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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 3. Enfermagem Médico-Cirúrgica
A INFLUÊNCIA DE UMA ORIENTAÇÃO PARA O AUTOCUIDADO À SAÚDE EM VÍTIMAS DE TRAUMA RAQUIMEDULAR E SEUS FAMILIARES
POLLYANNA DANTAS DE LIMA 1 (pollyanna@digizap.com.br) e GLAUCEA MACIEL DE FARIAS 1
(1. Depto. de Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN)
INTRODUÇÃO:
As estatísticas mundiais mostram que 3,5 milhões de pessoas morrem devido a traumas acidentais ou intencionais. Nos Estados Unidos da América, os acidentes de trânsito são responsáveis por 45% dos casos, 35% relacionados a quedas e os 20% restantes a atos de violência. No Brasil, este mesmo motivo causa a morte de 110.000 pessoas, sendo 30.000 decorrentes dos acidentes automobilísticos. De acordo com estimativas das Nações Unidas, no nosso país existiam em 1991, 17 seqüelados para cada 1000 pessoas, e a lesão medular foi apontada como o principal motivo. O Estado do Rio Grande do Norte, por se localizar em região litorânea leva a produção de acidentes de mergulho freqüentes. O Traumatismo Raquimedular (TRM) ao longo dos tempos vem sendo considerado um problema de saúde pública no mundo, devido às conseqüências na esfera física, emocional, financeira e social. Como esta lesão traz complicações sérias, torna-se essencial, o estabelecimento de ações adequadas desde o local do acidente, durante o transporte e no hospital. Preocupados com a crescente demanda dessas vítimas e à dependência adquirida, nos despertou a necessidade de realizamos esta pesquisa objetivando trabalhar o autocuidado e a melhoria na sua qualidade de vida. Diante do atual modelo de assistência e sentindo a necessidade de reverter este quadro, nos propomos a analisar a influência de uma orientação sistematizada para diminuir o Déficit de Autocuidado proposta por Orem (1995).
METODOLOGIA:
O estudo é do tipo descritivo exploratório com abordagem quantitativa, realizado no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, no período de março a maio de 2004. Utilizamos um instrumento baseado na a teoria do autocuidado de Orem, para medir a capacidade do autocuidado das vítimas de TRM denominado CADEM, que mede o nível de Comunicação, Atividades básicas, Deambulação, Eliminação e Mobilidade. A população constou de todos os pacientes com um total de 19 vítimas de TRM e seus familiares, com diagnóstico médico de TRM, independente do sexo, idade, agente causador da lesão e que concordaram participar da pesquisa. É importante ressaltar que foram seguidos todos os preceitos que regem a Resolução do Ministério da Saúde n.196/96. Os dados obtidos para o preenchimento do CADEM foram obtidos pelo histórico e exame físico. Depois de detectado o déficit para o autocuidado, fizemos uma orientação sistematizada de acordo com a necessidade de cada indivíduo, com a pretensão de observar se havia uma melhora neste déficit. Caso o paciente não tivesse condições de realizar o seu autocuidado esta orientação era direcionada para o familiar e ou amigo. O CADEM foi aplicado em dois momentos distintos: logo após o histórico e exame físico e após as orientações sistematizadas.
RESULTADOS:
Observou-se que 100% eram homens, 36,84% pertenciam à faixa etária de 16 a 25 anos; a maioria, 47,37% situou-se no nível II (inclui os cargos de ocupação especializada), seguido do nível I com 26,32%, (inclui os cargos de ocupação não especializada); 68,42% eram católicos, seguido de evangélicos com 15,79%; 36,84% não alfabetizados e 26,32% tinham o ensino fundamental incompleto; a fratura torácica foi a principal lesão identificada nos pacientes com 48%, seguida pela fratura cervical (24%) e fratura luxação cervical com 16%; 31,6% tiveram com agente causador o ferimento por arma de fogo, 21,1% queda de altura e 15,8% acidente com moto. Observamos que antes das orientações para o autocuidado os pacientes predominavam no Nível IV (totalmente dependente de ajuda para o autocuidado) com 52,6%, seguido do nível III (necessita de ajuda moderada a grande para alcançar o autocuidado) com 36,8%. Após as orientações verificamos uma melhora nos níveis III e IV e uma evolução nos níveis I e II (independente para o autocuidado e hábil para o autocuidado, porém necessita de apoio e ajuda). Analisando os familiares antes das orientações para o autocuidado vimos que predominavam no nível III com 73,7%, após as orientações apenas 10,5% permaneceram no referido nível e os demais familiares evoluíram para o nível II.
CONCLUSÕES:
Podemos inferir que o paciente de TRM é jovem, do sexo masculino, não possui escolaridade nem qualificação profissional, vítima de ferimento por arma de fogo, seguido de queda de altura e acidente de moto, apresentando como principal lesão, por ordem de freqüência a fratura torácica, fratura cervical e fratura-luxação da cervical. Identificamos que antes das orientações para o autocuidado os pacientes estavam classificados no nível IV, seguido do nível III. Após as orientações verificamos uma diminuição nos níveis III e IV e uma evolução nos níveis I e II. Na análise com os familiares antes das orientações para o autocuidado vimos que predominou o nível III e, após as orientações, apenas 10,5% permaneceram no referido nível e os demais familiares evoluíram para o nível II.
Palavras-chave:  AUTOCUIDADO; ENFERMAGEM; TEORIA DE OREM.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005