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C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 1. Entomologia e Malacologia de Parasitos e Vetores
INTERFERÊNCIA DA IVERMECTINA NA OOGÊNESE DE Chrysomya megacephala (FABRICIUS,1794) (DIPTERA:CALLIPHORIDAE)
Celma Marinho da Silva Gomes 1 (cmar@ioc.fiocruz.br), José Mário d'Almeida 2, Vanderleia Cristina de Oliveira 1 e Margareth Maria de Carvalho Queiroz 1
(1. Deptº de Biologia, LBCIV, Fundação Oswaldo Cruz- FIOCRUZ; 2. Deptº de Biologia Geral, Universidade Federal Fluminense- UFF; 3. Deptº de Biologia, LBCIV, Fundação Oswaldo Cruz- FIOCRUZ; 4. Deptº de Biologia, LBCIV, Fundação Oswaldo Cruz- FIOCRUZ)
INTRODUÇÃO:
A ivermectina é um derivado semi-sintético, originada da avermectina, substância isolada do Streptomyces avermitilis. É uma droga neurotransmissora, que apresenta ação inibidora do GABA. funciona como ecto e endoparasiticida usada em um grande número de mamíferos inclusive, testada no homem para o tratamento da filaríase Bancroft, oncocerquíase, larva curens cutânea, strongyloidíase, pediculose capitis, larva migrans e escabiose. Como ectoparasiticida, é também recomendada para o controle de larvas de muscóides causadoras de miíases. Alguns estudos sugerem que esta droga utilizada em nematódeos, pode interferir na inibição de nutrientes. Em artrópodes, seu efeito pode produzir paralisia e morte, mas em mamíferos, não penetra com facilidade através da barreira do SNC, porém os resíduos deste produto eliminados nas fezes, interferem na biologia reprodutiva de muscóides, podendo até servir como controle populacional em áreas rurais. O tipo de alimento ingerido pelas moscas influencia no número de ovaríolos e na duração da oogênese. Nosso objetivo foi avaliar a interferência da ivermectina na oogênese de. Chrysomya megacephala (Fabricius, 1794) (Díptera: Calliphoridae), oriunda da região Oriental, introduzida no Brasil na década de 70. Na maioria dos estados brasileiros é o muscóide mais freqüente no meio urbano, principalmente associada a matéria orgânica em decomposição, considerada uma espécie de grande importância sanitária, como vetor em potencial de patógenos.
METODOLOGIA:
As colônias foram estabelecidas a partir das fêmeas capturadas no campus da Fundação Oswaldo Cruz e colocadas em gaiolas (30x30x30cm) e após a emergência da geração parental, iniciamos os testes. A ivermectina foi misturada a uma pasta de fígado bovino fresco nas seguintes concentrações de: 1mg/ml; 0,1mg/mL; 0,01mg/mL e 0,001mg/mL. Para cada tratamento, utilizou-se uma gaiola com 100 casais de C. megacephala repetindo-se a seguir totalizando 200 casais. As experiências foram desenvolvidas no Laboratório de Biologia e Controle de Insetos Vetores, IOC/FIOCRUZ em temperatura ambiente (25 - 28 ºC e 60 - 80% de UR). Além da pasta de fígado com a droga a testar, os muscóides receberam água e sacarose ad libitum. Todos os dias cinco fêmeas foram retiradas, dissecadas e os ovaríolos examinados. As primeiras, retiradas com 6 horas após a emergência e a partir daí de 24/24h até completar 15 dias (360h). A determinação dos estágios de desenvolvimento dos folículos ovarianos foi baseada em Avancini & Prado (1986). Como controle, utilizamos a mesma pasta de fígado sem a ivermectina.
RESULTADOS:
Os folículos ovarianos das fêmeas, dissecadas 6h após a emergência, estavam na fase de germário. Na concentração de 1mg/mL, 24h após a exposição ao produto, todas as moscas morreram (100%). Nas concentrações 0,1mg/mL e 0,01mg/mL não ocorreu deposição de vitelo nos folículos ovarianos. Observou-se também que as moscas apresentavam o abdomem muito dilatado, que quando manuseadas, chegavam a romper-se, expelindo grande quantidade de gases. Pode-se sugerir que a ivemectina, em doses sub-letais, possa ter interrompido o impulso nervoso entre as terminações nervosas e a musculatura do trato intestinal, impedindo, não só a absorção do alimento, como também os movimentos peristálticos, produzindo fermentação e gases. Na concentração de 0,001mg/mL, quando as moscas atingiram o 15º dia, o restante das fêmeas (20) foram dissecadas e constatou-se que 40% estavam com ovo maduro, 40% na fase de vitelogênese e 20% na fase de pré-vitelogênese. No grupo controle 100% das moscas estavam com ovos maduros, 120 horas após a emergência.
CONCLUSÕES:
Conclui-se que a ivermectina na concentração de 1mg/mL foi letal para C. megacephala e que nas demais concentrações utilizadas interferiram muito na oogênese desta espécie.
Instituição de fomento: Fundação Oswaldo Cruz
Palavras-chave:  Ivermectina; Oogênese; Chrysomya megacephala.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005