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C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 1. Genética Animal
VARIABILIDADE DO GENE MITOCONDRIAL COI EM DOIS PLANTÉIS REPRODUTORES DO CAMARÃO Litopenaeus vannamei DO NORDESTE BRASILEIRO.
Michely Correia Diniz 1, João José Simoni Gouveia 1, Allan Rodrigo Soares Maia 1, Francisco Lucas Alvino da Silva 2 e Rodrigo Maggioni 1, 2
(1. Núcleo de Genômica e Bioinformática - Faculdade de Veterinária - UECE.; 2. Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central - UECE.)
INTRODUÇÃO:
A aqüicultura brasileira vem passando por um processo de acelerado desenvolvimento, resultado de décadas de investimento em ciência, o qual permitiu o domínio do ciclo biológico de espécies rentáveis e o avanço na tecnologia de rações. Este desenvolvimento é especialmente visível na região nordeste do país, onde as condições climáticas são particularmente favoráveis à atividade. Na aqüicultura nordestina a espécie de maior importância atualmente é o camarão branco do Pacífico Litopenaeus vannamei Boone (1931). A produção de L. vannamei no país atingiu cerca de 90 mil toneladas no ano de 2003, sendo a região Nordeste responsável por 95% deste total. No entanto, para que sejam alcançados os ideais de produtividade e sustentabilidade no cultivo desta espécie, tecnologias baseadas em marcadores moleculares vêm sendo implementadas, visando aumentar o conhecimento acerca de aspectos genéticos, bem como para garantir a biosseguridade da atividade. Neste quadro o presente trabalho se insere numa iniciativa de avaliação e monitoramento da variabilidade dos plantéis reprodutivos do Nordeste brasileiro, visando, ao mesmo tempo, implementar novas metodologias baseadas em DNA na Universidade Estadual do Ceará. O trabalho teve como objetivo avaliar a variabilidade do gene mitocondrial da subunidade I da Citocromo C Oxidase (COI) do plantel de reprodutores de dois laboratórios de maturação localizados no Ceará e no Piauí.
METODOLOGIA:
Pleópodos de 60 reprodutores (30 de cada laboratório de maturação) foram coletados e armazenados em etanol a 95%. DNA genômico foi extraído por protocolo que envolve fragmentação celular, digestão com proteinase K e precipitação em etanol, mas que exclui solventes apolares. A amplificação por PCR da porção 3’ do gene mitocondrial COI foi realizada usando iniciadores universais para artrópodes. Tanto os resultados da extração como os da amplificação por PCR foram avaliados por eletroforese em gel de agarose a 1%, contendo brometo de etídio, e visualizados em transiluminador UV. Os produtos de PCR foram purificados por precipitação em etanol e seqüenciados por ciclagem para leitura em seqüenciador capilar ABI 3100. Em adição às seqüências produzidas localmente, seqüências para comparação foram coletadas no GenBank do NCBI. As seqüências foram alinhadas e analisadas através de softwares disponíveis on-line. Estatística básica, distâncias genéticas não corrigidas e dendrogramas foram calculadas através do programa PAUP*4.0.
RESULTADOS:
As estimativas de freqüências de bases seguiram o esperado para regiões mitocondriais, com predominância de A e T (respectivamente 24,35% e 35,47%). Distâncias não corrigidas estão de acordo com o previamente publicado para COI de L. vannamei variando entre 4% e 17%. Dendogramas de similaridade, construídos por médias aritméticas não ponderadas (UPGMA) mostraram dois agrupamentos principais, um formado pelas amostras cearenses e outro pelas amostras do Ceará e Piauí. A adição de seqüências de indivíduos provenientes da América do Norte gera a formação de um terceiro agrupamento, mas uma parcela das amostras se integra no grupo de amostras cearenses. Esta similaridade pode estar relacionada com a origem do plantel cearense.
CONCLUSÕES:
Os resultados obtidos não excluem a possibilidade de que parte das diferenças observadas seja conseqüência da variabilidade genética entre plantéis, mas não permite uma identificação inequívoca da procedência dos indivíduos. Este baixo nível de diferenciação entre plantéis está certamente associado ao pouco controle sobre o aspecto genético do manejo de reprodutores. Por outro lado o nível de variabilidade registrado sugere que, apesar da restrição à importação de reprodutores, em vigor desde 1997, ainda há uma reserva de diversidade que pode ser utilizada como ponto de partida para programas de melhoramento genético. O gene mitocondrial COI continua a ser uma boa opção para análise de variabilidade intra-específica, no entanto o uso de marcadores mais polimórficos, como a região controle mitocondrial ou locos de microssatélites, são indicados, uma vez que já estão sendo empregados na análise da variabilidade genética em aqüicultura, inclusive para L. vannamei .
Instituição de fomento: FUNCAP e UECE
Palavras-chave:  camarão; DNA; mitocôndria.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005