção do que representa o sistema verde para a cidade.
RESULTADOS:
Revela-se assim de extrema importância salvaguardar e promover os espaços naturais da cidade. Sendo que se constituem como áreas de risco, não deverão ser permitidas estruturas edificadas permanentes, a não ser em casos muito especiais, em que a construção se compatibilize totalmente ao metabolismo do ecossistema.
Despoluição e “naturalização” do rio Potengi e riachos urbanos, com margens revestidas com vegetação espontânea, associadas a percursos de peões, ciclistas e cavaleiros.
Desenvolvimento do Plano de Arborização assente numa continuidade e funcionalidade gerais. Revitalização e construção de novos espaços verdes públicos, com funções múltiplas e elevada vocação social e ecológica. Criação de um Parque Urbano, que possa assegurar uma série de funções, assim como o desenvolvimento e execução de um programa de parques e grandes jardins. Suavizar o efeito impermeabilizante causado pelos pavimentos exteriores, fomentando o uso de pavimentos semipermeáveis e estimular a construção de coberturas revestidas com vegetação em todos os novos edifícios.
Promover programas para a criação e gestão de espaços verdes com maior valor natural, quer ao nível da sua concepção quer da sua gestão e manutenção.
Por fim é de extrema importância agilizar parcerias entre o poder local e os privados de modo a abrir espaços verdes privados ao uso público condicionado, estimular o sector privado a construir espaços verdes de uso público mediante algumas contrapartidas.
CONCLUSÕES:
O contexto socioeconômico, ambiental e urbanístico sobre a qual se ergue a cidade de Natal determinou o presente estudo e delimitação.
Esta necessidade manifesta-se através da procura de novos espaços, onde as conectividades espaciais, ambientais e sociais interajam de forma equilibrada. Assim, a implementação da EEU em Natal, procura assegurar e salvaguardar os sistemas biológicos fundamentais para o equilíbrio da cidade. A ramificação destes sistemas insere-se numa escala menor denominada de corredores verdes, constituindo a estrutura que suporta a continuidade, a diversidade e a intensificação de todos os processos físicos e psíquicos da cidade, assumindo a ligação entre o espaço natural e o espaço construído. A EEU caracteriza-se como um instrumento de gestão do território, mas viabilizado dentro de um contexto generalizado como o PDN .
A intenção é devolver aos natalenses o gosto de viver na cidade, equilibrando e distribuindo democraticamente o acesso aos espaços verdes livres, formais e informais, equilibrados de forma continua.
Mas todo o processo só poderá ser viável e implantado, se houver um intenso e continuado esforço de pressão e esclarecimento sobre os órgãos responsáveis pela regulação do uso da paisagem, de modo que a médio ou longo prazo seja possível “renaturalizar” o meio urbano.
Cabe ao município de Natal o aprofundamento desta Estrutura Ecológica, na sua componente urbana, já que a cidade se espraiou numa grande área e deixou de constituir pequenos núcleos de artificialização na paisagem, que se podia dar ao luxo de se assumir contra natura.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Sistemas Morfológicos; Estrutura Ecologica Urbana; Sustentabilidade.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005