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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 5. Sociologia Rural
ASSOCIATIVISMO: INSTRUMENTO DE POLITIZAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR NO MUNICÍPIO DE GUARACIABA - MG
Douglas Emiliano Januário Monteiro 4 (sedimentares@yahoo.com.br), Grazielle Isabele Cristina Silva 1, Regiane Cristina Gouveia 4, Leonardo de Magalhães Leite 3, Solange Marcelino 2 e Maria Izabel Vieira Botelho 1
(1. Depto. de Economia Rural, Universidade Federal de Viçosa - UFV; 2. Depto. de Economia Doméstica, Universidade Federal de Viçosa - UFV; 3. Depto. de Economia, Universidade Federal de Viçosa - UFV; 4. Depto. de Artes e Humanidades, Universidade Federal de Viçosa - UFV)
INTRODUÇÃO:
Este trabalho tem por objetivo analisar os problemas na organização de um grupo de mulheres agricultoras de baixa renda nas atividades de constituição e formalização de uma associação. Procurou-se identificar o relacionamento do grupo com as demais organizações presentes na comunidade, tais como, EMATER, prefeitura e sindicatos. O enfoque foi desenvolvido a partir dos princípios da Economia Popular Solidária, que emerge como forma alternativa de organização do trabalho, da produção e distribuição, numa sociedade onde uma parcela da população que se encontra excluída do mercado de trabalho busca sua sobrevivência. O grupo analisado está vinculado à Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Federal de Viçosa (ITCP-UFV).
METODOLOGIA:
Em relação à metodologia utilizada no trabalho, procurou-se embasamento teórico com amplo referencial sobre organização de grupos e Economia Solidária. O estudo foi de natureza exploratória, com emprego de dados secundários, levantamento do histórico do grupo, das atividades que ele desenvolvia, além de uma análise da infra-estrutura do local. Na coleta de dados, utilizou-se metodologias de diagnóstico participativos, especificamente o Diagnóstico Rápido Participativo e Emancipador (DRPE) com envolvimento dos atores do processo. Desse método foram aplicadas técnicas do “Diagrama de Venn”, com o intuito de analisar os atores intermediários, quanto a sua atuação; “Rotina Diária”, com a finalidade de observar o cotidiano das participantes, a fim de verificar que influência faz na organização interna do grupo; ”Entra e Sai” para averiguar as suas potencialidades econômicas quanto ao processo de produção e vendas; e “Matriz Realidade/Desejo”, onde foram problematizamos as principais limitações do grupo. Vale ressaltar que, paralelamente a essas técnicas, foram feitas dinâmicas de grupo para evidenciar e reconhecer a identidade do grupo.
RESULTADOS:
Os resultados encontrados permitem inferir que o grupo cristalizava uma coesão somente nas atividades produtivas, com a ausência de reuniões periódicas para discussão dos problemas emergenciais. Quanto ao papel dos atores intermediários, verificou-se que a sua atuação impedia a consolidação do processo autogestionário, que acarretou, num curto período de tempo, o surgimento de processo de gestão autocrática. É importante considerar que isto é, também, reflexo de formação caracterizada por valores que implicam em baixa autonomia e participação das mulheres. Os problemas de produção, vendas e baixa auto-estima foram observados como principais limitantes do grupo. Em contrapartida, as suas potencialidades estavam em torno da infra-estrutura de trabalho coletiva em que produziam as compotas e quitandas.
CONCLUSÕES:
O processo para consolidar o grupo em uma organização formal, como associação de produtoras, aconteceu de forma lenta e gradual, quando se buscou uma forma participativa e autogestionária na constituição. De maneira geral, os atores intermediários têm significativa influência nesse processo, podendo fazer interferências que chegam a impedir a emancipação que o grupo busca. A situação se agrava quando ficam evidentes as questões de gênero, já que em comunidades rurais tradicionais a independência construída pelas mulheres é de difícil aceitação por todos.
Palavras-chave:  Associação; Agricultura Familiar; Economia Solidária.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005