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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua) | ||
EDUCAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS - A FORMAÇÃO DOCENTE NO CONTEXTO DO PROGRAMA DE INFORMATIZAÇÃO DAS ESCOLAS PÚBLICAS BRASILEIRAS (PROINFO) NOS ESTADOS DA BAHIA E DO CEARÁ (2001-2005). | ||
Tânia Maria Batista de Lima 1 (tania@fortalnet.com.br) | ||
(1. Departamento de Estudos Especializados, Faculdade de Educação, UFC.) | ||
INTRODUÇÃO:
O campo de investigação da formação docente vem se desenvolvendo em larga escala principalmente nas duas últimas décadas. A superação de um paradigma que interpreta a educação como um fenômeno resultante única e exclusivamente das macro-determinações sócio-econômicas e políticas, aliada a uma necessidade de compreensão do cotidiano escolar e suas esferas de resistência à cultura dominante têm gerado profundas transformações nas abordagens da pesquisa educacional contemporânea. Dessa forma, o professor enquanto sujeito - suas práticas, concepções, ritmos, escolhas, sentimentos, representações - bem como sua formação (inicial e continuada) assumem uma importância vital para o desenho que toma o cotidiano escolar. Os programas de formação docente hoje em curso no país, assim como as políticas governamentais para o setor, têm demonstrado uma grande preocupação com a chamada “alfabetização tecnológica” do professor. Nossa pesquisa objetivou compreender e analisar as experiências mais relevantes que se gestaram no âmbito do PROINFO nos Estados da Bahia e Ceará, buscando dimensionar seus impactos e conseqüências para a formação docente, a partir das “falas” dos sujeitos envolvidos nos processos de capacitação dos professores. A pesquisa contou com o auxílio financeiro da FUNCAP e foi premiada na edição 2002 do Programa de Apoio a Pesquisas em Educação a Distância (PAPED-CAPES). O trabalho foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da Universidade Federal do Ceará. |
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METODOLOGIA:
Inicialmente foi feito um levantamento bibliográfico e documental em torno do tema, com o objetivo de definir nossas categorias de análise e instrumentos de coleta dos dados. As principais categorias de análise que guiaram nosso “olhar” foram: formação docente, tecnologia, prática pedagógica e políticas públicas. Num segundo momento, a partir de contatos preliminares com as coordenações do PROINFO nas secretarias estaduais de educação, definimos os municípios a serem pesquisados. Na Bahia, visitamos 04 municípios (Salvador, Feira de Santana, Ilhéus e Itabuna) enquanto no Ceará, pesquisamos os municípios de Fortaleza, Quixadá e Sobral. Os municípios foram escolhidos a partir de critérios técnicos relacionados principalmente a uma avaliação positiva em torno do processo de implementação do PROINFO. Optamos pela utilização de observações e entrevistas semi-estruturadas com professores-multiplicadores dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE), técnicos das secretarias estaduais e municipais, diretores e professores das escolas públicas, bem como com professores dos Cursos de Especialização em Informática Educativa oferecidos aos multiplicadores. As entrevistas foram todas transcritas e tematizadas tendo como norte as categorias de análise definidas inicialmente e melhor delineadas a partir dos achados do trabalho de campo. Foram realizadas 30 entrevistas que se constituem a base para a análise qualitativa que realizamos e as conclusões a que chegamos. |
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RESULTADOS:
As entrevistas realizadas indicam que a formação docente carece de um aprofundamento no tocante à utilização das tecnologias no cotidiano pedagógico do professor. Tal aprofundamento requer a ampliação e direcionamento das políticas públicas de educação que contemplem estas demandas cotidianas, no sentido de possibilitar não apenas o acesso a estas novas mídias e tecnologias, mas principalmente à capacitação como forma de dar a este trabalho a qualidade desejada pelo sistema. Para os professores e técnicos do PROINFO na BA e CE, falta “vontade política” ao Poder Público para que essa qualidade se materialize no cotidiano das escolas. Os sujeitos entrevistados demonstram, ainda, um certo desalento com o futuro das escolas no tocante a uma utilização consistente destas tecnologias que o PROINFO possibilitou. Isso porque a promessa de capacitação dos professores se frustrou em boa parte dos municípios que foram abordados pela pesquisa. Os sujeitos indicam, também, que à despeito do descaso e falta de investimento do poder constituído na capacitação dos professores, as escolas têm realizado algumas ações relevantes como fruto da “consciência” em torno da importância de facilitar aos alunos o acesso a tais possibilidades tecnológicas e midiáticas. Tais ações acontecem, via de regra, por iniciativa pessoal de alguns professores e diretores que “vencendo as barreiras” realizam projetos pedagógicos que influenciam positivamente o processo ensino-aprendizagem. |
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CONCLUSÕES:
A formação docente tem sido exaltada como a panacéia para todos os males da educação pública brasileira. Este tem sido o discurso recorrente de autoridades governamentais e técnicos das secretarias de educação. A prática concreta, porém, demonstra que esta formação tem carecido de: 1. continuidade das políticas de formação inicial e continuada; 2. constância no acompanhamento do trabalho pedagógico; e 3. um investimento efetivo em capacitações vinculadas às necessidades reais do cotidiano pedagógico do professor. A avaliação dos sujeitos entrevistados revela que as ações do PROINFO vinculadas à formação docente se caracterizam pela descontinuidade, falta de investimento e apoio por parte do poder público, bem como pela falta de clareza na definição das metas para o sistema. A “modernização” das escolas públicas brasileiras tem esbarrado nas dificuldades de natureza política e estrutural. A falta de uma efetiva política de formação tem conduzido os professores à adoção de estratégias pontuais na manutenção dos NTE e dos projetos lá gestados. O caráter burocrático imposto aos Laboratórios do PROINFO tem desencadeado uma descrença generalizada acerca da utilização pedagógica das tecnologias. Apesar disto, percebemos que existe uma crescente “consciência” por parte dos professores, diretores e técnicos das secretarias de educação em torno do potencial que estas tecnologias educacionais encarnam no sentido da melhoria da qualidade do trabalho do professor. |
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Instituição de fomento: Fundação Cearense de Apoio à Pesquisa (FUNCAP) e CAPES (Programa de Apoio à Pesquisa em Educação a Distância-PAPED). | ||
Palavras-chave: Formação Docente; Políticas Públicas; Tecnologias. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |