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C. Ciências Biológicas - 12. Neurociências e Comportamento - 1. Neurociências e Comportamento
EFEITOS DO TRATAMENTO CRÔNICO DO ETANOL EM TESTES COMPORTAMENTAIS EM CAMUNDONGOS.
Rômmulo Celly Lima Siqueira 1 (rômmulo@ibest.com.br), Samara Gomes Matos 1, Isabella de Melo Matos 1, Felipe Calheiros R. Romero 1, Silvane Rodrigues Lima 1, Marcelo de Moraes Andrade 1, Paula Matias Soares 1, Manoel Cláudio Azevedo Patrocínio 2, Krishnamurti de Morais Carvalho 1 e Silvânia Maria Mendes Vasconcelos 1
(1. Inst. Superior de Ciências BioMédicas, Univer. Est. do Ceará; 2. Instituto José Frota)
INTRODUÇÃO:
A Organização Mundial da Saúde classifica o uso abusivo de álcool como uma doença que tem tratamento médico, pois afeta a lucidez, a capacidade crítica e domina a vontade do individuo. O tratamento crônico com álcool tem efeitos variados em diversos sistemas corporais (Sistema Nervoso Central-SNC, Trato Gastrointestinal e outros). No SNC, o álcool pode apresentar interação com vários sistemas de neurotransmissores e alterar o comportamento do animal. O etanol (ou álcool etílico), farmacologicamente, distribui-se por todos os tecidos e líquidos orgânicos. Após a administração por via oral, ele é rapidamente absorvido no estômago, intestino delgado e cólon. Sabe-se que ele libera dopamina através do estímulo da ativação de um subgrupo de neurônios, que se localiza principalmente no nucleus accumbens. As funções sinápticas da serotonina também são influenciadas pelo etanol, podendo causar alterações adaptativas e, conseqüentemente, uma tolerância ao álcool. No sistema glutamatérgico, o etanol atua aumentando as subunidades dos receptores N – Metil – D - Aspartato (NMDA), causando resposta fisiológica aos efeitos depressores. A atividade locomotora espontânea (ALE) em camundongos tem se tornado um modelo potencial para a identificação dos efeitos estimulantes e depressores do etanol no SNC. Assim, o objetivo deste estudo foi verificar os efeitos do etanol através de testes comportamentais em camundongos.
METODOLOGIA:
Foram utilizados, nos experimentos, camundongos Swiss, machos (total de 70), peso entre 20-32g, provenientes do Biotério da Faculdade Christus. Os animais foram tratados com água destilada (controle – C) ou Etanol - Et (2 ou 4 g/kg, via oral, solução a 20%) e posteriormente realizados os testes comportamentais. Os animais foram mantidos nas mesmas condições ambientais com ciclo de alternância claro/ escuro de 12 horas, alocados em gaiolas com máximo de 10 animais, recebendo água ad libitum e ração tipo purina. Os experimentos foram iniciados por volta das 14 horas. O álcool etílico absoluto (99,9%) (Merck, Alemanha) foi utilizado para o preparo de solução a 20% (em água bidestilada). O etanol foi administrado oralmente (com cânula de metal própria para camundongos) em concentrações de 02 g/kg de peso animal (0,35 ml) e 04 g/kg de peso animal (0,70 ml). Os animais foram divididos em três grupos (C-16, Et2g-24 e Et4g-30 animais), mantidos em jejum de 24 horas antes do experimento. O Tratamento crônico do álcool foi realizado durante cinco dias consecutivos, seguindo o mesmo horário de aplicação. Os testes foram realizados no quinto, sétimo e décimo dia após a retirada da droga. Foram realizados os testes de campo aberto (ALE, Rearing (R) e Grooming (G)) e Suspensão de cauda (TS) em um ambiente livre de som. Os experimentos foram realizados conforme o guia de cuidados e uso de animais de laboratório do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA.
RESULTADOS:
Embora nenhuma alteração significativa tenha sido observada na ALE, nos tempos estudados (C5= 29,7 ± 2,5; C7= 13,1 ± 1,9 e C10= 16,7 ± 3,0 referentes ao quinto, sétimo e décimo dias, respectivamente), uma diminuição do número de R e um aumento no tempo de imobilização dos animais foram encontrados no quinto dia após a administração do Et 4g (R= 8,1 ± 1,1; TS= 127 ± 12), quando comparado ao grupo controle (R= 22 ± 2,7; TS= 66,6 ± 9,3). Contudo, estes resultados ficaram semelhantes aos valores dos controles no décimo dia (R= 13,29 ± 1,24; G= 5,0± 1,3; TS= 92,0 ±49,7). O teste estatístico escolhido para a comparação foi ANOVA, com Tukey como teste post hoc , programa GraphPad Prism 3.0 for Windows, P<0,05).
CONCLUSÕES:
Etanol apresentou efeito depressor nos testes de Suspensão de Cauda, Rearing e Grooming , apenas no quinto dia de observação. Entretanto, após a retirada da droga, houve um retorno dos efeitos comportamentais semelhante aqueles observados no grupo controle. Pode-se observar que o efeito depressor foi dose-dependente nos testes de Suspensão de Cauda e Rearing).
Instituição de fomento: FUNCAP, CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  ETANOL; COMPORTAMENTO; SISTEMA NERVOSO CENTRAL.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005