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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 2. Economia e Sociologia Agrícola
VULNERABILIDADE E QUALIDADE DE VIDA DO HOMEM DO CAMPO CEARENSE: UM ESTUDO DE CASO DO MUNICÍPIO DE MORAÚJO
Lidianny Vidal Fonteles 2 (lidiannyfonteles@yahoo.com.br), Antonia Clemilda Nunes 1, Rita de Cássia Torres de Sousa 2 e Maria Irles Mayorga 3
(1. Departamento de Agronomia, Universidade Federal do Ceará - UFC; 2. Departamento de Ciências Sociais, Universidade Federal do Ceará -UFC; 3. Departamento de Economia Agrícola - Faculdade de Agronomia - UFC)
INTRODUÇÃO:
Já há alguns anos foi superada a concepção de que seria necessário desenvolvimento econômico para se chegar ao desenvolvimento social. Pobreza atualmente está diretamente relacionada a política e não somente com a falta de infra-estrutura. Esse projeto é fruto de um trabalho de campo realizado no município de Moraújo através do projeto MAPLAN. Tem parceria com a Universidade Federal do Ceará - UFC, e a Universidade do Arizona, é financiado pela National Oceanic and Atmospheric Administration - NOAA, contando com apoio do governo do estado do Ceará e prefeituras.
Considerando os fatores determinantes de vulnerabilidade de desenvolvimento para as comunidades do campo, quanto maior é a exposição a esses fatores menores serão os índices de desenvolvimento encontrados. O objetivo desse projeto é determinar e analisar o nível de desenvolvimento e qualidade de vida na comunidade de Enjeitado, município de Moraújo cidade da região norte do estado para a elaboração de um plano de desenvolvimento local. A partir dos dados coletados pela pesquisa a implementação dessas políticas fica a cargo dos técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Local e Regional - SDLR e dos promotores locais.
A relevância do tema desse trabalho baseia-se em uma orientação para políticas públicas que estimulem atividades produtivas favorecendo ao desenvolvimento econômico, social e regional.
METODOLOGIA:
Na primeira etapa da pesquisa foi feita a seleção de 10 cidades com baixos Índices de Desenvolvimento Humano do Estado, IPECE – 2002 e o contato com os prefeitos dos municípios. Antes de ir a campo, foi feito um treinamento com a equipe de bolsistas da Universidade Federal do Ceará e logo após com os parceiros locais em Fortaleza.
Na primeira visita ao município são selecionados os promotores locais. Eles interagiram com a comunidade, selecionaram os locais das oficinas e convocaram os participantes da mesma. Este artifício metodológico é necessário diante da impossibilidade da equipe de pesquisadores diagnosticar in loco todas as comunidades do município.
A etapa seguinte da pesquisa é a identificação dos Setores de Comunidades (SEC’s) existentes. Podemos defini-los como sendo um aglomerado de comunidades que apresentam relações de vínculo entre si.
Os dados foram levantados em duas fases: oficina de diagnóstico onde se classificava os condicionantes e levantava as atividades produtivas locais e na segunda procedeu-se a oficina de priorização em que as pessoas classificaram os problemas da comunidade através do método da pesquisa participativa. As ferramentas utilizadas na pesquisa participativa se baseiam em figuras esquemáticas, mapas e diagramas.
RESULTADOS:
A partir dos dados observados durante a realização das oficinas em Enjeitado foram atribuídos aos condicionantes água para o consumo humano, acesso, saúde, energia e posse da terra os valores: 1 ( indicando uma comunidade mais vulnerável em relação a um determinado valor condicionante / cor vermelha), 2 ( relacionado a uma vulnerabilidade média / cor amarela) e o 3 (é a menos vulnerável em relação ao condicionante estudado / cor verde).
A dificuldade no acesso foi relacionada a diversos problemas na região como: durante o inverno não tem atendimento do Programa Saúde da Família, falta de comércio interno, os aposentados não têm como receber o pagamento. No inverno, as crianças perdem aula e a travessia do rio Acaraú feita em balsas improvisadas faz com que as pessoas arrisquem suas vidas em travessias perigosas no período chuvoso.
Os menores índices de vulnerabilidade foram: energia (das 20 comunidades 16 não tem energia) e saúde onde nenhuma comunidade conta com infra-estrutura médica. Entretanto, a questão da água se mostrou fundamental já que se trata de uma região basicamente agrícola. A partir daí, travam-se relações de subordinação a quem tem a posse da água pois muitos agricultores não plantam nas suas terras por não terem infra-estrutura que, por vezes é privatizada (das 20 comunidades 15 não tem a posse da terra em que trabalham).
CONCLUSÕES:
A comunidade de Enjeitado apresenta extrema pobreza, dificuldade de acesso e inexistência de qualquer forma de organização comunitária o que deixa as pessoas que lá vivem praticamente isoladas do restante do município.
A condição atual de uma determinada comunidade é determinada por um conjunto de fatores que ponderados dão uma visão global do nível de vulnerabilidade. A análise dos fatores condicionantes e de suas inter-relações é, portanto, fundamental para compreender a situação atual da comunidade em questão.
Observou-se a importância que há na participação popular. Muitas vezes, surgem novos temas e informações antes irrelevantes para os pesquisadores. Percebe-se também o nível de interação entre as pessoas e a capacidade de mobilização da comunidade para implementação das políticas públicas.
A metodologia participativa faz um resgate do direito a cidadania dos atores sociais, fazendo-os agentes de desenvolvimento de sua comunidade.
Instituição de fomento: National Oceanic and Atmospheric Administration - NOAA
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  vulnerabilidade rural; desenvolvimento local; metodologia participativa.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005