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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina | ||
CHEWING LIKE, COMPORTAMENTO DE DOR OROFACIAL CRÔNICA NA DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR EXPERIMENTAL. | ||
Carlos Mauricio de Castro Costa 1, Katia do Nascimento Gomes 1, Neiberg de Alcantara Lima 1, Fabiana de Campos Cordeiro Hirata 1, Debora Teixeira Bessa 1 e Carlos Henrique de Oliveira Araujo 1 | ||
(1. Dpto. de Fisiologia e Farmacologia, Universidade Federal do Ceará - UFC) | ||
INTRODUÇÃO:
A disfunção temporomandibular é uma importante entidade clínica que, além de evidenciar sinais e sintomas articulares como desordens internas na articulação e osteoartrite, envolvem condições dolorosas como dor miofacial e intraarticular (Lobbezoo e colaboradores, 2004). Modelos animais de dor na região orofacial (músculo masseter, lábio e região da ATM) através da indução por agentes pró-inflamatórios levando a alterações comportamentais como hiperalgesia e alodinia correlacionada com eventos neurais em tecidos periféricos e neurônios do SNC , tem sido estudadas (Yu, 1993; Ren e Dubner, 1999, Svensson e colaboradores, 2003). Por injeção de um agente inflamatório, o Completo Adjuvante de Freund (CFA), no interior da ATM de rato e na região do tecido perioral desenvolveu-se uma hiperalgesia associada com inflamação orofacial (Zhou, 1999). Considerando os efeitos do CFA na ATM de ratos em promover uma inflamação persistente e mudanças neuroplásticas (Yu e colaboradores,1993) e expressão da proteína fos , um marcador de atividade neuronal (Zhou e colaboradores,1999) foi elaborado e proposto um modelo de inflamação da região da ATM de ratos, idealizado apartir do modelo desenvolvido por Roveroni e colaboradores (2001) que utiliza a formalina em diferentes concentrações (0,5%, 1.5%, 2,5%, 5%), onde foi analisada alterações comportamentais e sua interrelação com dor orofacial, verificando se os comportamentos destacados são sensíveis a morfina, indometacina ou lidocaína. |
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METODOLOGIA:
Animais: Para o experimento foram utilizados ratos machos, pesando entre 180 e 300g. Os animais eram mantidos em caixas plásticas (grupo= 6) com água e comida em condições de luz ambiental. Indução inflamatória da ATM: Os animais passaram por um período de adaptação de 10 minutos em um observatório de madeira iluminado. A parede frontal do observatório era de vidro de modo a permitir ao experimentador observar os elementos comportamentais. Após o período de adaptação, o animal era removido da caixa de teste e levemente anestesiado com éter etílico P.A. para permitir a injeção de 50 microlitros de CFA (n=8) e solução salina (n=8) na ATM. Observação de comportamentos espontâneos: Seguinte à injeção, os animais retornaram para a caixa de observação. Comportamentos como: sniffing, rearing, climbing, chewing like, freezing, rest/sleeping, grooming, licking, scratching, biting e head fliches foram observados durante 30 minutos e o tempo de execução dos comportamentos foram registrados através de um programa básico “comporta”. Testes Farmacológicos: As drogas testadas foram: indometacina; Morfina e o anestésico local lidocaína com vasoconstrictor a 2%. As drogas foram administradas 30 minutos via oral através de uma sonda orogástrica, seguindo o protocolo de jejum por 24 horas, imediatamente após o preparo, antes da observação comportamental, com exceção da lidocaína, os animais deixados 10 minutos para adaptação ao ambiente e então iniciava-se a avaliação dos efeitos das drogas. |
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RESULTADOS:
Efeito da injeção de CFA na região ATM nos comportamentos espontâneos dos animais: Diante da avaliação de todos os comportamentos dos animais, destacamos quatro comportamentos que apresentaram significância estastística (p< 0,05) no grupo de ratos tratados com o CFA, tanto em relação ao grupo controle como também comparado ao grupo de animais tratados com formalina 2,5%. A saber: chewing like (movimento de rotação da mandíbula ou mastigação), rest/sleeping (descanso/sono), grooming (limpar-se) e freezing (congelar-se). Devemos ressaltar também, que a formalina 2,5% injetada na região da ATM dos ratos, alterou significativamente os comportamentos grooming e scratching apresentados pelo seu grupo de animais tanto em relação ao CFA quanto ao grupo salina fisiológica ou grupo controle. O comportamento chewing like demonstrou um superior tempo de execução ao longo de toda a semana em que os animais foram observados, destacando o 3º e 6º dia, onde a diferença significativa foi observada tanto em relação ao grupo controle e ao grupo da formalina 2,5%. Efeito da Morfina, indometacina e lidocaína 2% sobre o comportamento chewing like induzido pelo CFA ao 3º dia: a administração desses analgésicos v.o. no grupo de animais no 3º dia após a injeção de CFA, apresentou os seguintes resultados: redução significativa (p<0,05) por morfina v.o. (4mg/Kg) e indometacina v.o. (5mg/Kg). Entretanto, esse comportamento não foi revertido por lidocaína com vasoconstrictor 2% i.m. (0,4 ml). |
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CONCLUSÕES:
O CFA é um importante agente indutor de inflamação persistente que alterou ao longo de 1 semana, o comportamento chewing like ou movimento de rotação da mandíbula. Esse comportamento apresentou sensibilidade a atividade analgésica da indometacina e morfina, caracterizando-o como alteração relacionada a nocicepção. Nós sugerimos que o comportamento chewing like poderá servir como um marcador não invasivo de dor crônica relacionada a região orofacial, podendo fornecer subsídios para a compreensão da disfunção da ATM ou alterações dolorosas experimentais. São necessários mais estudos para destacar ou reafirmar esse e outros comportamentos relacionados a atividade do CFA na região da face de ratos durante intervalo de avaliação mais extensos, permitindo a análise de outros comportamentos que podem ser alterados com ativação de caminhos nociceptivos na dor crônica. |
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Palavras-chave: nocicepção; dor orofacial; teste de formalina, CFA. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |