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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
O USO DE EQUIPAMENTOS DESATIVADOS COMO FONTE DE CONHECIMENTO DE TÉCNICAS INSTRUMENTAIS EM QUÍMICA ANALÍTICA
Tiago Pinheiro Braga 1 (tiagoufc2003@yahoo.com.br), Allan Nilson de Souza Dantas 1, Daniel de Andrade Lima 1, Jocirleide Aragão Vale 1, Regiane Ferreira de Matos 1, Tercio de Freitas 1 e Sandro Thomaz Gouveia 1
(1. Depto de Química Analítica e Físico-Química, Universidade Federal do Ceará - UFC)
INTRODUÇÃO:
A Universidade Pública Brasileira vem passando por grandes dificuldades. Uma das áreas que ressente essas dificuldades é a área de ciências, que é uma área que necessita de aulas laboratoriais para melhor consolidação do conteúdo teórico, sobretudo a química por ser uma ciência experimental. Contudo, a execução de aulas práticas, em especial as disciplinas instrumentais, tais como a química analítica instrumental, é uma tarefa difícil. O conhecimento de técnicas instrumentais de análise é de uma elevada relevância para os alunos que se destinarão á pós-graduação, as industrias ou aos centros de pesquisas. Em geral, para a graduação há uma carência muito grande de equipamentos dedicados nos laboratórios de ensino, sendo freqüentemente as aulas práticas desenvolvidas nos laboratórios de pesquisa destinados aos alunos da pós-graduação. Este tipo de aula limita o acesso dos alunos aos equipamentos, e também impossibilita o conhecimento das partes internas destes equipamentos. O conhecimento interno do equipamento pode criar problemas adicionais como danificação do equipamento, descalibração, e incompreensão da eletrônica empregada nos equipamentos modernos. Considerando que este acesso pode auxiliar no entendimento do princípio da técnica, na instrumentação, e ainda os equipamentos desativados existentes nos laboratórios de pesquisa, este trabalho tem como objetivo propor uma metodologia de ensino utilizando equipamentos desativados como uma ferramenta de ensino.
METODOLOGIA:
O trabalho proposto foi desenvolvido conjuntamente com o professor responsável pela disciplina de química analítica instrumental e os alunos do PET (Programa de Ensino Tutorial) do curso de Química Industrial. Inicialmente foram identificados os equipamentos que poderiam ser disponibilizados pelos grupos de pesquisa. Estes equipamentos foram doados ao grupo PET, que também conseguiu junto ao Departamento de Química Analítica e Físico-Química, uma sala para ser utilizada como um laboratório. Em seguida, cada equipamento foi estudado, sendo identificados às funções das peças e compartimentos do equipamento, sendo foi feita ainda uma discussão sobre o princípio da técnica e do equipamento. O cervo conta com 06 equipamentos (01 Balança analítica, 01 espectrocolorímetro, 01 espectrofotômetro UV, 01 cromatógrafo gasoso, 01 cromatógrafo líquido e 01 espectrômetro de absorção atômica). Para este trabalho foram preservadas as condições patrimoniais tais como a plaqueta de identificação de cada equipamento. Foi então desenvolvida uma estratégia de apresentação de maneira que as aulas práticas sejam inseridas conforme o cronograma e o conteúdo programático da disciplina. A etapa seguinte foi à apresentação de aulas expositiva dos equipamentos, tendo como monitores os bolsistas PET. Estas aulas foram inseridas na disciplina de Química Analítica IV dos cursos de Química e Química Industrial.
RESULTADOS:
Os resultados obtidos podem ser enfocados sob três aspectos. O primeiro refere-se em possibilitar uma nova utilização aos equipamentos desativados, visto que em geral, seu destino final é a divisão patrimonial ou ainda ficam retidos nos laboratórios servindo de entulho ou como peça decorativa. O segundo aspecto é o efeito que este tipo de atividade desenvolvida proporcionou aos bolsistas PET. Pois a cada equipamento desmontado era necessário buscar informações complementares tais como princípio de técnica, aplicações, fabricantes, configuração de equipamentos, custos, entre outros, o que permitiu a sedimentação dos conceitos teóricos, como também pôde enfocar outros aspectos para a formação dos bolsistas tais como: a aplicação da metodologia científica, estratégias para uma abordagem didático-pedagógica e a realização de pesquisa bibliográfica. Em relação aos alunos de graduação que cursam a disciplina, em geral para a maioria destes, este momento é o primeiro contato com um equipamento. Em contra partida, para os alunos que desenvolvem um trabalho de iniciação científica e empregam técnicas instrumentais nas suas pesquisas, este é o momento de sedimentarem os conhecimentos procurando entender o funcionamento dos equipamentos que utilizam. Percebe-se uma motivação maior destes alunos nestas aulas. Houve também a preocupação que estas aulas sejam apresentadas em um horário extra ao destinado á disciplina para que não haja perda ou supressão do conteúdo programático da mesma.
CONCLUSÕES:
A reutilização de equipamentos desativados pode ser uma ferramenta auxiliar para formação dos alunos de graduação. Esta experiência encontra-se no seu segundo semestre e de uma maneira geral percebe-se uma motivação e uma melhoria no aprendizado dos alunos. Esta proposta pretende ser ampliada para as outras disciplinas instrumentais que poderiam utilizar esta metodologia para melhor compreensão do conteúdo programático. Nos cursos de Química, esse recurso poderia ser plicado nas disciplinas de Química Analítica III, Química Orgânica III, Química Inorgânica III e Físico-Química III. Outra potencialidade seria, a partir deste acervo, gerar uma proposta de um museu de instrumentação, o que ampliaria o acesso aos instrumentos, não ficando restrito somente aos alunos das disciplinas. Entretanto para esta proposta ser implementada seria necessário uma revisão da metodologia pois cada equipamento poderia vir acompanhado de informações adicionais tais como fundamentos, aplicações da técnica e exemplos práticos aplicados no dia a dia, empregando uma linguagem mais coloquial.
Instituição de fomento: SESU-MEC
Palavras-chave:  instrumentação analítica; ensino de ciências; química analítica.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005